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Furacão Melissa: seguro inovador de US$ 150 milhões busca mitigar perdas bilionárias na Jamaica

Furacão Melissa no Caribe em 29 de outubro de 2025 / Foto: NOAA/CIRA
Furacão Melissa no Caribe em 29 de outubro de 2025 / Foto: NOAA/CIRA

Análise da Aon revela que, enquanto a tempestade ameaça o continente, um mecanismo financeiro é ativado para evitar a repetição do caos econômico causado pelo Furacão Gilbert, que deixou um prejuízo de US$ 4,1 bilhões

Enquanto o Furacão Melissa avança com força total, as preocupações vão além dos danos físicos imediatos. A grande questão que paira sobre a Jamaica é se o país conseguirá evitar um colapso financeiro como o que se seguiu ao devastador Furacão Gilbert em 1988. Naquela época, os prejuízos econômicos atingiram a cifra de US$ 4,1 bilhões, mas apenas uma pequena fração, US$ 215 milhões, estava coberta por seguros, deixando o país com uma enorme lacuna de proteção.

Hoje, uma nova estratégia está sendo testada em tempo real. Um seguro inovador, conhecido como “título de catástrofe”, no valor de US$ 150 milhões, está prestes a injetar fundos de emergência na economia jamaicana. Especialistas da Aon, que estruturou o mecanismo, afirmam que o sistema foi projetado exatamente para situações como esta.

“À medida que o Furacão Melissa atinge o continente, Gilbert serve como um parâmetro de alerta”, afirma Dan Hartung, Chefe Global de Resposta a Eventos na Aon. “Dados históricos de perdas mostram que, embora o custo econômico de grandes furacões possa ser severo, as perdas seguradas frequentemente representam apenas uma pequena fração do dano total. Mecanismos como o título de catástrofe da Jamaica ajudam a preencher essa lacuna ao fornecer financiamento imediato”.

Como o seguro paramétrico acelera a recuperação

Diferente de um seguro tradicional, que exige uma avaliação demorada dos estragos para liberar o pagamento, este modelo funciona de forma paramétrica. Isso significa que o pagamento é acionado automaticamente quando um parâmetro físico da tempestade, como a pressão atmosférica, atinge um nível pré-determinado.

E é exatamente o que está acontecendo. Dados do Centro Nacional de Furacões mostram que a pressão do Melissa caiu abaixo de 900 milibares, um sinal claro da intensidade da tempestade.

“Esse nível de intensidade poderia acionar um pagamento de 100% [dos US$ 150 milhões], uma vez que seja confirmado por um revisor independente”, explica Chris Lefferdink, Head de Insurance Linked Securities para a América do Norte na Aon. “Isso mostra que a transação está cumprindo o que foi projetada para fazer: levar fundos essenciais ao país rapidamente após um grande desastre”.

Essa rapidez é o grande diferencial. Ao transferir o risco da tempestade para investidores globais, o país garante acesso a um capital vital para iniciar a reconstrução de infraestrutura, apoiar a população e estabilizar a economia muito antes do que seria possível por meios convencionais.

Fechando a lacuna de proteção

O caso da Jamaica ilustra um desafio global, especialmente em regiões vulneráveis a eventos climáticos extremos. A baixa penetração de seguros deixa comunidades e governos expostos ao impacto financeiro total das catástrofes.

“Parcerias público-privadas como a da Jamaica continuam a destacar como o seguro paramétrico pode oferecer alívio rápido e transparente”, comenta Lefferdink. Ele ressalta que a confiança neste tipo de solução é crescente, com o mercado global de títulos de catástrofe crescendo mais de 50% desde 2022, atingindo quase US$ 55 bilhões.

Para a Jamaica, a lição deixada por Gilbert foi dura, mas impulsionou a busca por soluções mais resilientes. Com o Furacão Melissa, o país não está apenas enfrentando uma tempestade, mas também validando uma estratégia financeira que pode definir o futuro da gestão de desastres em todo o mundo.

*Com informações de Aon

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