Segundo análise da Allianz Research, cerca de US$ 224 bilhões serão gastos no país este ano em setores diretamente relacionados ao turismo
Um total de 15 milhões de turistas é esperado pela França durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024, que se iniciam na próxima sexta-feira (26). Deste total, 1,5 milhão é de estrangeiros, colaborando para um aumento de mais de 10% nos gastos dos viajantes. O número foi analisado pelo time de economistas da Allianz Research, departamento de análise da Allianz Trade, em um relatório divulgado na semana passada.
No estudo “Olympic Games: The economics of hosting the biggest sporting event in the world”, os autores observam os impactos dos Jogos Olímpicos de Paris em diversos setores da economia, incluindo o turismo. Deixando a pandemia de Covid-19 de lado e voltando a 2019, a França era o país mais visitado do mundo, recebendo 90,9 milhões de turistas e superando a Espanha (83,5 milhões), os EUA (79,4 milhões) e também a Itália (64,5 milhões).
Em 2020, no entanto, o número de turistas caiu pela metade, mas conseguiu se recuperar rapidamente, atingindo 89,7 milhões de visitantes em 2023 (99% do nível pré-pandêmico). Para 2024, impulsionada pelos Jogos Olímpicos, a França deve observar um aumento de cerca de +6,0% a/a, totalizando 95,2 milhões de pessoas visitando o país, um recorde nunca visto antes, de acordo com os autores do estudo.
A capital Paris (incluindo seus subúrbios) recebe o maior número de visitantes por ano. Em 2023, recebeu 47,5 milhões de pessoas (+8% a/a), das quais 55% eram nacionais e 45% internacionais, representados em grande parte por visitantes americanos, britânicos, italianos e chineses.
Aumentos dos gastos entre os turistas
Com o aumento considerável de turistas durante o período dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, os autores afirmam que o evento terá um impacto econômico muito positivo para o país, com todos os setores beneficiando-se do aumento da demanda. O estudo mostra que cerca de US$ 224 bilhões serão gastos no país este ano em setores diretamente relacionados ao turismo, dos quais US$ 80 bilhões serão gastos por viajantes internacionais, um aumento de +10,5% em relação ao ano anterior.
Impacto na hotelaria
A hospedagem tende a representar 43% do total de gastos turísticos, seguida pelo transporte (21%). Embora seja verdade que ambos os setores terão uma demanda alta garantida neste verão, cada um enfrentará desafios diferentes. Enquanto o setor de hospitalidade deve encontrar os preços adequados que não afugentam os visitantes, o transporte aéreo e terrestre deve organizar meticulosamente sua logística para satisfazer as expectativas dos visitantes quanto à mobilidade.
A análise lembra que a França oferece uma ampla variedade de hotéis para todos os tipos de orçamentos, mas recentemente os mais procurados foram os hotéis três estrelas (39% das reservas) e os hotéis quatro estrelas (25%). A oferta é tão diversificada que, mesmo nos meses mais visitados do ano (junho, julho e agosto), a taxa de ocupação hoteleira nunca ultrapassou os 75% (Figura abaixo).
Para efeitos de comparação, a taxa de ocupação de Tóquio 2020 – impactada pela pandemia – foi de apenas 40% durante os Jogos Olímpicos anteriores. Os economistas acreditam que a taxa da França possa saltar para cerca de 78% neste verão, impulsionada pelos Jogos Olímpicos, mas também limitada pelo aumento de outros tipos de acomodação, como aluguéis de apartamentos e quartos por residentes. Encontrar um preço competitivo, mas recompensador deve ser a chave para hotéis e proprietários de imóveis garantirem o maior volume de clientes durante o período.
Conectividade aérea
O estudo aponta ainda que de uma lista de 100 países, a França ocupou o sétimo lugar em 2023 no índice de conectividade aérea (vs. 9º lugar em 2019), de acordo com a IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo), o que significa que o país tem hoje uma melhor capacidade de criar ligações com o resto do mundo do que antes.
No entanto, os autores afirmam que a capacidade dos aeroportos e do pessoal em breve será testada. No verão de 2023, 41,6 milhões de pessoas desembarcaram nos maiores aeroportos da França (Figura 9), o que representou um aumento de +9,4% em relação ao nível registrado no verão de 2022, mas equivalente a 93% do nível de passageiros recebidos no verão de 2019.
“De fato, acreditamos que o tráfego aéreo para o verão de 2024 estará em seu nível mais alto já registrado, e a logística (notadamente o manuseio de bagagens) será o principal desafio para as companhias aéreas, especialmente para aquelas que operam nos aeroportos Charles de Gaulle e Orly em Paris, que juntos respondem por 60% de todas as chegadas aéreas do país. De qualquer forma, como um hub para a rede ferroviária da Europa, Paris está bem conectada a outras capitais europeias por trem, o que deve aliviar parte da pressão sobre os aeroportos de Paris neste verão”, afirmam os autores do estudo.
Essa alta no turismo não deve se limitar apenas ao período dos jogos, entretanto. O país deve continuar florescendo no período pós-Olimpíadas, dado que os Jogos têm a expectativa de receber uma audiência global de 4 bilhões pela TV, o que pode aumentar o interesse pela França. O estudo mostra que o número de turistas em 2025 e 2026 pode aumentar em +3,5% e +4,2%, respectivamente, atingindo um recorde de 103 milhões de turistas em 2026.
Para acessar o estudo completo, clique aqui
