Confira análise de Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas
O mercado de câmbio brasileiro segue em alerta, com o pacote fiscal e tensões globais como os principais fatores responsáveis pela recente valorização do dólar. Para Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, a incerteza gerada pelo cenário fiscal no Brasil, aliada a fatores internacionais, continua sustentando a alta da moeda norte-americana.
Incerteza fiscal e expectativas desancoradas
O impacto da discussão sobre o pacote fiscal segue pressionando o mercado de câmbio. Na última quinta-feira, o dólar à vista fechou cotado a R$ 5,8117, refletindo as tensões em torno do volume de cortes nos gastos públicos. Gusmão explica que a indefinição quanto ao tamanho desses cortes mantém o prêmio de risco elevado. “Um pacote fiscal agressivo poderia reduzir a taxa do dólar, mas enquanto a incerteza persistir, as expectativas seguem desancoradas”, destaca.
A expectativa sobre as medidas fiscais tem sido um dos principais motores da volatilidade no mercado de câmbio brasileiro. Com um mercado cauteloso, o foco segue voltado para as decisões que impactarão diretamente a trajetória da moeda, especialmente à medida que o governo apresenta propostas de ajuste fiscal para conter o crescimento da dívida pública.
Fatores externos e busca por ativos Seguros
Além da situação interna, o cenário internacional também tem contribuído para o fortalecimento do dólar. A política protecionista do governo Trump, ainda em reverberação, a escalada do conflito entre Ucrânia e Rússia, e a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) mantenha a estabilidade nos juros dos Estados Unidos, são elementos que favorecem a busca por ativos considerados mais seguros, como o dólar.
Com esses fatores combinados, Gusmão explica que o mercado global continua monitorando de perto os dados econômicos, como os PMIs (índices de gerentes de compras) e os discursos de autoridades econômicas, para sinalizações adicionais sobre a saúde econômica mundial e as políticas monetárias. A busca por segurança em tempos de incerteza se reflete na demanda por dólar, sustentando a valorização da moeda.
Calendário econômico em foco
Hoje, os mercados internacionais continuam atentos aos eventos econômicos agendados. Na Zona do Euro, as atenções se voltam para os discursos de Christine Lagarde e Luis de Guindos, do Banco Central Europeu (BCE), além dos PMIs de novembro, que incluem os setores industrial, composto e de serviços, e a declaração de Isabel Schnabel (BCE). No Brasil, a agenda está sem eventos relevantes para o mercado de câmbio, enquanto nos Estados Unidos, a divulgação dos PMIs de novembro, assim como os índices de inflação e a confiança do consumidor de Michigan, ganham destaque, às 12h (horário de Brasília).
