Virgilio Marques dos Santos, fundador da FM2S, aponta práticas de líderes que promovem motivação e impulsionam resultados
Na Harvard Business Review de abril de 2025, foi destacada uma pesquisa publicada na revista científica Organization Science, que investigou como o momento em que líderes expressam emoções — positivas ou negativas — afeta o desempenho das equipes. O estudo analisou 9.968 consultores de uma grande firma de serviços profissionais e 245 atletas universitários da NCAA (National Collegiate Athletic Association). Os resultados mostraram que expressões de apoio, entusiasmo e reconhecimento já na fase inicial de projetos geram equipes mais criativas, colaborativas e motivadas ao longo de todo o ciclo de trabalho.
Virgilio Marques dos Santos — sócio‑fundador da FM2S Educação e Consultoria, gestor de carreiras e PhD pela Unicamp — destaca que esses resultados vão muito além do clichê do “bom clima”. “É uma questão estrutural de liderança: a positividade que um líder demonstra no começo cria o terreno para a segurança psicológica, um conceito que não pode ser negligenciado“, afirma.
Segundo a teoria da segurança psicológica, formulada pela pesquisadora Amy Edmondson, o ambiente psicológico no qual o indivíduo está inserido determina o quanto ele se sente à vontade para expor ideias, admitir erros e experimentar soluções novas sem medo de punição, ridicularização ou exclusão. “Quando esse ambiente está ausente, as pessoas tendem a se calar, limitando o potencial criativo do grupo e tornando o espaço de trabalho um campo minado de medo e desconfiança”.
Santos detalha: “Quando o líder manifesta apoio, escuta de forma genuína e demonstra receptividade desde os primeiros encontros, ele reduz as barreiras emocionais do time. É essa redução de medo que permite a livre troca de ideias — a base para a inovação e a execução ágil.”
O impacto dessa abordagem, segundo os pesquisadores, é relevante e mensurável, colocando a positividade inicial do líder como um fator estrutural para o desempenho e a coesão das equipes.
Mas como colocar a liderança positiva em prática?
Santos recomenda algumas ações essenciais para líderes nos primeiros encontros de trabalho:
– Escuta ativa e profunda, que demonstra interesse real pelas contribuições individuais, fortalecendo a sensação de pertencimento;
– Reconhecimento imediato das pequenas conquistas, porque validar o esforço desde o começo gera motivação duradoura;
– Entusiasmo autêntico pelo trabalho do grupo — as pessoas percebem quando o líder está realmente engajado, e isso estimula o comprometimento coletivo;
– Uso consciente do humor, para aliviar tensões e facilitar o diálogo aberto;
– Ambientes livres de julgamentos, onde as ideias possam circular sem medo, fomentando a diversidade de pensamento.
“Esses elementos são estratégias imprescindíveis para construir equipes que performam com consistência e inovação”, pontua.
Além do líder formal, o papel dos chamados “líderes informais” também merece atenção. São colaboradores que, mesmo sem cargo de gestão, promovem a cultura positiva ao valorizar iniciativas e celebrar avanços no dia a dia, ampliando o impacto da liderança e fortalecendo o clima interno.
Para quem está liderado, o gestor reforça: “Você também pode influenciar o ambiente ao seu redor. Reconheça colegas, celebre vitórias, mantenha a leveza. Afinal, liderança é uma via de mão dupla”, finaliza.