Especialistas do mercado financeiro analisam o impacto desse aumento
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,56% em outubro, ligeiramente acima das expectativas do mercado, que previa um aumento de 0,53%. O acumulado em 12 meses atingiu 4,76%, o que acende um sinal de alerta para o Banco Central e para investidores. Especialistas do mercado financeiro analisaram o impacto desse aumento, apontando como ele afeta tanto o custo de vida das famílias quanto as decisões de política monetária e as estratégias de investimento.
Pressão no custo de vida e itens essenciais
O aumento no IPCA foi impulsionado por setores essenciais, como alimentação e habitação. Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, destacou que esses dois grupos, junto com a energia elétrica, representaram quase metade do índice em outubro. “A energia elétrica sozinha teve um impacto de 0,20 pontos percentuais, o que indica uma resiliência inflacionária em áreas sensíveis. Isso pode levar o Banco Central a monitorar mais de perto as expectativas para o último bimestre do ano”, observou Laatus.
Segundo Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, essa elevação nos preços atinge diretamente o custo de vida das famílias. “Este aumento, com energia elétrica contribuindo 0,20 pp, é um reflexo da pressão que ainda resta na economia, apesar dos esforços de controle”, ressaltou.
Impacto na política monetária e taxa de juros
Com a inflação acima da meta, cresce a expectativa de que o Banco Central adote medidas mais firmes na política de juros. Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, acredita que a inflação persistente pode forçar o Banco Central a manter uma política monetária mais rígida para ancorar as expectativas de inflação. “A pressão inflacionária pode levar o BC a priorizar a ancoragem das expectativas, uma vez que a inflação acima da meta pode prejudicar a credibilidade das políticas monetárias e afetar os investimentos no país”, explicou Lima.
Volnei Eyng, CEO da Multiplike, alerta para o risco de um aumento excessivo na Selic, que poderia impactar negativamente o crescimento econômico. “Embora a inflação esteja assustando, elevar a Selic de forma excessiva pode prejudicar a economia. Um aumento gradual, de no máximo 0,5 ponto percentual por vez, é fundamental para acompanhar as variações externas e se adaptar a um momento em que o mundo está passando por um processo de desinflação”, recomendou Eyng.
Estratégias de investimento: proteção contra a inflação
Com a inflação pressionando, especialistas recomendam a diversificação do portfólio em ativos que ofereçam proteção contra a perda do poder de compra. Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, sugeriu que investidores considerem títulos atrelados ao IPCA e ativos de renda fixa como alternativas para garantir segurança e ganhos reais. “Para os investidores, esse cenário sugere uma preferência por ativos atrelados à inflação, como títulos do Tesouro IPCA+ e investimentos em renda fixa que ofereçam proteção contra a volatilidade do mercado”, aconselhou Monteiro.
João Kepler, CEO da Equity Fund Group, reforçou a importância da diversificação para enfrentar a alta de preços. “A alta inflação reforça a necessidade de diversificar o portfólio com ativos protegidos, como títulos indexados ao IPCA e investimentos em renda fixa atrelados ao CDI, que oferecem maior segurança em tempos de juros elevados”, disse Kepler.
Cenário internacional e reflexos no Brasil
A alta do IPCA também se relaciona com fatores externos, como a pressão cambial, que impacta diretamente os preços no Brasil. Segundo Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest, essa situação desafia tanto o Banco Central quanto o consumidor. “A continuidade da inflação acima da meta pode levar o Copom a manter ou até aumentar a Selic, estabilizando o cenário para os investidores,” afirmou Andrade.
Perspectivas para os próximos meses
Com a inflação elevada e a possibilidade de novos aumentos na Selic, o mercado segue atento aos desdobramentos da política monetária. Como observou Sidney Lima, a alta nos preços traz desafios para o crescimento econômico. “O principal desafio do Banco Central será controlar a inflação sem prejudicar ainda mais o crescimento econômico”, concluiu.
Em meio a esse cenário de incertezas, a recomendação dos especialistas é clara: buscar ativos que ofereçam proteção contra a inflação e estar atentos às decisões do Banco Central, que deve avaliar cada indicador para ajustar a Selic sem impactar drasticamente a economia.
*Com informações de Gueratto Press.