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Mais do que reabilitação: Fisioterapia como suporte emocional a mulheres que passaram por mastectomia

Mais do que reabilitação: Fisioterapia como suporte emocional a mulheres que passaram por mastectomia / Imagem gerada por Inteligência Artificial
Imagem gerada por Inteligência Artificial

Professora da UNIASSELVI explica como a reabilitação vai além do físico, ao oferecer acolhimento e resgate da autoimagem de pacientes

A jornada após uma mastectomia é, para muitas mulheres, um reinício com diversos desafios físicos e emocionais. O tratamento do câncer de mama exige não apenas a superação da doença, mas também a reabilitação da autoimagem, da funcionalidade do corpo e da rotina diária. A fisioterapia oncológica surge neste cenário como um pilar importante que, além de recursos especializados para garantir uma recuperação mais segura e completa, oferece acolhimento e suporte emocional.

Em entrevista, a fisioterapeuta Viviane Hadlich, coordenadora de curso de Fisioterapia da UNIASSELVI, e profissional com 26 anos de experiência na área, destacou a importância do trabalho na recuperação pós-mastectomia, enfatizando que ele vai muito além da recuperação muscular.

O impacto da mastectomia

Viviane Hadlich ressalta que as pacientes chegam à fisioterapia com uma identidade feminina “totalmente perturbada”. A remoção de parte do seio ou do seio inteiro – um componente fortemente ligado à identidade feminina à maternidade e ao acolhimento – abala emocionalmente. “Ela [paciente] vem com medo de mexer o braço, vem com aquela postura de proteção. Ela tem que se redescobrir. Na realidade, ela precisa recomeçar, e de um ponto que ela nunca esteve”, explica a especialista.

O medo de não ser vista mais como mulher, a preocupação com a família e o receio de movimentar o corpo se somam à dor física e à exaustão de tratamentos, como quimioterapia e radioterapia, que frequentemente ocorrem em paralelo à reabilitação.

Principais recursos usados na reabilitação

O objetivo central é o restabelecimento do movimento do braço, prevenindo complicações como o “ombro congelado”, resultado da imobilidade por medo. Para isso, Viviane Hadlich cita os principais recursos utilizados no processo de reabilitação:

  • Drenagem linfática manual: fundamental para prevenir e tratar o linfedema, inchaço do braço causado pela retirada dos linfonodos axilares, que são vias de drenagem. A técnica estimula o corpo a encontrar outros caminhos para a circulação linfática, aliviando a sensação de braço pesado e dor;
  • Exercícios terapêuticos: Ensino de movimentos mais seguros que recuperam a amplitude de movimento do ombro e braço;
  • Acompanhamento e orientação: A paciente precisa aprender a lidar com um braço que não será mais o mesmo. A área cirúrgica e o braço correspondente sempre serão mais suscetíveis a inflamações e infecções. Hadlich alerta para a necessidade de cuidados contínuos e de longo prazo para evitar traumas simples que podem levar a complicações, como picadas de mosquito, cortes de manicure ou queimaduras na cozinha.
  • Recursos tecnológicos: O uso de luvas pneumáticas (pressoterapia) é uma novidade que complementa a drenagem manual, aplicando uma compressão sequencial que impulsiona a linfa do distal (mão) para o proximal (ombro).

Espaço seguro para trocas

Além dos benefícios físicos, o papel do fisioterapeuta é de acolhimento e escuta ativa. “Elas esperam o dia para vir porque se sentem acolhidas,” comenta a especialista sobre a ausência de resistência emocional aos tratamentos. A troca de experiências entre pacientes e o ambiente de cuidado e proximidade transformam a sessão em um ambiente seguro.

A fisioterapeuta conta que acompanhou uma de suas pacientes desde a descoberta do câncer – uma jovem mãe de três filhos, que durante o tratamento, também teve que lidar sérias questões de saúde de seus pais. “Para mim, ela é um exemplo de superação. Além de ter força para ela, conseguiu dar força para a mãe e não abandonar os filhos”, afirma Viviane.

Quanto à fisioterapia oncológica, Viviane Hadlich vê um futuro promissor, com técnicas cirúrgicas e protocolos de reabilitação cada vez mais integrados e com profissionais mais preparados. No entanto, o desafio, ainda está em levar a informação e facilitar o acesso ao tratamento, que é oferecido em redes como o SUS e as Redes Femininas de Combate ao Câncer.

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