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MAPFRE Economics estima crescimento real do PIB do Brasil em 2,7% no fim de 2022

MAPFRE Economics estima crescimento real do PIB do Brasil em 2,7% no fim de 2022 / Divulgação
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Indicadores econômicos do terceiro trimestre geraram novas perspectivas para o País, mas, em 2023, previsão é de apenas 0,9% de crescimento

Em sua mais recente atualização do estudo “Panorama Econômico e Setorial 2022: Perspectivas para o 4º Trimestre”, a MAPFRE Economics – área do Grupo MAPFRE dedicada a pesquisas e análises sobre seguros, previdência, macroeconomia e finanças – elevou, pelo segundo trimestre consecutivo, a previsão para o crescimento real do PIB do Brasil.

A partir de indicadores econômicos até o terceiro trimestre, o levantamento aponta que a economia brasileira crescerá 2,7% no final deste ano. Em agosto, a área de pesquisas da seguradora havia previsto crescimento de 1,1%, enquanto, em maio, a estimativa era de apenas 0,7%.

De acordo com o estudo, o consumo privado continua forte (5,3%) e o investimento resiste à crise (1,6%). “A economia brasileira surpreende positivamente em 2022. No início do ano, o crescimento do PIB era estimado em torno de 0,7%, mas o desempenho até agora elevou a estimativa para 2,7%”, comenta Manuel Aguilera, CEO da MAPFRE Economics.

Para os próximos trimestres, o levantamento aponta que a produção industrial deverá sofrer com os custos da energia, mas em menor grau do que na Europa. O indicador de confiança da indústria (Fundação Getúlio Vargas) foi negativo em setembro (-6,8), e as pesquisas de gerentes de compras (PMIs) de setembro, embora piorando, seguem em território positivo: o composto em 51,9, manufatura em 51,1 e serviços em 51,9 pontos. “Desta forma, embora o final de 2022 venha a ser melhor do que o esperado, estimamos uma desaceleração no último trimestre do ano e no primeiro do próximo, este com um crescimento trimestral negativo. Os altos custos de energia, inflação e condições financeiras mais apertadas, inevitavelmente, afetarão o desempenho econômico do Brasil em 2023, portanto, esperamos que o crescimento desacelere para 0,9%”, avalia Aguilera.

No que diz respeito à inflação, a pesquisa mostra sinais de moderação por conta da queda por três meses consecutivos, de um máximo de 11,9% em junho para 7,2% em setembro. Os itens com maiores aumentos de preços continuam sendo alimentos (11,7%), bens de consumo (11,5%) e vestuário (19,2%).

Na aferição da MAPFRE Economics, como o Banco Central, em sua reunião de outubro, manteve a taxa de juros Selic em 13,75%, considera-se que há riscos em ambas as direções e que as decisões futuras dependem do cenário de desinflação desejado e da evolução dos preços das commodities, e a suavização das oscilações da atividade econômica e do emprego. “Com a inflação em moderação, o BC terá espaço para cortes de juros em 2023. Os riscos para a economia brasileira são de baixa e se concentram em: aumento dos preços das commodities; uma desaceleração da atividade econômica mais rápida do que o esperado; a reversão do apoio à economia ativado nos últimos dois anos; a continuidade das pressões inflacionárias e a redução da atividade global e, no médio prazo, o equilíbrio das contas públicas”, explica Manuel Aguilera. “Do lado positivo, o Brasil é uma economia menos aberta do que os países ocidentais e, portanto, pode estar um pouco mais isolada da crise esperada na economia global”, acrescenta.

Previsões para o mercado segurador brasileiro

Com as estimativas de crescimento revistas em alta para o fim deste ano, suportado pelo consumo interno, a MAPFRE Economics ressalta que o desempenho melhor do que o esperado da economia brasileira está refletindo em seu mercado segurador. No ramo Não Vida, em especial, houve notável crescimento em seu volume de negócios no primeiro semestre do ano, com uma recuperação significativa em todas as linhas de negócio, com destaques para os seguros Auto e Rural. Por outro lado, a inflação começa a se moderar, o que pode ajudar a melhorar a rentabilidade das seguradoras.

No entanto, as perspectivas para o setor segurador em 2023 são complicadas, em resultado do abrandamento econômico previsto, num ambiente de condições de financiamento difíceis devido às taxas de juros elevadas, o que poderá travar o crescimento do mercado segurador. Em relação às taxas de juros, o estudo destaca que que o Banco Central do Brasil foi um dos primeiros a mudar sua orientação para o aperto da política monetária, antecipando em um ano o caminho que a maioria dos bancos centrais seguiria. “Nesse processo de aperto da política monetária, principalmente no ambiente tarifário, o cenário torna-se altamente favorável ao desenvolvimento do negócio de seguros de vida e rendas vitalícias, como instrumento utilizado pelas famílias para se protegerem da subida da inflação, com taxas de juros que parecem ter atingido um teto e oferecem rendimentos significativamente superiores do que os últimos dados de inflação, de modo que as taxas de juros reais são claramente positivas”, observa Manuel Aguilera.

Perspectivas para a economia mundial

A MAPFRE Economics avalia que a economia mundial crescerá em 2022 um pouco mais do que se tinha previsto anteriormente: de 3,0% para 3,2%. No entanto, estima um maior impacto em 2023, com um aumento menor, de 2,7%. Os dados sugerem que, a partir do último trimestre deste ano, a desaceleração econômica começará a ser sentida como resultado da elevada inflação, do preço da energia, do endurecimento da política monetária e da guerra na Ucrânia.

Segundo o estudo, esse impacto será maior na Europa do que nos Estados Unidos. As estimativas dos especialistas da MAPFRE Economics apontam que a zona do euro terá três trimestres consecutivos de contração, o que implica que o PIB ficará em torno de zero no próximo ano. Também se espera que o país norte-americano inicie 2023 em recessão e que se recupere para a primavera, de forma que terminaria o próximo ano com um modesto crescimento de 0,2%. Estas cifras, no entanto, podem piorar caso não cesse a escalada inflacionária e continuem endurecendo as condições financeiras; nesse caso se prevê uma queda de -0,5% para os EUA e de -0,3%, para a zona do euro.

No caminho oposto do resto das economias, a pesquisa prevê que a China tenha um crescimento menor em 2022 do que no próximo ano. As estimativas sugerem que o PIB deste ano será de 3,2% pelo impacto da política de Covid zero e que crescerá até 5,0% em 2023. De qualquer forma, as tensões com os Estados Unidos, a disputa pela independência de Taiwan e as vulnerabilidades financeiras mantêm uma elevada incerteza no âmbito internacional.

Outro fator de alta incerteza é a dívida. O relatório determina que, em um contexto em que os sucessivos aumentos das taxas de juros por parte das principais economias para combater a inflação se consolidam, a sustentabilidade da dívida começa a deteriorar-se rapidamente. O temor é maior entre os países emergentes, mas há também uma ponderação entre as grandes economias.

Impacto no setor de seguros mundial

O aperto da política monetária nas principais economias desenvolvidas e em boa parte das emergentes está causando fortes ajustes nos mercados financeiros e seus efeitos começam a ser transferidos mais fortemente para a economia real na forma de menor crescimento, embora os mercados de trabalho continuem fortes. Na avaliação da MAPFRE Economics, atualmente, as políticas monetárias restritivas não estão conseguindo reverter o processo de perda de poder aquisitivo e a inflação continua alta, portanto, o cenário de política monetária agressiva nos próximos meses e entrada em recessão nas principais economias mundiais é cada vez mais provável, o que impactará negativamente os mercados seguradores, que enfrentam um cenário complexo.

Como observado pela pesquisa, a incerteza gerada pela guerra na Ucrânia e a tensão nos preços da energia continuam a ter um efeito marcante na Europa, com a inflação atingindo máximas históricas na zona euro, o que afeta o desenvolvimento do negócio no setor segurador cujo crescimento em prêmios não é capaz de vencer a alta inflação, pressionando os preços dos seguros e diminuindo a sua rentabilidade. O setor automóvel começa a superar os problemas de escassez de semicondutores e insumos que pesavam nas matrículas, mas enfrenta agora condições mais difíceis para o financiamento da aquisição de veículos novos, situação que pode continuar a atenuar o negócio do seguro automóvel – que ainda não dá sintomas claros de recuperação. Do lado positivo, o ambiente de negócios melhora para os seguros de vida e rendas tradicionais, com taxa de juro garantida, e para os seguros de saúde, com uma maior sensibilização das famílias e empresas para a necessidade de complementar as coberturas oferecidas pelos sistemas públicos de saúde.

Por outro lado, as principais bolsas mundiais sofreram uma forte contração desde o início deste ano e um aumento da sua volatilidade. Esta situação, aliada a uma possível entrada em recessão num ambiente de política monetária restritiva, complica as perspectivas para o desenvolvimento de produtos de seguros de Vida em que o tomador assume o risco do investimento, que deve adaptar-se a um novo ambiente de menor liquidez e queda nos mercados financeiros, ou seja, uma renda fixa que oferece taxas de juros mais altas e prêmios de risco mais alinhados com o risco de crédito das emissões – que está aumentando.

Nos mercados emergentes, em particular na América Latina, as estimativas de crescimento de algumas das suas principais economias foram revistas em alta para este ano e em baixa em 2023, cujas previsões continuam a apontar para um arrefecimento significativo, causado pelo aperto das condições econômicas e perda de poder aquisitivo das famílias como resultado da alta inflação. É o caso de países como o Brasil ou o México, em que o melhor desempenho econômico de 2022 se reflete nos respetivos mercados seguradores, sobretudo no negócio Não Vida, com um crescimento significativo no primeiro semestre e uma notável recuperação de todas as linhas de negócios, algumas superando a alta inflação. No entanto, o panorama do setor segurador para 2023 é complicado devido ao abrandamento econômico, num ambiente de condições de financiamento difíceis devido aos elevados níveis de taxas de juros, que poderão travar o crescimento no mercado de seguros Não Vida.

O relatório completo da MAPFRE Economics, em espanhol, está disponível neste link.

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