Uma equipe multiprofissional, composta por cardiologista, médica de família, ortopedista e nutricionista, fala sobre os cuidados que o estreante na prática esportiva deve ter antes e durante as atividades para atingir resultados de forma saudável
Esportes como corrida, ciclismo, natação e triatlo estão entre as modalidades preferidas dos brasileiros, segundo a pesquisa de 2023 “Perfil do Atleta Amador Brasileiro”, da empresa Ticket Sports.
Para quem quer dar início a uma rotina regrada de exercícios físicos, fazendo do esporte parte do dia a dia, a rede de clínicas Meu Doutor Novamed reuniu quatro especialistas – um cardiologista, uma médica de família, uma ortopedista e uma nutricionista – para falar sobre cuidados a serem tomados antes e durante a prática do esporte escolhido.
Avaliação médica é essencial
“Alcançar a alta performance não vem de uma hora para a outra. Assim como em qualquer área da vida, a prática de atividades físicas segue uma curva de aprendizado”, reforça a Dra. Danielle Pastura, médica de família da Rede Meu Doutor Novamed Méier, no Rio de Janeiro. A depender da idade e das doenças de base do paciente, ela recomenda uma avaliação médica prévia para um exame físico completo, entrevista de saúde e, se necessário, realização de exames complementares, como eletrocardiograma, teste ergométrico e exames laboratoriais.
Para o ortopedista José Luiz Ramos, das unidades Centro, Botafogo e Niterói da Meu Doutor Novamed, as indicações de possíveis exames levam em consideração o estado de saúde do paciente, assim como do tipo de exercício que se pretende realizar.
A cardiologista Yasmine Kobayase, que atende nas unidades Moema, Santo André e São Bernardo do Campo da Meu Doutor Novamed, reforça a indicação da avaliação prévia: “Orientamos os atletas amadores a realizarem uma avaliação médica antes de iniciarem a atividade física, principalmente as de alta intensidade. Detectar precocemente doenças causadores de morte súbita cardíaca e prevenir o desenvolvimento de doenças cardiovasculares são aspectos importantes para definir os próximos passos”.
Nessa mesma linha, a nutricionista Talita Bastos, que também atende na Meu Doutor Novamed Méier, sugere uma avaliação da composição corporal, que pode ser feita por meio do exame de bioimpedância ou antropometria, e a realização de exames bioquímicos, se necessário, para a detecção de doenças associadas a carências e/ou ao excesso de determinados nutrientes e outras substâncias presentes no sangue.
A prática do esporte tem que vir acompanhada de fortalecimento muscular
O ortopedista José Luiz Ramos alerta que “é imperativa a periodização dos treinos com fortalecimento, como musculação e treinamento funcional”. Ele explica que essa prática fortalece o coração, os músculos e melhora o desempenho do atleta.
Pegar leve desde o início também faz parte dos treinamentos. É o que defende a Drª. Danielle Pastura, médica de família: “O ganho, seja de massa muscular e/ou de capacidade física, também vem com o tempo. E é necessário ter parcimônia no início, com expectativas realistas quanto a virar um atleta da noite para o dia.”
E, para garantir a saúde cardiovascular dos atletas amadores, a cardiologista Yasmine Kobayase indica o monitoramento da frequência cardíaca durante os treinos por meio de smartwatches, relógios inteligentes com recursos focados em saúde.
Alimentação a favor do melhor rendimento
Saber equilibrar o que se come pode fazer toda a diferença para os atletas amadores. A nutricionista Talita Bastos explica que as necessidades calóricas diárias ideais podem variar de indivíduo para indivíduo e de acordo com a modalidade escolhida. “Idade, sexo, peso, altura, composição corporal e intensidade do treino influenciam no cálculo das calorias diárias”, diz ela. Os nutrientes devem ser aplicados de forma e na quantidade correta para a necessidade de cada indivíduo.
A nutricionista explica que os carboidratos são importantes para gerar energia no corpo e podem corresponder de 50% a 70% da dieta. Já as proteínas têm um papel importante na síntese muscular e podem representar de 25% a 40% da dieta. Outra importante fonte de energia, segundo a Nutricionista Talita Bastos, é a própria gordura. “Ela (a gordura) também participa da síntese de hormônios produzidos pelo nosso corpo, podendo corresponder de 15% a 25% da dieta”. E complementa: “é importante lembrar que toda essa distribuição de macronutrientes deve levar em consideração a individualidade do atleta, horário, intensidade e duração do treino”.
Para um sistema imunológico fortificado, a nutricionista Talita Bastos recomenda uma alimentação rica em alimentos in natura, como frutas, legumes e verduras, que garantem o aporte de vitaminas e minerais, além do aumento da ingestão de líquidos para melhorar a performance do atleta. E, paralelamente, evitar excessos de alimentos ricos em gorduras saturadas, como os ultraprocessados, consumo de bebidas alcoólicas e alimentos ricos em açúcar.
Lesões musculares: como evitar
Se lesionar costuma estar entre os maiores temores de quem resolve adotar uma rotina esportiva. Para garantir segurança nos treinos, a nutricionista Talita Bastos reforça o valor da alimentação balanceada. “As vitaminas e minerais, como vitaminas do complexo B e C e minerais como ferro, zinco e cálcio possuem uma grande importância na dieta do atleta, pois garantem uma saúde mitocondrial, efeito antioxidante, evitando lesões musculares e melhorando o sistema imunológico, o que garante o aumento de rendimento esportivo”, defende.
O ortopedista José Luiz Ramos ressalta ainda que a prática da fisioterapia e do RPG também é uma vantagem, pois auxilia na prevenção de lesões e acidentes, sendo uma excelente forma de recuperação entre treinos e competições.
Sinais de alerta para urgências médicas
Dor no peito, falta de ar, dormência nos braços, tontura, palpitação e dor incapacitante para a continuidade do exercício estão entre os sintomas de alerta a serem observados durante a prática do exercício. Eles podem indicar alguma patologia ou serem reflexo de um treino mais pesado.
“O principal risco cardíaco em atletas amadores é a morte súbita, que pode acontecer quando há doenças cardiovasculares congênitas ou adquiridas. Nos atletas com menos de 35 anos, a principal doença relacionada é a cardiomiopatia hipertrófica, quando os músculos do coração estão mais espessos e interferem na saúde do órgão. Nos acima de 35 anos é a doença arterial coronariana (infarto)”, ressalta a cardiologista Yasmine Kobayase.
A médica de família Danielle Pastura também reforça que, no caso de dor no peito ou qualquer desconforto torácico, é preciso parar imediatamente a atividade e procurar um serviço de saúde. Outros sintomas, como falta de ar, tontura, sensação de pressão baixa, dor de cabeça intensa, sensação de desmaio, “teto preto”, dormências em braços e na face também devem ser comunicados ao médico de referência o quanto antes.
Além desses riscos, em dias muito quentes, os atletas estão sujeitos a sofrer com desidratação e hiponatremia (desequilíbrio de sódio no sangue), quadros que podem ser fatais se não tratados adequadamente. “Orientamos que atletas de endurance, como maratonistas e triatletas, realizem seguimento nutricional para montarem estratégias de suplementação de eletrólitos nos treinos e competições”, explica a Dra. Yasmine Kobayase.
O ortopedista José Luiz Ramos também chama atenção para a dor e o impacto pós-treino: “Outras condições que não devem ser ignoradas são dor ou limitação incapacitante ao treino e perda de performance, apesar da pessoa estar treinando com frequência. Síndromes virais e dores associadas a alterações neurológicas junto ao esforço de treino, ou logo após, também requerem avaliação”.
Nunca é tarde para começar
A Dra. Danielle Pastura ressalta que a dança, os esportes coletivos e os individuais em geral são indicados para pessoas de diferentes idades. Além disso, pesquisas confirmam que a atividade física tem impacto positivo na saúde mental, melhorando a autoestima, liberando neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina, o que ajuda a prevenir e melhorar os sintomas de condições como depressão, ansiedade e transtorno bipolar.