Confira artigo de Izabela Rücker Curi, advogada, sócia fundadora do Rücker Curi – Advocacia e Consultoria Jurídica e da Smart Law
A Governança Corporativa pode ser considerada a espinha dorsal da confiança de uma empresa para o mercado de capitais. Quando praticada de maneira sólida, ela permite um ambiente de maior segurança tanto para os acionistas quanto para o mercado em geral, o que acaba sendo refletido diretamente na valorização das organizações. Há menor percepção de risco associado às mesmas, maior previsibilidade de desempenho financeiro e aumento na confiabilidade de informações.
No mundo atual, a adoção de boas práticas – principalmente as relacionadas à ESG (Environmental, Social, Governance) – tem sido encarada como exigência crescente dos grandes fundos de capitais. Empresas com ações robustas de governança têm maior capacidade de atração de investidores e compradores com disposição para pagar múltiplos mais elevados, além de acumularem menor custo de capital. Isto pode ser observado através de exemplos apresentados não apenas por marcas de sucesso estrangeiras, mas também pelas brasileiras.
Rankings recentes, como o Merco Responsabilidade ESG, apontam Natura, Grupo Boticário, Ambev, Mercado Livre e Banco do Brasil como as cinco empresas mais sustentáveis do país. Porém, existem outras organizações frequentemente citadas quando o assunto é melhoria na governança corporativa aliada à atração de investimentos e reconhecimento. Como exemplo: Localiza e Unidas, Movin e Mercado Livre.
O sucesso dessas organizações não é segredo. O fato é que boas práticas sinalizam que a empresa é bem gerida no longo prazo. Princípios do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) firmam a confiança dos investidores em quatro pilares: Transparência (Disclosure), Equidade (Fairness), Prestação de Contas (Accountability) e Responsabilidade Corporativa (Sustainability).
Através da transparência, a empresa se compromete a divulgar informações relevantes (não apenas as exigidas por lei) sobre sua performance financeira, não financeira e estrutura de governança. Isso atrai investidores por que os mesmos passam a ter acesso a dados claros e tempestivos, o que lhes permite realizar uma análise mais precisa do valor e do potencial da empresa. O risco de surpresas desagradáveis ou de que a administração esteja escondendo problemas é minimizado.
A equidade garante tratamento justo e igualitário a todos os sócios e demais stakeholders (partes interessadas), independentemente da participação no capital. Quando existe preocupação em relação à proteção de minoritários, todos os investidores se sentem mais seguros. Eles enxergam que seus direitos serão respeitados e que muito provavelmente a diretoria não tomará decisões em benefício próprio, lesando os demais.
A responsabilidade em relação à prestação de contas realizada pelo conselho de administração e pela diretoria estabelece responsabilidades claras e mecanismos de fiscalização – como por exemplo auditorias independentes, o que assegura que a gestão esteja alinhada aos interesses dos proprietários.
Já a responsabilidade corporativa significa que os líderes da empresa devem zelar pela viabilidade econômico-financeira da organização no longo prazo, incorporando em suas decisões considerações relacionadas à ESG. Ela demonstra que a gestão está focada na mitigação constante de riscos, garantindo sustentabilidade com o passar do tempo.
Em resumo, Governança Corporativa é sinônimo de segurança e previsibilidade no ambiente de investimentos. As empresas fortalecidas nesta área desfrutam de vantagens que se traduzem em maior atratividade de capital; menor risco de fraudes e escândalos; melhor desempenho financeiro; redução do custo de capital; e foco de investidores institucionais.
