Mercado de trabalho brasileiro atinge 102,3 milhões de empregados

Foto por: Amy Hirschi/ Unsplash Images
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O desemprego no Brasil caiu para 5,8% durante o segundo trimestre, com 1,3 milhão de pessoas recuperando seus empregos

O emprego é um dos principais indicadores da saúde econômica de um país. Quando o mercado de trabalho cresce, não só diminui a vulnerabilidade das famílias, também aumenta a capacidade de consumo e se fortalecem as perspectivas de crescimento. No Brasil, os números mais recentes sobre o desemprego confirmam uma tendência de melhora que consolida o segundo trimestre de 2025 como um dos momentos mais sólidos desde o início dos registros modernos, em 2012, com indicadores que refletem tanto a criação de empregos quanto uma redução significativa na população desocupada.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego ficou em 5,8% entre abril e junho, a mais baixa da série histórica. O dado contrasta com os 7% observados no primeiro trimestre do ano e com os 6,9% registrados no mesmo período de 2024.

Em termos absolutos, 6,3 milhões de pessoas permaneceram sem emprego, o que representa uma redução de 1,3 milhão em relação ao trimestre anterior e de 1,1 milhão em comparação com o ano anterior. Esse comportamento reflete uma diminuição de 17,4% e 15,4%, respectivamente, e é complementado por um aumento da população ocupada, que atingiu um recorde de 102,3 milhões de trabalhadores.

O crescimento do emprego foi generalizado, embora com diferenças regionais. Em 18 dos 27 estados federativos, a taxa de desemprego caiu, enquanto nos nove restantes permaneceu estável. Santa Catarina liderou com o nível mais baixo (2,2%), seguida por Rondônia (2,3%) e Mato Grosso (2,8%). No outro extremo, os índices mais elevados foram registrados em Pernambuco (10,4%), Bahia (9,1%) e no Distrito Federal (8,7%).

Os dados também evidenciam disparidades relacionadas ao gênero, cor da pele e nível educacional. Enquanto a taxa de desemprego masculino foi de 4,8%, a feminina ficou em 6,9%, confirmando uma lacuna persistente. Em termos raciais, os brancos registraram 4,8%, abaixo da média nacional, enquanto os negros atingiram 7% e os mestiços 6,4%.

Por sua vez, a educação se destacou como um fator decisivo, já que aqueles que não concluíram o ensino médio chegaram a enfrentar taxas de 9,4%, enquanto entre aqueles com diploma superior o número caiu para 3,2%. A diferença educacional é ainda mais clara quando comparada com aqueles que não concluíram o ensino superior, grupo que apresenta 5,9% de desemprego, quase o dobro daqueles que concluíram o curso.

O mercado de trabalho brasileiro não só mostrou mais dinamismo em termos de criação de empregos, mas também na redução do tempo de procura. Em todas as faixas de duração do desemprego se observou uma queda em relação a 2024, e alguns segmentos chegaram mesmo a mínimos históricos desde 2012.

O mercado de trabalho brasileiro não só mostrou mais dinamismo em termos de criação de empregos, mas também na redução do tempo de procura. Em todas as faixas de duração do desemprego foi observada uma queda em relação a 2024, e alguns segmentos chegaram mesmo a atingir mínimos históricos desde 2012.

Nesse sentido, destaca-se o retrocesso de 23,6% entre as pessoas que estavam há dois anos ou mais à procura de emprego; no entanto, ainda há 1,3 milhão nessa situação, o que revela que a reinserção no mercado de trabalho continua sendo um desafio para grupos específicos. Durante esses períodos de dificuldade, muitas famílias recorrem a empréstimos pessoais ou linhas de crédito como estratégia para cobrir as despesas diárias diante da falta de renda, o que destaca a importância de manter um mercado de trabalho estável e acessível.

Outro aspecto importante é o desânimo no mercado de trabalho. No segundo trimestre, 2,8 milhões de brasileiros deixaram de procurar emprego, apesar de quererem trabalhar, uma queda de 13,7% no trimestre e de 14% na comparação anual. No entanto, as diferenças entre os estados são notórias: Maranhão atingiu 9,3% de desalentados, seguido por Piauí (7,1%) e Alagoas (6,9%), enquanto em Santa Catarina a proporção foi de apenas 0,3%. Essas divergências sugerem que a estrutura produtiva e a disponibilidade de empregos formais desempenham um papel fundamental na percepção das possibilidades de inserção.

A formalidade avançou com força. O número de assalariados com contrato de trabalho atingiu 39 milhões, o maior número da série histórica. Isso implica um aumento de 357 mil trabalhadores no trimestre e de 1,4 milhão em comparação com 2024. Em termos relativos, 74,2% dos empregados do setor privado tinham contrato formal, embora com diferenças regionais notáveis: Santa Catarina liderou com 87,4%, seguida por São Paulo (82,9%) e Rio Grande do Sul (81,2%), enquanto Maranhão atingiu apenas 53,1%.

Mesmo com o crescimento do emprego formal, a informalidade continua elevada. No trimestre, 37,8% da população ocupada trabalhava sem contrato formal, o que equivale a 38,7 milhões de pessoas. As taxas mais altas foram registradas no Maranhão (56,2%), Pará (55,9%) e Bahia (52,3%). Em contrapartida, Santa Catarina voltou a se destacar com a menor taxa (24,7%), juntamente com o Distrito Federal (28,4%) e São Paulo (29,2%). O peso da indústria na economia catarinense, com 23% da população ocupada neste setor, explica em grande parte sua maior capacidade de gerar empregos formais.

É importante ressaltar que o aumento do emprego foi acompanhado por uma melhora na renda. O salário médio real atingiu R$ 3.477, o nível mais alto registrado pela PNAD, com um aumento de 1,1% no trimestre e de 3,3% no ano. A renda total habitual de todos os empregos atingiu R$ 351,2 bilhões, um recorde histórico. A região Sudeste foi a que apresentou maiores avanços, com um aumento de 1,8% em relação ao trimestre anterior e de 2,8% em relação a 2024, enquanto em outras regiões os valores permaneceram estáveis.

Outro indicador positivo foi a queda da subutilização do trabalho, que mede não apenas os desempregados, mas também aqueles que trabalham menos horas do que desejam ou estão disponíveis, mas não procuram emprego. A taxa caiu para 14,4%, a mais baixa da série, o que equivale a 16,5 milhões de pessoas. No mesmo trimestre de 2024, esse indicador havia atingido 16,4%, o que confirma um progresso sustentado na eficiência do mercado.

O IBGE atribui esses avanços a um contexto de maior dinamismo econômico, com setores que absorvem mão de obra e políticas que favorecem a formalização. A atualização da PNAD, com base nos resultados do Censo de 2022, também permitiu uma medição mais precisa da realidade trabalhista, o que reforça a validade dos recordes alcançados.

A situação dos jovens no mercado de trabalho

Um capítulo especial no panorama laboral brasileiro é o vivido pelos jovens, um grupo historicamente mais vulnerável ao desemprego e à informalidade. De acordo com o estudo Empregabilidade Jovem Brasil, elaborado pelo Centro de Integração Escola-Empresa (Ciee) em conjunto com o Ministério do Trabalho e Emprego, a taxa de desemprego entre os jovens de 14 a 24 anos apresentou uma forte redução nos últimos anos. Se no quarto trimestre de 2019 o desemprego atingia 25,2%, no mesmo período de 2024 o número caiu para 14,3%. Em termos absolutos, isso significou passar de 4,8 milhões de jovens desempregados para 2,4 milhões, ou seja, metade em apenas cinco anos.

A melhoria foi especialmente visível na região Sudeste, onde a taxa caiu de 26,5% para 14%, e no Sul, que passou de 17,5% para 8,2%. Também houve avanços importantes no Centro-Oeste, que reduziu o desemprego juvenil de 23,5% para 12,5%, enquanto no Nordeste e no Norte a queda foi mais lenta, embora ainda significativa, com reduções de 29,3% para 18,9% e de 21,9% para 14,7%, respectivamente.

O estudo destacou que o número de jovens entre 18 e 24 anos que não estudam nem trabalham está no nível mais baixo da série histórica, representando 5,3 milhões de pessoas, um indicador-chave para compreender as oportunidades de inclusão produtiva.

Um fator determinante na inserção no mercado de trabalho tem sido o crescimento dos estágios. Entre 2023 e os dois primeiros meses de 2025, o número de jovens em estágio aumentou de 642 mil para 990 mil, e cerca de 75% deles estão matriculados ou já concluíram o ensino superior. A maioria são mulheres (64%), o que reforça a importância desse mecanismo como ponte para o emprego formal.

No entanto, os desafios persistem. Entre os jovens empregados, 53% trabalham sob a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que garante direitos e estabilidade, mas a maioria recebe salários baixos: dois terços recebem menos de R$ 1.854, enquanto apenas 2,4% ganham mais de R$ 3.036.

Além disso, os motivos para abandonar os empregos refletem insatisfação com as condições de trabalho. O salário baixo, a falta de reconhecimento, a ausência de flexibilidade de horário e os problemas de gestão são mencionados com frequência. Também é preocupante a incidência de doenças mentais associadas ao estresse no trabalho, que afetam 26% dos jovens de 18 a 24 anos e 21% dos menores de 18 anos.

O relatório conclui que, embora o panorama tenha melhorado, ainda existem obstáculos estruturais que limitam a trajetória dos jovens no mundo do trabalho. A elevada rotatividade, a precariedade de certos postos de trabalho e as dificuldades de mobilidade continuam afetando um segmento fundamental para o futuro do país, que precisa não apenas de emprego, mas também de condições que garantam estabilidade, formação e perspectivas de desenvolvimento.

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