Iniciativa conjunta de Fiesp, SENAI-SP e Sebrae-SP, a Jornada propõe aumento na competitividade de micros, pequenas e médias indústrias por meio da redução de emissões de Gases de Efeito Estufa
A FIESP, o SENAI-SP e o SEBRAE-SP apresentaram, na sexta-feira (22/08), a Jornada de Descarbonização para empresários da região de São José dos Campos. Abrigando um dos mais modernos complexos aeronáuticos do mundo, além das atividades de refino de petróleo, produção de automóveis, equipamentos de transporte e papel e celulose, a região responde por 17,3% das exportações do Estado de São Paulo.
Durante o Encontro, empresas de vários portes e de diversos setores, conheceram de perto as ações que apoiam as indústrias paulistas na transição para um futuro mais sustentável e competitivo.
Na avaliação de Paulo Henrique Schoueri, diretor titular do Departamento de Desenvolvimento Intersindical e vice-presidente da FIESP, preparar as empresas brasileiras para o mercado internacional é uma necessidade. “O Brasil se posiciona como um dos países mais promissores na produção de energia limpa, contando com abundância de biomassa e recursos naturais essenciais para uma matriz energética sustentável — um diferencial valioso para o futuro do planeta”, disse.
Ainda de acordo com o diretor, é chegada a hora de investir para garantir que o Brasil possa continuar exportando. “Os EUA mudaram o foco, mas a Europa, não. E, para vender lá fora, se não tiver controlando as emissões, você vai ser barrado mais cedo ou mais tarde. Andar na frente é necessário. A Ásia mostrou isso, saiu lá de baixo, cresceu na economia. E nós estamos tendo essa oportunidade “, completou Schoueri.
Após a apresentação do Panorama Socioeconômico de São José dos Campos e região, Marcello de Souza, Gerente de Relações com o Mercado do SENAI-SP, detalhou aos empresários o Programa da Jornada de Descarbonização.
“Sem pensar na descarbonização, ou na digitalização, a empresa vai ter muita dificuldade de permanecer no jogo. Com certeza ela vai perder participação no mercado. Temos o grande desafio de sensibilizarmos a pequena empresa para que ela adentre na jornada junto conosco. E estamos à disposição para ajudar”, explicou Marcelo.
A Jornada é composta por consultorias e projetos estruturados em seis etapas que visam à redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE): diagnóstico, gestão de dados, inventário de GEE, otimização de processos, plano de redução e implementação. Para indústrias com faturamento anual bruto de até R$ 8 milhões, o programa é oferecido de forma gratuita.
O evento, realizado na Escola Senai Santos Dumont, contou com a presença do Diretor do Departamento de Empregabilidade e Qualificação ao Trabalhador da Secretaria de Inovação e Desenvolvimento Econômico na Prefeitura de São José dos Campos, Alexsey Rodrigues Neves, do Gerente do Escritório Regional do SEBRAE de São José dos Campos, Paulo Sergio Cereda, e da Gerente do Escritório Regional do SEBRAE de Guaratinguetá, Juliana Chehouan.
Casos de Sucesso
Os participantes também conheceram cases de sucesso da BBC Indústria e Comércio e da RV Soluções Industriais e ainda conferiram as mudanças positivas promovidas pela Jornada de Descarbonização em algumas indústrias participantes do programa.
No bate-papo com a indústria, Lídia Carneiro, representante da PRL, empresa que se dedica à identificação visual de aeronaves e é responsável por 100% das identificações visuais dos aviões Embraer, contou que a Jornada levou à implementação de diversos projetos de melhoria, incluindo oportunidades de redução de custo com foco em resultados.
“Estamos tendo a oportunidade de quantificar o trabalho ambiental que já fazemos desde 2015. Agora, com indicadores. O processo de descarbonização não é fácil. É preciso conhecimento para fazer um bom inventário, principalmente no escopo 3, que inclui os fornecedores. Passamos a entender melhor onde estavam as oportunidades da adequação”, explicou Lídia.
Para Eduardo Piloto, empresário da Techal, que há 20 anos fabrica autopeças, a Jornada tem sido importante porque o setor sempre solicita informações sobre sustentabilidade. “O setor automotivo fala sobre o tema da descarbonização há alguns anos e não tínhamos ideia de como fazer. No nosso primeiro inventário de carbono tomamos um susto, mas foi bom porque mostrou alguns problemas a resolver. Começamos a mostrar para o cliente que estamos trilhando o caminho da sustentabilidade. Acredito que a matriz energética pode ser a grande bandeira da indústria brasileira para se posicionar. Vejo uma oportunidade”, pontuou.
Até 2035, o Brasil tem como meta reduzir as emissões de GEE entre 59% e 67% em relação a 2005, conforme sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) no Acordo de Paris. Em São Paulo, o objetivo é alcançar a neutralidade de carbono até 2050, conforme o compromisso firmado na campanha Race to Zero, da ONU (Organização das Nações Unidas).
“Nosso trabalho é apoiar as micro, pequenas e médias empresas a identificarem oportunidades viáveis para implementação de ações relacionadas à descarbonização, dando o primeiro passo rumo a uma produção mais verde e competitiva e se preparando, inclusive, para os impactos regulatórios”, finalizou Schoueri.
Escola Móvel de Economia Circular
Durante o evento, os participantes também conheceram as instalações da Escola Móvel de Economia Circular do SENAI-SP. Idealizada para promover a capacitação, o treinamento e a disseminação de conhecimento sobre o tema, a unidade aborda a temática com aula imersiva sobre os principais conceitos da economia circular, que propõe uma mudança de mentalidade ao repensar produtos e serviços, desde o projeto até a revisão de modelos de negócio.
A escola móvel também é uma oportunidade para fortalecer a colaboração global e envolver empresas no desenvolvimento de um futuro sustentável pautado pela Economia Circular, um conceito cada vez mais relevante e imprescindível atualmente. A unidade estará presente em todos os eventos da Jornada de Descarbonização.