O ambiente de negócios foi marcado por revoluções e transformações, e a Inteligência Artificial é a mais recente dessas revoluções. Começamos com a primeira revolução industrial, quando tivemos os motores a vapor e aumento na escala de produção, depois na segunda onde a invenção da eletricidade e automação que criaram a indústria e as linhas de produção, e o advento da informática na terceira, que trouxe a tecnologia para dentro dos negócios.
Agora, enquanto navegamos pela Quarta Revolução Industrial, os dados são o novo petróleo, ou melhor dizendo, a informação é o futuro. Com os equipamentos de IoT (Internet of Things), enfrentamos uma avalanche de dados gerados por sistemas conectados. O Big Data surge como área promissora onde empresas devem concentrar seus esforços de forma a se prepararem estrategicamente para o futuro.
Novas profissões surgiram nesse contexto: engenheiros de dados, cientistas de dados e, posteriormente, protetores de dados, à medida que a preocupação com a segurança e o sigilo das informações aumentou. No entanto, ainda havia uma barreira a ser superada: a análise de grandes quantidades de dados estava restrita às grandes corporações, com fartos orçamentos para investimento em tecnologia.
Com a evolução dos microprocessadores, o desenvolvimento das redes neurais profundas e, mais recentemente, a criação de grandes modelos de linguagem os “LLMs” (Large Language Models), tornou-se possível a popularização inteligência artificial como a conhecemos hoje. O grande ponto de virada ocorreu no final de 2022, com o lançamento do ChatGPT ao público em geral. A partir daí a evolução dos modelos nos trouxe oportunidades de analisar grandes quantidades de dados, prever comportamentos com grande assertividade com base em dados, modelar hipóteses e muito mais, tudo isto ao um toque do seu smartphone.
Começamos com a IA generativa, que, por meio de um algoritmo treinado, pode gerar respostas a perguntas, criar textos, imagens e, mais recentemente, com o VEO do Google, produzir vídeos com realismo impressionante. Depois, passamos para a IA como co-piloto, que alavanca a produtividade dos indivíduos, ajudando na revisão de textos, definição de tendências, automatização de tarefas, análise de dados e muito mais. Também temos a IA de automação, que auxilia na gestão de processos e clientes, com chatbots e alimentando CRMs, entre outras funcionalidades.
E qual o desdobramento dessa transformação no ambiente jurídico da sua empresa?
São diversas as implicações no âmbito legal. Apenas ao olhar para as prestações de serviço, já se prevê o desaparecimento de funções, seja pelo acúmulo de responsabilidades por outros profissionais, graças ao ganho de produtividade, seja pela substituição direta por agentes de IA. Isto exigirá a adequação dos contratos de trabalho, além da revisão dos riscos relacionados à segurança da informação. Áreas como governança, risco e compliance terão muito trabalho pela frente.
A relação com fornecedores e prestadores de serviços levanta questões sobre as informações que eles tratam para as empresas. Eles estão utilizando IA na tomada de decisões? Como isso impacta os resultados para sua empresa? A utilização dessa tecnologia foi acordada previamente? Na ponta final da cadeia de negócios, minha empresa poderá ser responsabilizada por eventuais danos causados ao cliente final devido ao mau uso da IA ao longo da cadeia de valor? São diversas perguntas que precisam ser respondidas e acordadas entre as partes.
Agentes financeiros, empresas de software, prestadores de serviços e todos aqueles que operam em uma longa cadeia de dados precisarão rever seus processos, realizar uma avaliação de risco e criar um plano de ação para o caso de algo dar errado. Embora os ganhos de produtividade sejam inegáveis, há uma necessidade urgente de revisão por parte dos profissionais jurídicos, dos fluxos operacionais, processos internos, contratos, políticas compliance e gestão de riscos, para garantir a legalidade das operações e mitigar possíveis passivos futuros.