O mercado financeiro amanheceu nesta sexta-feira (28) sob forte influência de fatores externos e internos. Em meio ao feriado prolongado de Carnaval no Brasil, os investidores devem redobrar a cautela, uma vez que o mercado doméstico só voltará a operar plenamente na Quarta-Feira de Cinzas, enquanto os mercados internacionais seguem em atividade normal.
De acordo com Álvaro Bandeira, coordenador da Comissão de Economia da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil (APIMEC Brasil), a prudência se faz necessária diante de um cenário global volátil. “Investidores ainda reverberam dados mistos da economia americana, tarifas impostas por Donald Trump e resultados das empresas do quarto trimestre”, alerta.
Balanço do mercado: Petrobras e o impacto nas ações
Na última sessão, a Bovespa fechou praticamente estável, com leve alta de 0,02%, atingindo 124.799 pontos. O grande destaque negativo foi a Petrobras, que registrou um prejuízo contábil de R$ 17 bilhões e anunciou redução no valor dos dividendos. “A empresa chegou a cair 6,5% durante o pregão, encerrando com recuo de 3,53%, o que representou uma perda de R$ 24,5 bilhões em valor de mercado”, detalha Bandeira.
O cenário externo também adicionou pressão aos mercados. O dólar registrou nova alta de 0,45%, sendo cotado a R$ 5,83, enquanto o Dow Jones recuou 0,45% e o Nasdaq apresentou uma expressiva queda de 2,73%, impactado pelos resultados da Nvidia e pelo aumento da taxa de juros nos Estados Unidos.
Mercados globais: Impactos da política tarifária
As principais bolsas asiáticas iniciaram o dia em queda. Hong Kong teve um recuo de 3,28% e Tóquio caiu 2,88%, refletindo novas declarações de Donald Trump sobre a aplicação de tarifas. Na Europa, o cenário também começou negativo, com Paris registrando queda de 0,41% e Frankfurt recuando 0,29%. Já os futuros do mercado americano indicavam alguma recuperação: o Dow Jones subia 0,28%, enquanto o Nasdaq avançava 0,23%.
Cenário doméstico e expectativas
No Brasil, o mercado segue atento a ajustes de final de mês e ao impacto do feriado prolongado sobre os ativos. “Estamos muito perto de um suporte na faixa dos 123.800 pontos no índice Bovespa. Se perdido, pode forçar ainda mais quedas”, alerta Bandeira.
Outro fator de pressão sobre a Petrobras foi o parecer técnico do Ibama negando a exploração da Foz do Amazonas. Além disso, a taxa de desemprego subiu para 6,5% em janeiro, refletindo o corte de trabalhadores temporários e informais. O governo, por sua vez, anunciou uma Medida Provisória que libera o saque-aniversário do FGTS e antecipação do pagamento de aposentados do INSS, medidas que visam estimular o consumo no curto prazo.
Agenda econômica do dia
Entre os indicadores que movimentam o mercado nesta sexta-feira, destacam-se:
- Confiança empresarial de fevereiro, medida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV);
- Definição da bandeira tarifária para o mês de março;
- Dados de renda e gasto pessoal nos Estados Unidos;
- Inflação medida pelo PCE (índice de preços de despesas com consumo pessoal);
- Atividade industrial de Chicago.
Perspectivas para o mercado
Para a sessão de hoje, a expectativa é de que a Bovespa opere em queda, acompanhando o movimento externo, enquanto o dólar e os juros devem permanecer pressionados. “Eram essas as considerações que eu gostaria de passar. Bom dia a todos e bom feriado de Carnaval. Voltamos na quarta-feira, na parte da tarde”, finaliza Bandeira.