Entre julho de 2024 e junho de 2025, 24 milhões de brasileiros foram vítimas de fraudes financeiras envolvendo Pix ou boletos, com prejuízo estimado em R$ 29 bilhões. Diante desse cenário, soluções de microsseguro focadas nas transações do dia a dia ganham terreno. Em entrevista ao Universo do Seguro, José Eduardo Maiorano, diretor Comercial de Parcerias da AXA no Brasil, demonstra como funciona o Seguro Pix, o perfil do consumidor que busca a cobertura e o que vem pela frente na proteção contra golpes virtuais.
Engenharia social puxa a fila dos golpes
Para Maiorano, as quadrilhas evoluíram o roteiro, mas continuam a explorar um ponto sensível: pessoas sob pressão e urgência. “O Brasil tem registrado um crescimento no número de fraudes e golpes através de Pix. Entre os golpes já mapeados, a maioria se baseia em táticas de engenharia social, que exploram a confiança e a urgência das vítimas, e utilizam o Pix como principal meio de transferência”, afirma.
Os formatos mais frequentes incluem clonagem de WhatsApp para pedir dinheiro a contatos em supostas emergências, falsa central de atendimento (criminosos se passam por bancos para induzir a vítima a transferir valores ou fornecer dados sensíveis) e phishing e anúncios falsos em lojas virtuais. “Importante reforçar que, até agora, os seguros Pix têm como foco principal a proteção contra transações feitas sob violência, ameaça ou coação”, ressalta.
Como atua o Seguro Pix da AXA no Brasil
A AXA no Brasil desenvolveu um microsseguro específico para o contexto de pagamentos instantâneos. “No caso das fraudes via Pix, a AXA desenvolveu o Seguro Pix, um microsseguro criado há cerca de cinco anos para ampliar a proteção a usuários em situações de perdas financeiras decorrentes de transações irregulares. As coberturas foram revisitadas e atendem casos de sequestro relâmpago, coação ou extorsão”, explica o executivo.
Segundo José Eduardo Maiorano, o produto acompanha a inovação dos meios de pagamento. “O produto está em constante atualização, para acompanhar a evolução tecnológica. Nosso objetivo é ampliar o acesso à proteção e garantir mais tranquilidade para o consumidor nas suas transações do dia a dia”.
Quando acionar
O gatilho é a transação sob violência, ameaça ou coação – como em sequestro relâmpago ou extorsão. O segurado deve seguir o procedimento descrito na apólice e nos canais do parceiro distribuidor.
Quem mais contrata
O Seguro Pix da AXA no Brasil é distribuído por parcerias (como bancos e fintechs) e tem foco em pessoa física. “Embora exista uma demanda crescente por seguros cibernéticos para empresas, o produto é um nicho criado e popularizado pelos bancos e fintechs, focado nas transações do dia a dia do consumidor final”, diz Maiorano. Sobre o perfil, o especialista acrescenta: “Vemos que esse é um seguro que atrai um usuário frequente de transações digitais, em geral com renda mensal entre R$ 3 mil e R$ 6 mil por mês”.
Prevenção continua sendo a primeira barreira
Maiorano enfatiza que seguro não substitui boas práticas. “O seguro é o último nível de proteção. É preciso um checklist e ações preventivas para que o sinistro seja evitado”, afirma. Entre os cuidados indispensáveis, o diretor Comercial de Parcerias da AXA no Brasil revela: “As principais recomendações são sempre a pessoa se assegurar que esteja falando com um número conhecido, não acessar nenhum link e não passar seus dados pessoais em contatos do suposto banco”.
O que checar antes de contratar
- Cobertura, franquias e limites aplicáveis ao produto escolhido.
- Condições e formas de acionar o sinistro junto ao parceiro distribuidor.
- Leitura atenta da apólice. “Ela contém todas as condições, direitos e deveres tanto do segurado quanto da seguradora – e tire suas dúvidas com o corretor”, orienta o executivo.
O que vem aí: do corporate ao varejo
A tendência, segundo o especialista, é a popularização do seguro cibernético para além das grandes empresas. “Diferente do seguro Pix, o seguro cyber ainda não está amplamente difundido no Brasil, principalmente entre pequenos e médios empresários. Na AXA temos o seguro de riscos cibernéticos que atende a esses públicos, assim como grandes companhias. Entendo que com o avanço da tecnologia, muito em breve, esse será também um produto consumido por pessoas físicas”.
Ainda assim, José Eduardo Maiorano deixa um alerta final: “O seguro pode cobrir o custo financeiro desses golpes, mas existe uma série de perdas – como a reputação, em caso de empresas – que o seguro não dará conta”.