Confira análise de Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank
Essa semana os investidores observaram com cautela as possíveis pressões sobre a inflação no Brasil, que estão relacionadas ao aumento nos preços do petróleo no mercado internacional. Hoje, sexta-feira, os preços atingiram o nível mais alto em 10 meses.
Esses dados do aumento na inflação implícita devem começar a afetar as projeções para o Ibovespa, mesmo que as expectativas recentes tenham sido reduzidas. Paralelamente, o Banco Central pode adotar uma postura mais cautelosa em relação à política monetária, buscando reduzir as apostas de aceleração no ritmo de queda da taxa Selic no futuro.
Entretanto, no curto prazo, a bolsa brasileira deve continuar a subir, buscando os 122 mil ou até mesmo 123 mil pontos, mas existe a necessidade de cautela devido às preocupações com o déficit fiscal na economia.
Nos últimos dias houve uma tentativa de ajuste, considerando as decisões de política monetária na próxima semana. A parte curta está esperando o Copom, com algumas casas já considerando as chances de uma aceleração e um taxa terminal menor.
Para a próxima semana parece consolidado o consenso de corte de 0,50 ponto porcentual. Na minha avaliação, no comunicado, os diretores devem repetir na linguagem a estratégia de tentar barrar apostas na ampliação da dose dos cortes futuros, diante do risco de nova inclinação da curva.
Dólar
Apesar do dólar já ter subido consideravelmente, ainda está abaixo dos patamares alcançados no ano passado. Isso deixa as empresas em uma encruzilhada, incertas se essa valorização representa um retorno a um dólar valorizado ou se é apenas um último suspiro antes de uma possível queda.
Observamos o dólar enfraquecer no cenário doméstico, atingindo sua menor cotação em setembro. Isso se deve a um panorama mais previsível em relação às taxas de juros no exterior e à vitória do governo com a aprovação dos jogos esportivos por meio de plataformas online no Congresso, visando aumentar a arrecadação. Isso deve melhorar o fiscal.
O real vem se valorizando por conta da melhora – aparente – que vem ocorrendo na economia da China. O país asiático é um grande comprador de commodities e puxa o Brasil, com nossa balança comercial. A China trouxe hoje bons dados e isso também ajuda nossa moeda.
Os números do varejo e do mercado de trabalho vieram bons e reforçaram a tese de que a inflação nos EUA ainda não está controlada. Com isso, pode ser que o Fed ainda tenha que subir os juros no futuro. Enquanto isso, a alta do petróleo e de outras commodities colaboram também para a alta do real.