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Igualdade de gênero se desenha no horizonte contábil

Carmem Granja, diretora de Expansão da Abrapsa – Foto/Divulgação

Panorama do Ramo de BPO, realizado e lançado pela Abrapsa no mês de outubro, traz maior proporção de mulheres do que de homens em Contabilidade; salário ainda é desafio

Como reflexo da luta já centenária por igualdade entre homens e mulheres, é crescente a participação do sexo feminino no campo da contabilidade, que tradicionalmente era domínio masculino. O ramo de BPO (Business Process Outsourcing), por exemplo, destaca-se de outros setores da economia por apresentar uma participação maior de mulheres do que de homens empregados, segundo o último levantamento realizado pela Associação Brasileira de Provedores de Serviço de Apoio Administrativo (Abrapsa). Enquanto na economia, de modo geral, há uma proporção maior de homens (59%) no mercado de trabalho, as colaboradoras em BPO correspondem a 56%, em âmbito nacional.

Os dados fazem parte do recém lançado Panorama do Ramo de Serviços de Apoio Administrativo, que analisa os dados mais atuais, de 2021, disponibilizados pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), e também mostra que a proporção maior do emprego de mulheres em BPO apresenta-se como uma tendência já verificada desde o início do período de 2010 a 2021, marcando os mesmo 56% desde 2010.

Os números ganham ainda mais peso quando olhamos para o tamanho da contabilidade dentro do segmento. Segundo o Panorama, é a segunda maior área, ocupando 26% das cinco componentes que são, além da Contabilidade, Serviços Combinados de Escritório (50%), Consultoria em Gestão Empresarial (12%), Preparação de Documentos (12%) e Consultoria e Auditoria Contábil e Tributária (2%).

Ainda segundo o estudo, em três dos cinco segmentos nos quais o BPO se divide, as mulheres são maioria: 56% em Consultoria e Auditoria Contábil, 54% em Tributária de Preparação de Documentos e 68% Contabilidade. Já nos outros dois, Serviços Combinados de Escritório e Consultoria em Gestão Empresarial, as porcentagens caem para 41% e 49%, respectivamente.

Mais mulheres estudam Contabilidade

De acordo com uma pesquisa realizada pela International Federation of Accountants (IFAC), organização global que representa a profissão contábil, estima-se que as mulheres representam cerca de 50% dos profissionais contábeis em todo o mundo. Esse crescimento reflete, mesmo considerando-se os desafios que ainda são muitos – como a presença feminina ainda bem menor em cargos de lideranças – a luta pela promoção da igualdade de gênero e da diversidade no âmbito contábil.

No contexto nacional, observamos aumento notável na representação delas. Segundo dados do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), mais de 43% dos registros de profissionais ativos nos conselhos regionais são de mulheres. E mais: 11 estão à frente dos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs) em todo o Brasil.

O Censo da Educação Superior, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) revela que, em 2020, por exemplo, elas representaram aproximadamente 59% dos estudantes matriculados em cursos de Ciências Contábeis no país. Constatou-se que os estudantes de Ciências Contábeis eram, em sua maior parte, do sexo feminino, tanto na modalidade de Educação a Distância quanto na de Educação Presencial (respectivamente, 59,6% e 59,0%). As estudantes, no segmento mais jovem, até 24 anos, constituíram 12%, na Educação a Distância e 27,8%, na Presencial.

“São números encorajadores que demonstram que as mulheres estão conquistando cada vez mais espaço na contabilidade, trazendo suas habilidades e perspectivas únicas para a profissão”, explica Carmem Granja, diretora de Expansão da Abrapsa.

Salário ainda é desafio

Entre os desafios do segmento está a média salarial do ramo de BPO, que foi 17% superior à média do total da economia, no período entre 2010 e 2021, mas com as mulheres ganhando menos. Porém, entre as cinco áreas de BPO, a contabilidade é a que apresentou a menor taxa: 5% de diferença entre os salários de homens e mulheres, em 2021, segundo o Panorama da Associação.

A valorização da participação feminina no setor não apenas reflete a busca pela igualdade de gênero, mas também se revela como uma estratégia inteligente e vantajosa para as empresas. “Não há dúvida também que é preciso continuar avançando, afinal a presença feminina no segmento contribui para um ambiente mais diversificado e inclusivo, convergindo para melhores resultados financeiros e tomadas de decisões mais eficazes”, finaliza Carmem.

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