Cardiopatias estão entre as principais complicações destes nascimentos; Acompanhamento pré-natal adequado é a forma mais eficaz de prevenir esses quadros e reduzir a mortalidade neonatal
O Novembro Roxo é o mês de conscientização sobre a prematuridade, a principal causa de mortalidade infantil global. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil a taxa de nascimentos prematuros alcançou cerca de 11% em 2023, e em 2024 os dados preliminares apontam para aproximadamente 10%.
A campanha reforça a necessidade de realizar o acompanhamento pré-natal para prevenir a condição, a mortalidade neonatal e a incidência de riscos associados, como as cardiopatias congênitas ou adquiridas em prematuros, que frequentemente requerem cirurgia cardíaca infantil.
Caroline Caron, médica pediatra do Hospital Angelina Caron (HAC) e coordenadora da pediatria da instituição, lembra que esses bebês exigem assistência intensiva e multidisciplinar de alta complexidade, o que demanda estrutura hospitalar e equipe especializada.
Segundo ela, os avanços tecnológicos aumentaram a sobrevida de recém-nascidos extremamente imaturos, mas essa conquista vem acompanhada do desafio de oferecer cuidado contínuo, com suporte técnico e emocional à família.
Risco cardíaco em prematuros
Os prematuros têm maior risco de cardiopatias congênitas porque muitos nascem antes da conclusão do desenvolvimento cardíaco fetal. Também são mais vulneráveis a alterações adquiridas, como o canal arterial persistente, comum nesses bebês pela imaturidade dos mecanismos de fechamento do ducto arterioso.
Entre as demais complicações mais frequentes estão hipertensão pulmonar persistente, insuficiência cardíaca e disfunções metabólicas que sobrecarregam o sistema cardiovascular. “O ecocardiograma é o principal exame para identificar cardiopatias em prematuros e, muitas vezes, é realizado ainda na UTI neonatal”, explica a Dra. Caroline.
Detectar precocemente, ressalta, permite intervir a tempo, evitando falência cardíaca e sequelas neurológicas. “Quanto mais cedo o bebê é tratado, maior a sobrevida e melhor o desenvolvimento”.
Cuidado multiprofissional é fundamental
Entre as fases de diagnóstico e tratamento, a integração entre neonatologia, cardiologia, cirurgia, enfermagem, fisioterapia, nutrição e psicologia assegura um cuidado contínuo e centrado no bebê e na família. “A decisão cirúrgica é sempre compartilhada entre neonatologistas, cardiologistas e cirurgiões cardíacos, e envolve diálogo constante com a família”, reforça.
O Hospital Angelina Caron se destaca por reunir estrutura moderna, equipe multiprofissional altamente especializada e abordagem humanizada. “A presença de UTI neonatal equipada, ecocardiografia à beira do leito e equipe de cirurgia cardíaca pediátrica de prontidão garante resposta rápida a emergências”, completa a médica.
Após a cirurgia, o bebê recebe monitoramento contínuo, fisioterapia precoce, suporte nutricional e acompanhamento ecocardiográfico para garantir recuperação plena e desenvolvimento saudável. “Esses pacientes passam por seguimento ambulatorial multidisciplinar, com revisões periódicas em cardiologia pediátrica, fisioterapia, fonoaudiologia e nutrição. O objetivo é identificar precocemente sequelas e estimular o desenvolvimento global”.
Acolhimento e cuidado humanizado
Além da alta tecnologia, o hospital reforça a importância do vínculo emocional no tratamento. “O nascimento prematuro e a cirurgia cardíaca geram intensa ansiedade nos pais. Por isso, trabalhamos com acolhimento ativo e comunicação transparente, envolvendo os familiares nas decisões e no cuidado diário do bebê”, menciona a Dra. Caroline Caron. “O cuidado humanizado é o elo entre a tecnologia e a sensibilidade. Ele reconhece o bebê como um ser integral e a família como parte essencial do tratamento”, acrescenta.
Práticas como o método canguru e o contato pele a pele são incentivadas, pois favorecem o ganho de peso, a estabilidade cardiorrespiratória e fortalecem o vínculo afetivo – fatores que fazem toda a diferença na recuperação.
