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MGUs ganham espaço no resseguro latino-americano e devem avançar com novas regulações, avalia Country Manager da XS Global

Newton Queiroz, CEO e Country Manager da XS Global no Brasil / Foto: Divulgação
Newton Queiroz, CEO e Country Manager da XS Global no Brasil / Foto: Divulgação

O mercado de seguros e resseguros na América Latina segue em trajetória de crescimento, mesmo em um ambiente mais desafiador na região. Essa é a avaliação de Newton Queiroz, Country Manager da XS Global, ao comentar a evolução recente do setor e as perspectivas para o próximo ciclo.

Segundo o executivo, ao observar os resultados convertidos para dólares, o desempenho agregado do mercado latino-americano estaria “quase igual ao ano passado”, ainda assim com leitura positiva na comparação com outros segmentos da economia. Na visão dele, o horizonte seguinte tende a ser ainda mais favorável, impulsionado por fatores institucionais e regulatórios. “Vamos ter também novas leis de seguros, como no Brasil”, comentou, ao citar que mudanças legislativas devem estimular o crescimento regional.

Dentro desse cenário, Queiroz destaca o papel cada vez mais relevante dos MGUs (Managing General Underwriters) no ecossistema de resseguro. De acordo com ele, a função central dessas estruturas é permitir que seguradoras ampliem ou inaugurem linhas de negócio nas quais ainda não têm especialidade, equipe local ou prioridade de investimento. Nessa lógica, o MGU atua como uma extensão técnica da companhia, realizando a subscrição e, ao mesmo tempo, trazendo a capacidade de resseguro necessária para sustentar a operação “de forma bastante correta” e com visão de longo prazo.

Na prática, o executivo indica que o suporte dos MGUs hoje se concentra mais em contratos facultativos, embora também exista atuação em riscos de natureza catastrófica. A predominância do facultativo reforça o caráter de especialização e velocidade que esses modelos oferecem para seguradoras que querem diversificar portfólios sem montar uma estrutura própria desde o início.

Quando o assunto é supervisão, o Country Manager reconhece que o tratamento regulatório é heterogêneo entre as jurisdições. Para ele, os MGUs continuam inseridos em um processo de amadurecimento normativo na América Latina, com tendência de maior detalhamento nos próximos anos – um movimento que considera natural diante do crescimento do modelo e dos desafios já presentes nas agendas dos reguladores.

A XS Global busca reduzir volatilidades de capacidade por meio de uma estratégia integrada de resseguro. Queiroz explica que o grupo conta com seu próprio ressegurador, a Eureka Re, com classificação A-, o que ajudaria a acompanhar resultados e ajustar a participação nos binders com maior previsibilidade, além de complementar o trabalho com parceiros estratégicos.

Nesse avanço institucional do segmento, ele defende que os MGUs também passem a ter qualificações de risco mais claras. O argumento é que, com o aumento do número de MGUs e MGAs no mercado, o setor precisará de critérios objetivos para diferenciar porte, governança, expertise e consistência técnica – algo que, na prática, facilitaria a tomada de decisão das seguradoras e do próprio mercado de resseguro.

Sobre a geografia do modelo, Queiroz afirma não enxergar países que efetivamente impeçam a atuação de MGUs e MGAs, mas reconhece diferenças de abertura. Brasil e México aparecem como mercados onde essas estruturas são mais visíveis, em parte pela escala. Já em países como Chile, Argentina e Colômbia, ele observa uma presença crescente de operações mais especializadas por linha de negócio. Um MGU multirramos como o da XS Global, segundo o executivo, ainda seria raro na região – “talvez dois ou três de todo o mercado”.

A leitura de Newton Queiroz aponta para uma fase em que os MGUs deixam de ser apenas uma solução tática e passam a ocupar um espaço mais estratégico na construção de novas frentes de subscrição para seguradoras latino-americanas. Com maior sofisticação regulatória e busca por eficiência de capital, a tendência é que o modelo siga ganhando relevância como ponte entre ambição de crescimento e disciplina técnica no risco.

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