Confira análise de Alexandre Lohmann, economista-chefe da Constância Investimentos
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) surpreendeu o mercado ao registrar uma variação de 0,24%, abaixo das expectativas que apontavam para 0,28%. Essa discrepância nos números reflete nuances significativas na economia, conforme analisado pelo renomado economista-chefe da Constância Investimentos, Alexandre Lohmann.
Alimentação no domicílio e os desafios do clima
Uma das principais observações de Lohmann é o aumento de 0,27% nos preços da alimentação no domicílio. Segundo o economista, essa alta tende a persistir até o segundo trimestre do próximo ano, impulsionada pelo fenômeno climático El Niño e fatores sazonais. Essa análise destaca a importância de compreender não apenas os fatores econômicos, mas também os elementos climáticos que podem impactar diretamente a inflação.
Estabilidade nos preços industriais
Apesar da sazonalidade associada ao aumento de preços antes da Black Friday, os preços industriais permaneceram próximos à estabilidade, marcando uma variação de apenas 0,02%. Essa constatação sugere um desempenho robusto nesse setor, mesmo diante de pressões sazonais, conforme aponta o economista-chefe.
Núcleos de inflação e a influência sazonal
O destaque vai para a ligeira alta na média dos núcleos, que subiu para 0,26%, impulsionada principalmente pelo núcleo EX0. Alexandre Lohmann destaca a forte influência sazonal das passagens aéreas nesse contexto, contribuindo significativamente para 55% da aceleração observada.
Tendências na média móvel trimestral
A análise de Lohmann se aprofunda na média móvel trimestral ajustada da sazonalidade, que atingiu 0,28%, aproximando-se do intervalo compatível com a meta estabelecida (0,24%). O gráfico apresenta uma tendência que merece atenção, indicando a necessidade de monitoramento cuidadoso nos próximos meses.
Perspectivas futuras e o papel do Banco Central
Olhando para o futuro, Lohmann antecipa que, com os núcleos de inflação sob controle, a esperada reversão do impacto do El Niño pode contribuir para o retorno da inflação à meta no horizonte relevante, previsto para meados de 2025. Essa previsão, segundo o economista, fornecerá maior conforto ao Banco Central para dar continuidade ao ciclo de cortes na taxa de juros.
A análise de Alexandre Lohmann, todavia, destaca a complexidade dos fatores que influenciam o IPCA, desde questões climáticas até nuances setoriais. Sua visão otimista quanto à retomada do controle inflacionário oferece uma perspectiva valiosa para investidores, analistas e demais agentes do mercado financeiro.