Em seu comentário matinal desta segunda-feira, Álvaro Bandeira, Coordenador Macro da Comissão de Economia da APIMEC Brasil, destacou que o clima nos mercados globais é de cautela generalizada diante da iminente imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos. O mês de março se despede em meio a um cenário de incertezas econômicas, alimentado principalmente por declarações recentes do ex-presidente norte-americano Donald Trump.
Bandeira ressaltou que Trump anunciou a intenção de aplicar tarifação recíproca sobre produtos de diversos países, impactando diretamente o comércio internacional e pressionando os mercados de risco em todo o mundo. O movimento gerou reações diplomáticas, com países parceiros tentando suavizar as medidas. No entanto, investidores adotam postura conservadora desde a semana passada.
Na última semana, o Ibovespa acumulou queda de 0,33%, enquanto o dólar subiu 0,74%, fechando a R$ 5,76 na sexta-feira (28). Nos EUA, o Dow Jones recuou 0,96% e o Nasdaq registrou forte queda de 2,59%. A tendência negativa se mantém nesta segunda: as bolsas asiáticas fecharam em baixa, com destaque para Tóquio, que caiu 4,05%, enquanto os principais índices europeus e os futuros de Wall Street também operam no vermelho.
Apesar do cenário adverso, a alta do petróleo e de commodities agrícolas pode suavizar parcialmente as perdas no Brasil, segundo o economista. O petróleo Brent era negociado a US$ 74,10, em alta de 0,52% no início do dia.
Nos Estados Unidos, Trump afirmou não se importar com a alta nos preços dos veículos, e sinalizou que poderá tarifar o petróleo russo em até 50% caso o conflito com a Ucrânia persista. Já no Japão, a produção industrial de fevereiro subiu 2,5%, superando expectativas. Na China, os índices PMI de março apontaram leve aceleração tanto na indústria (50,5) quanto em serviços (50,8).
No Brasil, o cenário fiscal segue delicado: a carga tributária recorde de 32,3% em 2024 não foi suficiente para reduzir o déficit público. Juristas apontam que a esperada reforma do Imposto de Renda deve resultar em maior tributação sobre dividendos, sem contrapartida significativa na redução do IRPJ.
Além do impacto das tarifas, o mercado monitora a divulgação do payroll nos EUA nesta semana, além de dados sobre produção industrial brasileira, o que pode influenciar juros e câmbio nos próximos dias.
Ao encerrar seu comentário, Bandeira reforçou a importância da prudência no atual momento. “A expectativa para o dia é de bolsa em queda, dólar e juros atentos ao noticiário que virá ao longo do dia, mas com tendência de fraqueza”, afirmou.