A indústria aeroespacial brasileira voltará a receber investimentos após quase oito anos. Neste segundo semestre, três editais que visam o desenvolvimento de tecnologias para o setor foram lançados: Veículo Lançador de Pequeno Porte para lançamentos de nano e/ou microssatélites, no valor de R$ 190 milhões; Plataformas Demonstradoras de Novas Tecnologias Aeronáuticas (PDNT), estimado em R$ 140 milhões; e o edital do Satélite de Pequeno Porte de Observação da Terra de alta resolução, no valor de R$ 220 milhões.
Para o presidente da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), Julio Shidara, essas oportunidades podem alavancar a indústria aeroespacial brasileira e colocar o Brasil na direção do que é praticado em países desenvolvidos.
“Estamos vivenciando um divisor de águas do setor tecnológico, não apenas do setor aeroespacial. Com o lançamento dos editais, espero que o Brasil finalmente passe a seguir a receita adotada por todos os países com programas espaciais desenvolvidos, que são considerados programas de Estado, com comprometimento de alocação de recursos a longo prazo. Estou convencido que, em menos de uma década, a indústria espacial brasileira conquistará protagonismo no cenário global, como ocorre com a respeitada indústria aeronáutica nacional”, avalia.
Setor aeroespacial pode ter inovação industrial
O governo federal recebeu, em agosto, uma proposta do SENAI de inovação na indústria aeroespacial a partir do desenvolvimento de uma rede com quatro polos de competitividade no Brasil e um centro internacional nos Estados Unidos, para desenvolver e aumentar a inserção nos mercados internacionais da indústria nacional.
Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a proposta poderia levar a indústria do setor aeroespacial brasileiro a ser mais competitiva e, consequentemente, gerar mais empregos, bem como a inserção no mercado global de alta tecnologia.
A ideia da rede de inovação industrial para o setor aeroespacial nacional tem como base preparar uma infraestrutura para pesquisa aplicada, serviços e produção que irão atender desde corporações a startups.
“Criar núcleos de inovação tecnológica com essa vocação industrial, engajado nas cadeias produtivas mundiais, é um caminho praticamente necessário para que nós consolidemos as lideranças que já temos e possamos aproveitar novos nichos, novas oportunidades que tem surgido, como aeronaves de decolagem vertical, veículos não tripulados, e tantas outras, seja no setor aeronáutico, seja no espacial”, destaca Carlos Moura, presidente da Agência Espacial Brasileira.