Especialista alerta para atendimentos feitos em nome das operadoras, mas sem autorização delas, para capturar senhas e usar em procedimentos ilegais
A recente notícia de que os juízes estão atuando para isentar o pagamento por parte das operadoras de saúde a pedidos de reembolso feitos por clínicas e laboratórios, em lugar dos pacientes, vem ao encontro de uma necessidade sentida pelo mercado que viu crescer assustadoramente o volume de golpes e abusos causados por essa prática após a pandemia.
O Vice-presidente de Inteligência para Saúde da Neurotech, Marco Antunes, explica que os casos que têm chegado à justiça se referem a situações nas quais as empresas (clínicas e laboratórios) criam formas de atendimento que, parecem ser feitos pelas próprias operadoras, mas na verdade não são. Desta forma, elas capturam as senhas e outras informações dos beneficiários nos ambientes dos aplicativos e passam a fazer contato direto com as operadoras como se fossem os próprios beneficiários pedindo reembolsos, sem que o usuário do serviço nem sequer saiba disso.
“No princípio era uma estrutura pequena, formada por uma ou duas pessoas com o pretexto de ajudar a clínica a auxiliar seus clientes neste processo. Mas, com o passar do tempo, elas foram crescendo e já ameaçam se tornar uma verdadeira indústria se a prática não for combatida”, diz.
Antunes afirma ainda que alguns médicos estão permitindo que isso ocorra sem saberem que se trata de uma fraude ou , no mínimo, de um abuso. “O judiciário está corretíssimo em coibir, já que essa atitude transforma tanto a operadora quanto o beneficiário em vítimas. É um comportamento que causa grande prejuízo e, em última instância, acaba se revertendo em aumento de preços para o próprio consumidor porque a operadora é obrigada a repassar as perdas para os custos de seus produtos”, afirma.
Marco Antunes acumula funções de diretoria em companhias como SulAmérica e Porto Seguro. Além disso, o executivo teve participações ativas em fóruns como Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde) e Câmara de Saúde Suplementar. Ele também foi membro do Comitê Técnico do Instituto de Estudo de Saúde Suplementar (IESS).