Marcada para o final deste ano no Brasil, a COP30 ocorre em um momento estratégico para impulsionar soluções inovadoras de seguro climático
A Howden Re, o braço global de resseguros e consultoria estratégica da Howden, publicou sua quarta edição do relatório Brasil e os Impactos Climáticos Globais, em colaboração com a MeteoIA, empresa líder em análise climática. Esse relatório oferece uma visão detalhada da evolução das condições climáticas do Brasil por meio de uma visão geral retrospectiva da atividade dos meses de janeiro, fevereiro e março, e fornece uma previsão da atividade climática prevista para o próximo trimestre.
O relatório é o mais recente de uma série contínua produzida pela Howden Re Brasil, dedicada a analisar a evolução do clima e seu impacto sobre o dinâmico setor de seguros brasileiro.
O crescimento das economias latino-americanas tem impulsionado a expansão dos mercados de seguros na região, fortalecendo sua relevância e capacidade de resposta. No Brasil, esse movimento é ainda mais significativo: após décadas sob um mercado de resseguros fechado — reformado estruturalmente a partir de 2007— o setor agora vive uma crescente demanda por proteção. Esse avanço intensifica a necessidade por dados robustos e análises sofisticadas, essenciais para mapear com precisão os riscos climáticos e operacionais em um cenário cada vez mais complexo.
O primeiro trimestre de 2025 expôs os dois extremos hidrológicos do Brasil – desde transbordamentos de rios e inundações urbanas até secas e estresse do solo. O setor de seguros brasileiro está enfrentando um ponto de inflexão. Enquanto o mercado se expande e o resseguro está se tornando mais amplamente adotado, os padrões de ameaças ambientais em evolução exigem soluções inovadoras baseadas em dados e análises avançadas para ajudar a promover a resiliência e o seguro contra as mudanças climáticas. A COP30, realizada no final deste ano no Brasil, chega em um momento crucial para colocar novas soluções de seguro climático na vanguarda”, explica Antônio Jorge da Mota Rodrigues, Head Howden Re Brasil.
Janeiro a março de 2025: Um período marcado por padrões irregulares e contrastantes de precipitação.
O relatório destaca diferenças notáveis na precipitação entre as regiões. Enquanto as localidades do norte, como Roraima e Maranhão, sofreram chuvas excessivas impulsionadas por uma Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) deslocada para o sul, o centro e o sul do Brasil, incluindo o Rio Grande do Sul, bem como o sul e o oeste do Mato Grosso do Sul, sofreram secas severas e estresse térmico.
O mês de fevereiro trouxe chuvas acima da média para o Amazonas e o Pará, mas março registrou déficits generalizados em Goiás, na Bahia e no Sudeste. Cidades do Paraná, Rio de Janeiro, Maranhão, Bahia e Amazonas registraram novos recordes de precipitação em 24 horas, em alguns casos ultrapassando 60% da média mensal em um único dia. Essas tempestades hiperlocais provocaram inundações, expondo as vulnerabilidades urbanas a eventos climáticos de curta duração e alta intensidade.
Após um período de seca, os rios da Amazônia iniciaram sua temporada de enchentes. Em Manaus, o Rio Negro mostrou sinais de recuperação, embora ainda abaixo das normas sazonais históricas, com um pico de 21 m. Enquanto isso, no Acre, as enchentes deixaram centenas de pessoas desalojadas, mostrando oscilação do pêndulo da escassez de água para o excesso grave.
O Rio de Janeiro registrou um índice de calor acima de 52°C em fevereiro e São Paulo registrando temperaturas recordes para o verão.
O cenário de temperaturas extremas não se limita ao Brasil, com o relatório citando que, globalmente, janeiro de 2025 foi o mais quente já registrado, atingindo 13,23°C, 1,75°C acima dos níveis pré-industriais, enquanto o gelo dos mares Antártico e Ártico encolheu para níveis recordes.
Projeções: riscos elevados para culturas, redes elétricas e sistemas de saúde
Olhando para o futuro, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica indica uma probabilidade cada vez maior de que o La Niña passe de uma fase de baixa intensidade para uma fase neutra a partir de março, com a continuação de extremos de chuva e temperatura divididos regionalmente.
O Sul e o Centro-Oeste do Brasil enfrentam chuvas abaixo da média em abril, o que pode ter implicações sobre os déficits de umidade do solo no final da colheita da primeira safra. Os meses de maio e junho trarão precipitações acima da média para o Rio Grande do Sul e o Nordeste, oferecendo alívio parcial a uma área que tem sido severamente afetada pela seca.
Espera-se que as anomalias de temperatura se intensifiquem, com as temperaturas máximas no oeste do Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul subindo de 2,4 a 3,0°C acima da média, potencialmente agravando o estresse na infraestrutura e nos sistemas de saúde pública.
Resseguro em destaque com a aproximação da COP30
À medida que o Brasil se prepara para sediar a COP30, seguradoras e resseguradoras enfrentam um novo cenário marcado por riscos climáticos crescentes — impulsionados por ameaças secundárias e vulnerabilidades regionais. De enchentes a secas severas que causam degradação do solo, a crescente volatilidade climática no país evidencia a urgência de inovação contínua no setor de seguros. Isso inclui a ampliação da cobertura e o aumento do acesso às populações mais expostas e vulneráveis.
Nesse contexto, a coleta e o uso de dados estruturados tornam-se essenciais. Eles possibilitam modelagens mais precisas e estruturas de precificação baseadas em padrões históricos, permitindo ao setor responder de forma mais eficaz aos riscos em constante transformação. Com as ferramentas adequadas e parcerias estratégicas, o mercado segurador está bem posicionado para desempenhar um papel decisivo no fortalecimento da resiliência climática do Brasil.