Gallagher lança relatório global de seguros na mineração e prevê leve redução de taxas, após anos de crescimento

Cristiane Alves, head de mineração da Gallagher Brasil / Foto: Divulgação
Cristiane Alves, head de mineração da Gallagher Brasil / Foto: Divulgação

Segundo o estudo, a queda se deve a entrada de nova capacidade no mercado, em 2024, e ao aumento do apetite entre as seguradoras

A Gallagher, uma das principais corretoras de seguros, gestão de riscos e consultoria do mundo, acaba de lançar um relatório global, elaborado pelos escritórios do Brasil e de Londres, apresentando um panorama sobre o mercado segurador com foco em mineração. Segundo a corretora, as renovações do primeiro trimestre, neste setor, fornecem uma previsão sólida para o restante do ano, com sinalização de manutenção de taxas a agravos menos agressivos se comparado a anos anteriores. É possível inclusive ver riscos bem gerenciados e sem sinistros, alcançado descontos na renovação de suas apólices.

O relatório aponta ainda que os subscritores de risco continuarão a focar em elementos de engenharia e qualidade de risco, influenciados por cenários recentes de sinistros e segurança de suprimentos. A invasão da Rússia à Ucrânia e a instabilidade política e civil em territórios como África do Sul, Estados Unidos e Peru, também impactam diretamente na análise do risco para o mercado de mineração. Assim como as greves trabalhistas do setor, em prol de melhores condições e salários, e as eleições em mais de 40 países, previstas para 2024.

“As seguradoras também têm reavaliado certos elementos de clausulado, em particular, definições de enchentes, margens de preços de commodities ou volatilidade de interrupção de negócios (BI). Exceto por eventos significativos de perda no mercado de mineração, prevemos um ano otimista para o setor, com boas projeções e apólices diversificadas”, reforça Cristiane Alves, head de mineração da Gallagher Brasil.

As credenciais de ESG para avaliação dos riscos também aparecem na análise. “Do lado de investimentos, instituições internacionais que atuam fortemente em outros países, têm contribuído localmente com o amadurecimento das práticas voltadas para os aspectos ambiental, social e de governança. A necessidade de atender os anseios por uma economia verde também tem gerado maior comprometimento por parte das mineradoras. Para esta indústria, a missão é ser verde em suas operações e entregar produtos verdes para o mundo”, comenta a executiva.

O relatório também faz um alerta para o risco das mudanças climáticas e o impacto que essas alterações já estão causando nas operações de mineração em todo o mundo. “Vimos recentemente o que aconteceu no Sul do país e tantos outros casos atípicos, reforçando a necessidade de estarmos cada vez mais atentos à nova realidade que se apresenta, com uma avaliação personalizada e conhecimento técnico necessário para compreender as necessidades dos clientes”, comenta Cristiane.

Como é de conhecimento do setor, nos últimos seis anos houve uma redução significativa da capacidade de produção do carvão, resultando em uma demanda maior do que a oferta. Paralelamente, as avaliações do mercado segurador para o uso do carvão térmico ainda continuam inflacionadas e, consequentemente, pouco utilizadas pelos clientes. Com isso, muitos já estão utilizando medidas proativas, como a implantação das cativas e a transferência de risco alternativa. A corretora indica ainda que há sinais de que a capacidade de resseguro para o carvão possa estar diminuindo, fazendo com que os clientes busquem a autossuficiência a longo prazo.

Segundo o relatório, os clientes também podem esperar uma leve redução nos aumentos de taxas para Responsabilidade Civil, após vários anos de crescimento. “Essa queda se deve a entrada de nova capacidade no mercado em 2024 e um aumento do apetite entre as seguradoras existentes, à medida em que retornam a mercados e territórios aos quais tinham se afastado nos últimos 12 meses”, pondera a executiva. A análise também traz a notícia positiva sobre dois novos entrantes no mercado, focado exclusivamente em riscos africanos.

Mercado brasileiro com boas projeções

Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), receberá um investimento aproximado de US$ 64 bilhões até 2028, destinados a atender a transição energética e nossas reservas em níquel, terras raras, nióbio, lítio, cobre entre outros. Os investimentos devem gerar ainda mais oportunidades para o mercado segurador com novas possibilidades de negócios e aprimoramento das apólices. “As mineradoras que demonstram maior amadurecimento na sua gestão de riscos e governança vêm buscando melhorar suas proteções securitárias. Os seguros de Riscos Operacionais e Responsabilidade Civil, acompanhados do seguro de D&O tem sido os mais contratados entre os nossos clientes. Cyber e Risco Ambiental também estão na lista. Os seguros de Riscos de Engenharia com ALoP (Advanced Loss of Profit) juntamente com o Project Cargo com DSU (Delay in Start up) também têm função importantíssima, pois mantém protegido o lucro esperado, caso o ocorra algum evento na obra ou no transporte de equipamentos, comprometendo o início das operações na data programada”, analisa Cristiane.

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