Segundo os dados da entidade, fundos de renda fixa foram os que mais performaram e receberam recursos durante o período
O setor de fundos de investimento teve um resultado positivo de R$ 26,8 bilhões na segunda semana de setembro, totalizando R$ 36,8 bilhões no mês. Os fundos de renda fixa foram os que mais receberam recursos, com R$ 24,7 bilhões, sendo que os fundos que aplicam em papéis públicos de curta duração ou de baixo risco de crédito representaram R$ 13,8 bilhões desse valor.
Outras categorias de fundos que se destacaram foram os FIDCs, que captaram R$ 4 bilhões, mas com a influência de um único fundo que recebeu esse montante; os fundos de previdência, que somaram R$ 749,6 milhões; os ETFs, que atraíram R$ 540,5 milhões; os FIPs, que obtiveram R$ 179,3 milhões; e os cambiais, que registraram R$ 9,3 milhões.
Em contrapartida, os fundos multimercados e de ações tiveram saídas líquidas de R$ 3,2 bilhões e R$ 225,4 milhões, respectivamente. No caso dos fundos de ações, um fundo específico foi o responsável por R$ 174 milhões dos resgates na semana.
Segundo a sócia da HCI Invest e planejadora financeira certificada pela Planejar, Nayra Sombra, o aumento da captação dos fundos de renda fixa na segunda semana de setembro reflete a busca dos investidores por ganhos acima do CDI, mas ainda assim com certa segurança diante do cenário de incertezas internas e externas. “Os fundos que investem em títulos públicos de curto prazo ou de baixo risco de crédito são os mais procurados porque oferecem alta liquidez com baixa volatilidade”, explica.
A especialista também comenta que a decisão do Copom de reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, chegando a 12,75% ao ano, afetou significativamente a demanda por esses fundos, dado o indício de que a taxa básica de juros deve continuar caindo no mesmo ritmo nos próximos ciclos. “Dado o cenário, a aplicação nestes fundos também tem como benefício a diversificação em um único instrumento com uma gestão ativa e profissional, já que a opção de investir diretamente em papéis nem sempre atende ao investidor porque a depender do valor a ser investido, não há como realizar uma diversificação eficiente entre emissores, ativos, estratégias e vencimentos.”
A planejadora conclui que “como os fundos estão posicionados em ativos com diferentes taxas e vencimentos, o carrego que trazem fará a diferença para os investidores que estão aplicando agora, uma vez que no mercado as taxas já refletem o novo cenário”.
Por outro lado, Sombra observa também que os fundos multimercados e de ações tiveram saídas líquidas na semana passada, indicando uma menor disposição dos investidores em assumir riscos. Ela atribui esse comportamento à instabilidade do cenário doméstico e internacional, que afeta o desempenho das empresas e dos mercados acionários.
Em relação a isso, ela recomenda cautela e uma análise criteriosa antes de investir nesses fundos. “Em termos múltiplos, o Ibovespa continua a ser negociado abaixo da sua média histórica, atualmente o índice negocia a 8 vezes o preço sobre o lucro, contra uma média de 11 vezes. Contudo, sempre vale ressaltar que estes investimentos podem apresentar alta volatilidade e perdas no curto prazo, sendo importante se atentar ao seu perfil de investidor, percentual de alocação e prazo, além de realizar um estudo mais aprofundado sobre o fundo, como a casa, o gestor e a estratégia utilizada”, conclui.