A saúde bucal influencia diretamente no bem-estar geral. No entanto, para pessoas com aumento gengival, manter a higiene oral pode ser um desafio maior, trazendo desconforto na mastigação, dificuldades na fala e acúmulo de resíduos durante a escovação. Em situações como essa, a gengivoplastia pode ser uma alternativa eficaz.
O procedimento consiste em um recurso cirúrgico que pode ser aplicado em diferentes técnicas periodontais, com o objetivo de aumentar ou reduzir o volume gengival, podendo ou não envolver alterações ósseas. Atualmente, o termo tem sido mais associado ao contorno estético da gengiva, indicado para casos em que os dentes aparentam ser muito pequenos ou quando há excesso de gengiva visível no sorriso, conhecido como “sorriso gengival”.
O presidente da Câmara Técnica de Periodontia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dr. Marcelo Cavenague, ressalta que cada caso deve ser avaliado criteriosamente. “Pacientes que tenham a queixa do sorriso gengival devem passar por uma avaliação cuidadosa para saber se podem realizar o procedimento, visto que ele nem sempre é favorável, pois pode ocasionar um resultado fora das expectativas do paciente”, diz o especialista.
Requisitos para a realização
Entre os pré-requisitos para a gengivoplastia estão a saúde periodontal adequada e a ausência de perdas ósseas significativas. Casos de perda mínima ainda podem permitir resultados satisfatórios, mas pacientes com perdas extensas ou irregulares podem não alcançar o efeito estético esperado.
Impactos e benefícios
Além da questão estética, o procedimento traz ganhos funcionais importantes, como a facilidade de acesso para higienização de áreas da boca que antes eram difíceis de limpar. Em muitos casos, também promove impacto positivo na autoestima dos pacientes.
“Como qualquer cirurgia, apresenta os riscos normais de dor pós-operatória, sangramento, infecção, todos facilmente controlados quando o paciente segue as orientações. O problema maior é que, quando mal avaliado e indicado, o procedimento pode resultar em um contorno gengival diferente do esperado. Situação bastante ruim, pois pode ser irreversível”, explica o cirurgião-dentista Dr. Marcelo Cavenague.
O especialista ainda lembra que a indicação estética deve ser cuidadosamente considerada. “Fisiologicamente o paciente pode não precisar dela, porém pode trazer impactos psicológicos significativos. O foco principal deve estar relacionado a casos de aumento de volume gengival, em que o procedimento promove a redução da gengiva permitindo o acesso a áreas dos dentes que o paciente não alcançava antes.”
Mudanças no sorriso
Segundo o integrante do CROSP, nem sempre ocorrem mudanças radicais no sorriso. “Em alguns casos, não se tem grande quantidade de gengiva interferindo no sorriso, mas podemos obter pequenas mudanças, que já são suficientes para o paciente. Em outros casos, quando o volume é maior, podemos ter grande mudança na aparência. Tudo vai depender da situação do paciente e da correta avaliação e indicação feita pelo profissional”, finaliza o cirurgião-dentista.