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Incêndio no Tomorrowland alerta para a necessidade de seguros em grandes eventos

Incêndio no Tomorrowland alerta para a necessidade de seguros em grandes eventos / Foto: Reprodução / X
Foto: Reprodução / X

O recente incidente no palco do festival Tomorrowland, na Bélgica, que culminou em um incêndio, reacendeu o debate sobre a crucial importância de seguros específicos para grandes eventos. Embora, aparentemente, não houvesse vítimas fatais, os danos à infraestrutura e a interrupção do evento serviram como um lembrete vívido dos riscos inerentes a produções de grande escala. Especialistas do mercado de seguros, como a REP Seguros, corretora especializada em seguros corporativos, destacam que apólices robustas são essenciais para proteger organizadores contra perdas financeiras significativas e impactos na imagem.

Marlon Basso, Superintendente de Sinistros da REP Seguros, explica que em situações como o incêndio no Tomorrowland, diversas coberturas de seguro são acionadas. O Seguro de Riscos Diversos (RD) e o Seguro Compreensivo de Eventos, por exemplo, oferecem ampla proteção, cobrindo desde danos à cenografia, equipamentos de som e iluminação, até despesas emergenciais com remoção de entulho e reprogramação logística. “Estas apólices podem, inclusive, prever o adiantamento de recursos para evitar o cancelamento total ou parcial do evento, minimizando prejuízos e mantendo o cronograma”, afirma Basso.

Coberturas essenciais e exclusões importantes

Além dos danos à estrutura física, as seguradoras também podem cobrir danos a terceiros, garantindo indenizações a propriedades ou indivíduos afetados pelo sinistro. No entanto, é fundamental que organizadores estejam cientes das exclusões. “Danos causados por negligência, vandalismo ou falta de manutenção são, via de regra, motivos para a negativa de cobertura”, alerta Basso. Para eventos itinerantes, como festivais internacionais, existem cláusulas específicas que abordam os riscos durante o transporte, armazenagem e montagem de estruturas.

Explosão em armazéns de fogos de artifício

Questionado sobre um cenário de explosão em armazéns de fogos de artifício, que, embora distinto do incêndio em um palco, apresenta desafios similares em termos de danos extensos a propriedades e áreas vizinhas, Marlon Basso detalha as coberturas acionadas. “A cobertura de Incêndio, Raio e Explosão do seguro patrimonial da própria instalação seria a principal para cobrir os danos ao imóvel e ao conteúdo do armazém. No entanto, para os danos a imóveis e propriedades de terceiros nas áreas vizinhas, a cobertura de Responsabilidade Civil Operações é fundamental”, explica. Basso ressalta a importância de a apólice contemplar limites de indenização adequados, além de considerar coberturas como Lucros Cessantes de Terceiros e despesas com Descontaminação Ambiental, caso haja dispersão de resíduos perigosos.

Avaliação de risco e medidas preventivas rigorosas

A avaliação de risco em instalações que armazenam materiais explosivos e pirotécnicos é um processo “extremamente detalhado e rigoroso”, segundo Basso. A REP Seguros realiza uma “due diligence aprofundada”, que inclui vistorias técnicas com engenheiros especializados, análise de normas e regulamentações (como a NR 19 no Brasil), histórico de sinistros, e avaliação de planos de emergência e contingência.

Para a manutenção da cobertura, as medidas preventivas são contínuas e não negociáveis. Basso enumera: “manutenção rigorosa de todos os equipamentos de segurança, conformidade regulatória permanente, treinamento contínuo dos funcionários em segurança, auditorias internas e externas regulares, e investimento em tecnologia de segurança, como sistemas avançados de detecção de incêndio e monitoramento”. Qualquer alteração significativa na operação ou armazenamento também deve ser comunicada e aprovada pela seguradora.

Desafios no processamento de sinistros complexos

O processamento de sinistros de grandes incêndios ou explosões, especialmente com envolvimento de materiais perigosos, é complexo e apresenta desafios como a avaliação da extensão dos danos, a determinação da causa e origem do sinistro, os danos a terceiros, a possível contaminação ambiental e a interrupção de negócios.

Para reduzir o tempo de pagamento e mitigar fraudes ou litígios, a REP Seguros adota uma abordagem multifacetada. “Contamos com peritos e reguladores de sinistros altamente experientes em grandes perdas e riscos industriais, capazes de atuar rapidamente no local”, acrescenta Basso. A empresa também utiliza tecnologia e análise de dados para mapeamento de danos, mantém comunicação transparente e proativa com o segurado e os terceiros afetados, orienta sobre a importância da documentação rigorosa e, em casos de divergência, busca soluções amigáveis através de mediação ou negociação.

Para organizadores de eventos e empresas com riscos elevados, o acionamento emergencial do seguro exige notificação imediata, documentação rigorosa e um plano de contingência claro, sempre com o apoio direto do corretor de seguros. Após sinistros como o do Tomorrowland, os organizadores enfrentam não apenas os custos diretos, mas também impactos significativos na imagem, na segurança do público e nas negociações futuras com seguradoras, reforçando a premissa de que a prevenção e a proteção adequada são, mais do que nunca, investimentos essenciais.

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