Confira artigo da Dra. Thais Jorge, Diretora da Bradesco Saúde
Nos últimos anos, temos testemunhado a queda na natalidade e o aumento da expectativa de vida entre os brasileiros. O percentual de idosos no país superou a taxa global, e o envelhecimento da nossa sociedade deve seguir em ritmo cada vez mais acelerado ao longo das próximas décadas.
Os dados do Censo do IBGE divulgados recentemente mostram que a parcela de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57% no Brasil na comparação entre 2010 e 2022, e já representa cerca de 11% da população. A estimativa é de que, no mundo, o total de pessoas dessa faixa etária deva dobrar no planeta nos próximos anos, passando de 761 milhões em 2021 para 1,6 bilhão em 2050, como aponta o Relatório Social Mundial 2023 da ONU.
A longevidade é um tema que intriga a humanidade. Por isso, cientistas e acadêmicos vêm estudando os fatores de prolongamento da vida, buscando entender até quando podemos chegar. Um desses estudos, publicado na Nature Communications em 2021 por um grupo de pesquisadores, sustenta que a expectativa máxima de vida é 120 a 150 anos. Consideram que, ao longo da vida, o corpo humano sofre um processo de declínio natural, levando cada vez mais tempo para se recuperar, até esse limite temporal.
Outro ensaio, assinado por cientistas da Universidade da Geórgia e da Universidade do Sul da Flórida na revista PLOS One, afirma que que a duração máxima da vida humana não é fixa e que ainda não chegamos ao limite máximo da longevidade. Até hoje, o recorde de longevidade é da francesa Jeanne Calment, que viveu 122 anos e finou em 1997.
As pessoas anseiam por vidas longevas e saudáveis. Alcançar o centenário deixa, cada vez mais, de ser uma raridade e torna-se uma possibilidade. E os avanços na medicina, bem como melhores condições de vida e uma compreensão mais profunda das medidas de cuidado essenciais, desempenham um papel fundamental nesse notável aumento da expectativa de vida.
Envelhecer é mesmo um processo natural. Mas poder percorrer essa jornada com qualidade, celebrando cada aniversário com saúde, depende das escolhas de cada indivíduo durante todas as fases. Promover mudanças no estilo de vida e construir bons hábitos pode auxiliar na conquista da longevidade saudável. E isso demanda uma reavaliação de como planejamos nossa vida, carreira e aposentadoria. E, também, de como sustentamos as nossas escolhas ao longo da nossa caminhada.
O processo de busca por uma vida de qualidade é contínuo e não tem hora para começar, como mostra o estudo realizado pela Carle Illinois College of Medicine, nos Estados Unidos. O levantamento, publicado este ano, apresenta os ganhos na expectativa de vida associados a escolhas individuais, mesmo que a adoção desses hábitos seja uma pequena mudança aos 40, 50 ou 60 anos. Após analisar mais de 700 mil pacientes dos Estados Unidos, entre 2011 e 2019, os pesquisadores identificaram oito hábitos que podem aumentar significativamente a expectativa de vida. Dentre eles, manter uma alimentação saudável; praticar atividades físicas regularmente; evitar o excesso no consumo de álcool; e aprender a lidar com o estresse.
Diante do aumento da expectativa de vida, torna-se primordial envelhecer com saúde. A longevidade nos convida a repensar nossos valores individuais e como população, cuidando melhor das pessoas, do meio ambiente e promovendo uma sociedade mais atenta ao cuidado, para que dessa forma possamos desfrutar uma vida plena. A questão não é mais se a longevidade será uma realidade. Mas, sim, como vamos escolher viver esses anos. E essa decisão começa hoje.