Alta de 1,23% veio abaixo das expectativas, mas avanço acumulado em 12 meses para 4,96% reforça cautela do Banco Central
O IPCA-15 de fevereiro apresentou alta de 1,23%, levemente abaixo das expectativas do mercado, que projetavam 1,33%. Apesar da surpresa positiva, o índice mostrou uma forte aceleração em relação a janeiro, quando o avanço foi de apenas 0,11%.
Segundo Fernando Bento, CEO e sócio da FMB Investimentos, os principais vetores dessa alta foram os setores de Habitação, impulsionado pelo reajuste das tarifas de Energia Elétrica, e Educação, que segue a sazonalidade típica do início do ano letivo.
“Apesar de o dado mensal ter surpreendido positivamente, a inflação acumulada em 12 meses avançou para 4,96%, reforçando um cenário de inflação persistente e acima do centro da meta do Banco Central (3,00%). Esse quadro pode limitar o espaço para cortes mais agressivos na Selic nos próximos meses, especialmente diante de um mercado de trabalho ainda aquecido e pressões inflacionárias setoriais”, analisa Bento.
A combinação de um mercado de trabalho ainda aquecido e pressões inflacionárias setoriais coloca o BC em uma posição delicada, de acordo com o especialista.
“O resultado gera um alívio pontual, mas não muda substancialmente o desafio da política monetária. O Banco Central seguirá monitorando os núcleos de inflação e os impactos da política fiscal para definir o ritmo dos cortes nos juros”, afirma Bento.
Para os investidores, o momento pede cautela. A atenção deve estar voltada para a curva de juros e para os próximos passos do Copom. “O cenário atual reforça a necessidade de acompanhar de perto a sinalização do Banco Central nas próximas reuniões e ajustar estratégias de investimento de acordo com a postura da política monetária”, conclui o CEO da FMB Investimentos.