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Humanidades na Odontologia visa reforçar a relação entre cirurgiões-dentistas e pacientes e a vocação humanista da Odontologia

ANS: 30,7 milhões de brasileiros possuem planos odontológicos e 50,3 milhões têm plano assistência médica / Foto: Freepik
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Com objetivo de aprimorar a relação entre os cirurgiões-dentistas e seus pacientes, desde 2023, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) conta com o Grupo de Trabalho (GT) de Humanidades na Odontologia. O GT realiza um trabalho de divulgação de conceitos envolvendo práticas de ciências humanas, da literatura e das artes.

Para explicar o que são as Humanidades na Odontologia e qual a sua relevância nos atendimentos odontológicos, o presidente e a integrante do Grupo de Trabalho, Dr. Marcelo Marcucci e Dra. Ana Lia Anbinder, respectivamente, falam sobre o assunto.

Dr. Marcelo Marcucci esclarece a relevância da iniciativa para os profissionais. “Abordar ciências humanas (como filosofia, história, antropologia, bem como a literatura e artes) na formação e na prática do cirurgião-dentista é importante para que os profissionais possam compreender melhor a complexidade das relações humanas e assim lidarem melhor com as incertezas, sucessos e insucessos inerentes às profissões de saúde, para que eles próprios não adoeçam”.

Nesse sentido, o GT está desenvolvendo diversas iniciativas junto ao CROSP com o objetivo de levar, especialmente aos inscritos, discussões sobre o tema e como ele pode auxiliar na formação e na prática odontológica do dia a dia.

A exemplo disso, no 50º Congresso Brasileiro de Estomatologia e Patologia Oral, promovido pela Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral (SOBEP), em julho deste ano, o assunto ganhou espaço e fomentou discussões sobre espiritualidade e finitude.

Na área acadêmica, iniciativas independentes de abordagem do tema aconteceram na Universidade Estadual Paulista (UNESP) em Araçatuba, com o estudo de espiritualidade, e no podcast, “Todas as ciências são humanas”, da UNESP de São José dos Campos.

Para contextualizar o surgimento do termo Humanidades na Odontologia, a Dra. Ana Lia Anbinder explica que é preciso resgatar a história das Humanidades Médicas. “Essas discussões começaram, mais ou menos, na década de 40/50, nos Estados Unidos, com a reforma da medicina e de seu ensino, justamente em contraposição a uma medicina voltada à tecnologia e pouco voltada ao paciente. Então, passou-se a pensar na inserção das ciências humanas na medicina”.

Ela conta que no Brasil, as Humanidades Médicas já estão presentes em várias faculdades de Medicina, Hospitais e em grupos de discussão consolidados, sendo que em 2010 o Conselho Federal de Medicina realizou o Iº Congresso Brasileiro de Humanidades Médicas.

Já na Odontologia, segundo a Dra. Ana Lia, o tema começou a ser falado um pouco mais tarde, especialmente nos ambientes acadêmicos como UNESP e UNICAMP, com programas de extensão, discussões e debates, artigos publicados e grupos de estudos como o do CROSP.

Desta forma, Dr. Marcucci afirma que não há resistências por parte dos cirurgiões-dentistas sobre as Humanidades na Odontologia, mas desconhecimento: “O maior desafio é mostrar a importância do tema e que vale a pena dedicar tempo para desenvolver habilidades que não são apenas técnico-científicas”.

Os integrantes do GT reforçam que as Humanidades lidam com os dilemas do dia profissional também. E isso vai desde como dar uma notícia referente a uma doença grave a um paciente, até como lidar com as pressões sociais de perfeição que a profissão exige dos cirurgiões-dentistas, usando como uma das principais ferramentas a arte, que se destaca também de forma terapêutica.

As Humanidades podem, ainda, auxiliar no desenvolvimento de habilidades de gerenciamento de conflitos e de superação em contextos difíceis de lidar.“Assim como a ciência, a arte é uma forma de entender o mundo. No campo da saúde, a arte pode aumentar a sensibilidade dos profissionais para aspectos não verbais do comportamento humano, melhorando suas habilidades diagnósticas”, pontua Dr. Marcucci.

A literatura também ganha um protagonismo extremamente importante na Odontologia. Textos clássicos e contemporâneos, por exemplo, podem auxiliar diversas questões das Humanidades por meio do desenvolvimento de habilidades que colaboram com o desempenho do profissional na tomada de decisões e ao se colocar no lugar do paciente para compreendê-lo em suas múltiplas dimensões.

Assim, tanto Dr. Marcucci quanto a Dra. Ana Lia catalogam algumas obras essenciais que podem ser usadas como apoio aos profissionais. São elas: “Frankenstein”, de Mary Shelley, “O Médico e o Monstro”, de Robert Louis Stevenson, “A Morte de Ivan Illich”, de Liev Tolstói, “O Alienista”, de Machado de Assis, e a “Enfermaria nº 6”, de Anton Tchekhov. Entre as obras mais recentes estão:  “Por um fio” e “O exercício da incerteza”, de Dráuzio Varela, “A morte é um dia que vale a pena viver”, de Ana Cláudia Quintana Arantes, “Todo paciente tem uma história para contar”, de Lisa Sanders, “Rápido e devagar: duas maneiras de pensar” de Daniel Kahneman, dentre muitas outras.

Para o Dr. Marcucci, a literatura pode enriquecer o diálogo e a empatia no atendimento clínico, além de contribuir para a formação humanística dos profissionais de saúde. “Obras clássicas e atuais têm o poder de nos transportar para realidades diversas, associadas ou não à odontologia e à medicina, e aguçar nossos sentidos e sentimentos”. Ele cita, ainda, que segundo o escritor italiano, Italo Calvino, “a literatura não está submetida à tutela da objetividade e neutralidade como as ciências. Ela permite a livre expressão de afetos e sentimentos, indissociáveis nas nossas histórias de vida e dos nossos pacientes”.

As Humanidades na Odontologia foi tema do Podcast CROSP – canal de comunicação da Autarquia com os inscritos e a população em geral – com participação do Dr. Marcelo Marcucci e Dra. Ana Lia Anbinder. O episódio está disponível no canal do YouTube, TV CROSP, e na conta oficial do CROSP no Spotify.

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