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Gestora de FIDCs cria solução para seguir captando mesmo com IOF

Foto por: krakenimages/ Unsplash Images
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Ouro Preto Investimentos fez primeira captação com rentabilidade antecipada para neutralizar impacto do imposto

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes de restabelecer os efeitos do decreto presidencial que aumentou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) tem efeito retroativo até 11 de junho, com a exceção da operação de antecipação a fornecedores conhecidas como risco sacado e deve gerar nova paralisação do mercado. Nas últimas semanas, o mercado de Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) foi um dos mais afetados pelo cenário de incerteza entre a incidência ou não do IOF e se manteve em compasso de espera para novas captações.

Para seguir captando, a equipe de gestão da Ouro Preto Investimentos desenvolveu uma solução intitulada “Pump Day”  para neutralizar o impacto inicial do IOF, evitando a queda de rentabilidade no primeiro dia provocada pelo imposto e a consequente volatilidade nos preços das cotas. “Nossa estratégia consiste em gerar, logo de imediato, um retorno acima de 0,38%, compensando o valor do imposto. A rentabilidade diária é, então, ajustada ao longo do tempo”, explica Leandro Turaça, sócio-gestor da Ouro Preto Investimentos, uma das maiores gestoras de FIDCs do país, com mais de 100 FIDCs e patrimônio sob gestão de R$ 12 bilhões.

Por exemplo, em uma cota de FIDC com retorno de CDI + 5% ao ano, o rendimento no primeiro dia seria de aproximadamente 0,4%, superando o valor impactado pelo IOF e garantindo rentabilidade líquida positiva. O restante do retorno seria distribuído proporcionalmente ao longo de 12 meses com rentabilidade de CDI +4,60% ao ano.

A primeira captação de FIDC com esse modelo já foi testada com sucesso, com oferta inicial de R$ 25 milhões através do IOX I Fundo de Investimento em Direitos Creditórios. Lançada em 11 de julho, em uma captação que ocorreu em poucos dias. “O mercado de FIDC precisará se reinventar e criar novos modelos de oferta, uma alternativa que vem como solução para a situação atual. Já testamos este modelo junto ao administrador para ajustar o sistema e rodar sem percalço”, afirma Turaça.

A gestora também está em fase final de validação junto com o administrador para lançar uma oferta “Pump Day” para FIDCs abertos. Nestes casos, uma valorização de cota maior no primeiro dia, exige uma taxa de saída se o resgate ocorrer antes de 12 meses. “Essa nova estrutura criada pela Ouro Preto é uma solução crucial nesse momento, se tornando um modelo referência no mercado de fundos, modelo esse que a indústria de fundos deve passar a seguir como solução viável dado o cenário”, diz.

Turaça lembra que o mercado se encontra em um momento delicado, o que levou muitos fundos de investimento que compram cotas de FIDCs a suspenderam as captações. A alíquota prevista de 0,38% incide tanto sobre o investidor inicial quanto sobre a operação dentro dos fundos (quando compram cotas de outros fundos), o que leva à bitributação, já que fundos de investimento sempre foram, em regra, isentos de impostos sobre operações internas. A exceção fica para os fundos que atuam exclusivamente com risco sacado.

Por esse motivo, desde a publicação do Decreto 12.499/2025 em 11 de junho, uma quantidade expressiva de recursos permaneceu represada. Antes da mudança, o mercado de FIDCs vinha captando estimados R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões por mês.

A solução lançada pela Ouro Preto visa evitar uma possível paralisação da indústria, que pode ter efeitos graves na economia produtiva. “O fluxo de caixa de empresas que dependem desse tipo de crédito originado pelos FIDCs seria severamente afetado”, afirma. A estimativa do setor é de que mais de três milhões de empresas, que utilizam FIDCs para financiar suas operações, podem ser atingidas pela escassez de crédito se o mercado desacelerar quanto a captação de recursos que fomentam esse tipo de operação. Uma das consequências é um provável aumento da inadimplência e dos pedidos de recuperação judicial. Dados do Serasa mostram que mais de 6 milhões de empresas já estão inadimplentes.

Segundo o empresário Richard Ionescu, consultor do fundo IOX I FIDC, conseguir uma saída para continuar captando sem provocar a volatilidade do fundo é um alívio. “A saída encontrada permitirá que as gestoras continuem captando para financiar a atividade produtiva. O modelo já foi testado e aprovado pelo mercado”, lembra.

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