Os dados da inflação ao consumidor (CPI) divulgados nesta terça-feira (12) nos Estados Unidos frustraram as expectativas do mercado e reforçaram a tese de que o Federal Reserve (Fed) deve manter uma postura cautelosa antes de iniciar o ciclo de cortes de juros.
Para Fernando Bento, CEO da FMB Investimentos, o número mais forte do que o esperado reforça o cenário de juros elevados por mais tempo. “A leitura do CPI acima do esperado em janeiro reforça a tese de que o Federal Reserve não terá pressa para iniciar o ciclo de cortes de juros. A alta de 0,5% no índice cheio e de 0,4% no núcleo mostra que a inflação segue resistente, com pressões sazonais e possíveis reajustes preventivos de preços por parte das empresas”, afirma.
Além disso, a inflação acumulada de 3,0% nos últimos 12 meses continua acima da meta de 2% estabelecida pelo Fed, reduzindo a probabilidade de cortes iminentes na taxa de juros. Bento destaca que a comunicação recente do Fed já indicava um tom cauteloso e que os novos dados reforçam essa postura.
“O chair Jerome Powell já vinha sinalizando cautela, e esse dado reforça a necessidade de mais evidências de desinflação antes de qualquer afrouxamento monetário”, explica.
O impacto no mercado financeiro foi imediato. A expectativa de juros mais altos por mais tempo fortaleceu o dólar frente a outras moedas e impulsionou os rendimentos dos Treasuries. Segundo o CEO da FMB Investimentos, a conjuntura econômica ainda apresenta incertezas adicionais.
“A incerteza sobre as políticas fiscais e comerciais do governo Trump também adiciona um componente de risco, embora haja expectativa de medidas que favoreçam as empresas no cenário atual”, conclui.