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Gustavo Leança: Open Insurance pode ganhar fôlego com ajustes regulatórios e mudança de mindset

Gustavo Leança, Director for Insurance at Capgemini Brasil / Foto: Reprodução
Gustavo Leança, Director for Insurance at Capgemini Brasil / Foto: Reprodução

Diretor de Seguros da Capgemini vê tema fora da agenda estratégica das seguradoras e defende que mercado pare de enxergar o OPIN apenas como “fardo regulatório”

O Open Insurance vive um ano de freio puxado no Brasil. A avaliação é de Gustavo Leança, Director for Insurance at Capgemini Brasil, que comenta os resultados da 4ª edição do estudo “Análise de Mercado do Open Insurance 2025” (OPIN), divulgado nesta quarta-feira (19). Segundo o executivo, 2025 marca uma clara desaceleração do tema dentro das seguradoras, com impacto direto na forma como o mercado enxerga a iniciativa.

“Em 2025 a gente tem, de fato, um ano de desaceleração do Open Insurance. O tema sai da agenda estratégica dos executivos de mercado”, afirma Leança. Ele aponta três vetores principais para esse cenário: a necessidade de ajustes regulatórios, a competição com outros temas relevantes na agenda da Superintendência de Seguros Privados (Susep) – como Lei das Mútuas e marco legal de seguros – e a falta de visibilidade de retorno por parte das empresas. “O Open Insurance está muito caro para as seguradoras e está faltando visibilidade. Isso tira o tema da pauta estratégica”, indica.

Saiba mais: Impactos do Open Insurance ficam para 2027/2028, aponta estudo da Capgemini Brasil

Os dados do estudo refletem essa percepção: parte relevante dos 147 executivos ouvidos entende que o Open Insurance ainda não gerou impacto consistente no dia a dia dos negócios. Com isso, as expectativas também foram empurradas para frente. “No relatório anterior, a percepção era de impactos a partir de 2025 e 2026. Agora, o mercado passa a enxergar efeitos mais concretos só a partir de 2027 e 2028”, explica o diretor.

Apesar do cenário de esfriamento, Leança destaca que há movimentos em curso que podem recolocar o OPIN em rota de crescimento. Um deles é a retomada da agenda regulatória. “A Susep começou a chamar grupos de trabalho agora no final de 2025. Esses grupos devem evoluir em 2026 e o objetivo é justamente identificar quais são os ajustes institucionais necessários. A gente entende que esse movimento é essencial: o Open Insurance não vai evoluir se não houver essa evolução regulatória”, menciona.

No estudo, a Capgemini organiza essa frente sob o conceito de “pauta institucional”, elencando oito temas que deveriam estar no centro do debate entre regulador e mercado. Mas, para o executivo, só isso não basta. “Não adianta resolver a pauta institucional se as empresas continuarem enxergando o Open Insurance apenas como um fardo regulatório. É preciso uma mudança de mindset, olhar o OPIN como oportunidade”, reforça.

Veja também: Manuel Matos vê estudo sobre Open Insurance da Capgemini como validação do PDMIS da Fenacor

Para apoiar essa virada de visão, o relatório traz 10 insights práticos sobre como gerar valor com o compartilhamento de dados – seja atraindo consentimento, destravando novas receitas ou aumentando eficiência operacional. Como ainda não há casos maduros no Open Insurance brasileiro, parte das lições vem do Open Banking. “A ideia é ajudar as empresas a gerarem resultado desde já, usando aprendizados de outros segmentos da economia aberta de dados”, explica Leança.

Outro ponto de destaque é a integração entre Open Insurance e Open Finance, vista pelos executivos como um passo natural e altamente promissor. “Essa integração é percebida como algo que vai agregar muito valor, e a própria Susep já coloca isso no radar para os próximos anos”, observa. Mesmo assim, ele lembra que o mercado não deve ficar paralisado esperando essa próxima fase. “Enquanto você não tem essa integração, já pode trabalhar com os dados do Open Insurance, que são bastante valiosos”.

Na visão de Leança, o recado do estudo é claro: o Open Insurance atravessa um momento de ajuste e revisão de expectativas, mas o potencial de transformação permanece intacto. A diferença estará entre quem tratar o OPIN apenas como obrigação regulatória – e quem conseguir transformar dados em negócios, relacionamento e eficiência.

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