O Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR), em parceria com a FIA Business School, divulga sua mais recente pesquisa sobre a projeção de inadimplência no Brasil para o terceiro trimestre de 2025, revelando um cenário de relativa estabilidade nas taxas de inadimplência de pessoas físicas
Segundo o estudo, a inadimplência total de pessoas físicas deve permanecer praticamente estável nos próximos três meses, oscilando de 4,10% em julho para 4,13% em agosto e 4,14% em setembro. Já no segmento de recursos livres, que exclui operações com taxas regulamentadas e recursos governamentais, as projeções apontam para taxas ligeiramente superiores: 6,18% em julho, subindo marginalmente para 6,21% em agosto e mantendo-se neste patamar em setembro.
Estes números representam uma pequena variação em relação aos últimos dados reais de maio de 2025, quando a inadimplência total estava em 4,20% e a de recursos livres em 6,12%. O que chama atenção é a redução observada nos atrasos de pagamento entre 15 e 90 dias, sinalizando que os consumidores estão conseguindo regularizar suas pendências antes que evoluam para inadimplência efetiva, o que sugere que as taxas reais podem ficar mais próximas dos limites inferiores das projeções.
A pesquisa, que utilizou dados de série temporal coletados do Banco Central do Brasil desde outubro de 2015, revela importantes insights sobre o comportamento do mercado de crédito brasileiro. A estabilidade projetada reflete uma combinação de fatores que incluem a melhora na gestão do crédito por parte dos consumidores, a maturidade do ciclo econômico após períodos de alta volatilidade, e a influência positiva das políticas de crédito direcionado na contenção das taxas gerais de inadimplência.
É interessante notar que a diferença entre as taxas de inadimplência total e de recursos livres – cerca de 2 pontos percentuais – demonstra o papel importante que o crédito subsidiado ainda desempenha na economia brasileira. Enquanto o crédito livre reflete mais diretamente as condições de mercado e a capacidade de pagamento das famílias, o crédito direcionado oferece condições mais favoráveis que ajudam a manter as taxas gerais em patamares mais baixos.
O timing desta estabilização também não é coincidência. O terceiro trimestre tradicionalmente apresenta menor pressão sobre o orçamento familiar quando comparado ao início do ano, período marcado pela concentração de despesas como IPTU, IPVA e gastos com material escolar. Esta sazonalidade favorável, combinada com a aparente adaptação tanto de credores quanto tomadores aos novos patamares de juros e condições econômicas, sugere que o mercado de crédito brasileiro encontrou um ponto de equilíbrio após os turbulentos anos anteriores.
‘’Esses números indicam um cenário de cautela equilibrada, onde instituições financeiras mantêm critérios rigorosos de concessão de crédito enquanto os consumidores demonstram maior consciência sobre sua capacidade de endividamento. É um reflexo de um mercado que amadureceu através das lições aprendidas em ciclos anteriores de expansão e contração do crédito, resultando em uma dinâmica mais sustentável para todos os envolvidos’’, comenta Claudio Felisoni, presidente do IBEVAR e professor da FIA Business School.