Estudos e especialistas apontam que custo-benefício dos implantes pode superar o das próteses removíveis, especialmente pela durabilidade e melhora na qualidade de vida
Por muitos anos, os implantes dentários foram considerados uma opção “elitizada”, restrita a pessoas com alta renda. Enquanto isso, as próteses removíveis, conhecidas popularmente como dentaduras, se consolidaram como a escolha “mais em conta” para quem perdeu os dentes. No entanto, essa comparação baseada apenas no custo inicial pode ocultar um panorama mais amplo, sobretudo ao considerar a durabilidade, a eficácia e os impactos de cada tratamento sobre a saúde bucal e a qualidade de vida.
Um estudo da Universidade Estadual Paulista (UNESP) acompanhou, por até dez anos, 183 implantes dentários instalados em 44 pacientes – incluindo pessoas com diabetes, fumantes e não fumantes, pacientes oncológicos e indivíduos com periodontite crônica. Os resultados mostraram uma taxa de sucesso de 97%, reforçando os implantes como uma excelente solução para a reabilitação bucal de pacientes parcial ou totalmente edêntulos (sem dentes). “Ao contrário das próteses removíveis, que geralmente exigem mais ajustes ou substituições após alguns anos de uso, os implantes dentários podem durar décadas se receberem os devidos cuidados”, explica o dentista especialista em implantodontia e diretor da Neodent, Dr. Sérgio Bernardes, que ressalta que a longevidade está diretamente relacionada à qualificação do profissional responsável pelo procedimento e à adoção de cuidados no pós-operatório por parte do paciente, como manter uma boa higiene bucal e evitar hábitos prejudiciais, como fumar, por exemplo.
O implante é uma solução fixa, integrada ao osso, que substitui a raiz de um dente perdido e oferece estabilidade e funcionalidade muito próximas às de um dente natural. “Precisamos enxergar o tratamento odontológico como um investimento em saúde a longo prazo. O implante, quando bem indicado, pode representar um custo-benefício superior justamente por sua durabilidade e pela menor necessidade de manutenção ao longo dos anos, quando comparado a outros tipos de tratamento”, analisa Bernardes. Outro benefício importante é a preservação dos ossos. Os implantes ajudam a prevenir a chamada reabsorção óssea, processo em que o osso que sustenta os dentes vai sendo gradualmente degradado e reabsorvido, o que pode alterar a fisionomia do rosto com o tempo.
Mais do que estética
Se antes a principal motivação para colocar um implante era a aparência, hoje os pacientes já entendem que os benefícios vão muito além. A fala, a mastigação eficiente e até a autoestima são impactadas positivamente por essa escolha. “O implante devolve ao paciente a confiança para sorrir, se alimentar e se comunicar, e eu acredito que essa confiança vale muito”, afirma o especialista.
Um exemplo dessa transformação é a história de João Barbosa Neto, que perdeu os dentes muito cedo e precisou usar a primeira dentadura aos 16 anos. Ele conta que sempre viveu com o receio da dentadura cair, além da frustração de não conseguir comer um churrasco, um de seus pratos preferidos. Após optar pelos implantes dentários com a técnica de carga imediata, João afirma que sua vida mudou completamente. Saí muito bem da cirurgia e consegui me alimentar normalmente desde o início. A autoestima muda muito. Saber que a gente vai poder sorrir, dar risada, sem receio de que o dente caia, faz toda a diferença. Eu considero que minha qualidade de vida melhorou 100%. Através do implante, me sinto com outro padrão de vida”, conta.
Os especialistas apenas ressaltam que, embora os implantes ofereçam vantagens evidentes, a decisão entre eles e as próteses removíveis deve levar em conta fatores individuais, como a saúde óssea do paciente e condições pré-existentes que exigem uma avaliação mais criteriosa, como o diabetes. Por isso, a recomendação é buscar a orientação de um profissional qualificado, capaz de analisar cada caso com atenção. “A ideia de que os implantes dentários são sempre a alternativa mais cara, portanto, não se sustenta quando se considera o conjunto do tratamento, sua longevidade e o impacto positivo sobre a vida do paciente. Ao desmistificar, abre-se caminho para decisões mais conscientes e sorrisos mais duradouros”, finaliza.