Os golpes envolvendo Pix chegaram a 28 milhões de casos em 2025, de acordo com levantamento da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP). Diante deste cenário, os serviços financeiros, as fintechs e as marcas enfrentam uma ameaça crescente que vai além de um único meio de pagamento que envolve a evolução das táticas de fraude, cada vez mais sofisticadas e apoiadas em engenharia social, além de deep fakes, contas laranja e automação criminosa. Somente neste ano, foram identificados também 2,7 milhões de golpes em compras online, 1,6 milhão de fraudes via WhatsApp e 1,5 milhão de casos de phishing (e-mails/mensagens falsas para roubo de dados).
O mesmo estudo mostra que as fraudes financeiras representam cerca de 47% de todos os crimes digitais registrados no país. A faixa etária mais atingida são pessoas com mais de 50 anos, concentrando cerca de 53% das vítimas. Em 2024, estimativas de perdas financeiras associadas a esses golpes variaram de R$ 10 bilhões a R$ 112 bilhões, valor que pode ser ainda maior até o encerramento de 2025 devido à subnotificação.
Segundo Abdul Assal, diretor de desenvolvimento de negócios da Galileo no Brasil, deve ser adotada uma abordagem ampla e coordenada. “O foco não deve ser apenas proteger um método de pagamento, mas construir um ecossistema digital capaz de antecipar, detectar e neutralizar ameaças em tempo real. A fraude se reinventa todos os dias, e nossa estratégia precisa evoluir na mesma velocidade.”
A solução passa por investimentos em autenticação avançada baseada em risco, análise comportamental contínua, monitoramento de transações e estruturas robustas de dados integrados entre instituições. A educação do consumidor também é decisiva, já que grande parte dos golpes explora vulnerabilidades humanas, não falhas tecnológicas.
“Nenhuma empresa combate o crime sozinha. A integração entre instituições financeiras, fintechs, autoridades e provedores de tecnologia é essencial para reduzir brechas e aumentar a eficácia das respostas”, comenta Abdul.
Nos próximos meses, a expectativa é que organizações intensifiquem o uso de inteligência artificial defensiva, capaz de detectar anomalias em milissegundos e cruzar dados de múltiplas fontes para identificar perfis de risco antes que a fraude aconteça. Esse movimento deve acelerar a migração para arquiteturas mais flexíveis e escaláveis, essenciais para acompanhar o volume crescente de transações digitais no país.
Outro ponto fundamental é o fortalecimento de programas de educação digital voltados a públicos vulneráveis como idosos, novos usuários de serviços financeiros e pequenos empreendedores. Iniciativas de comunicação mais claras, campanhas contínuas e cooperação com entidades públicas podem reduzir significativamente a taxa de sucesso dos golpes baseados em engenharia social.
A Galileu mostrou, por meio do seu estudo Technical Inclusion Index, uma lacuna significativa entre as metas de transformação digital e a realidade de implementá-la. Embora 95% dos líderes de tecnologia brasileiros considerem relevante atualizar sistemas para acomodar um conjunto mais diverso de clientes, menos de um em cada cinco (19,6%) acredita ter capacidade de lançar um novo recurso inclusivo “com muita facilidade”.
“A modernização de infraestruturas legadas deve se tornar prioridade absoluta em 2026”, comenta Abdul. Para ele, os sistemas antigos, fragmentados e com baixa interoperabilidade ampliam brechas de segurança e dificultam respostas rápidas, tornando as instituições mais suscetíveis a ataques sofisticados. Além disso, ao tratar segurança como parte central da experiência do cliente, empresas conseguem reduzir perdas, fortalecer a confiança do público e criar uma base mais resiliente para inovação. “Vencer a fraude moderna depende de cultura preventiva, infraestrutura sólida e inovação constante”, conclui Abdul.
