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MINERAIS: Estruvita pode ser alternativa para fertilizantes

A Itatijuca Biotech iniciou a produção de estruvita, fonte alternativa e renovável de fósforo e bastante promissora para o agronegócio brasileiro, como forma de buscar soluções inovadoras e sustentáveis para a recuperação de fósforo dos efluentes das estações de tratamento de esgoto. O mineral pode ser utilizado como fertilizante fosfatado de liberação lenta, devido à baixa solubilidade, e ainda fornecer Nitrogênio e Magnésio, macronutrientes essenciais para o crescimento e produção vegetal.

A utilização da estruvita nasceu da parceria entre a Itatijuca, empresa especializada em microrganismos otimizadores de processos, e um grupo brasileiro de saneamento. Rafael Vasconcellos, Diretor de Agronegócios da Itatijuca, explica que o fósforo é um nutriente essencial para a agricultura moderna (constituinte do NPK), cujas fontes principais são as rochas fosfáticas, recurso não-renovável e que deve se esgotar no próximo século. “Desenvolver um novo insumo para formulação de fertilizantes de base renovável para o setor agrícola é primordial para garantir competitividade e segurança econômica”, esclarece. Segundo Vasconcellos, para cada quilo de fósforo removido dos efluentes é possível produzir cerca de oito quilos de estruvita. “Nas estações em que trabalhamos até o momento, podemos estimar uma quantidade de 10 g/m3, o que nos leva à produção de 80g de estruvita/m3. Dependendo da vazão da estação, pode-se chegar a produzir cerca de 800 Kg do mineral por dia”, afirma.

Apesar do mineral já ser utilizado em outros países, no Brasil não há um fornecedor da matéria-prima para a agricultura brasileira, o que torna o projeto pioneiro. Por ser um produto novo no mercado nacional, um estudo regulatório se faz necessário para posicionar esse material como insumo agrícola.

Neste sentido, um estudo recente, conduzido por pesquisadores da Embrapa Instrumentação (SP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e o instituto alemão Forschungszentrum Jülich, apontou que o uso de fertilizante contendo o mineral estruvita possibilita maior desenvolvimento vegetativo, maior presença de raízes mais finas e distribuição mais homogênea das raízes em todo o volume do substrato.

Os testes de laboratório no início foram desenvolvidos para provar o conceito da ideia elaborada pela equipe da Itatijuca. Após essa fase de validação da tecnologia, houve o desenvolvimento de uma unidade móvel de produção de estruvita para os testes de ampliação de escala e de processo do sistema. Os testes iniciais foram conduzidos em Estação de Tratamento de Esgoto de Atibaia (SP).

Atualmente, a unidade móvel será transportada para uma nova estação onde o sistema será automatizado e colocado para operação em um sistema contínuo de tratamento para completar a coleta de dados de engenharia e validação econômica do processo. O objetivo é gerar uma solução sustentável para o agronegócio brasileiro, já que a produção de estruvita proporcionará uma economia significativa no tratamento atual de fósforo, uma vez que o cloreto férrico será substituído pelo óxido de magnésio para reter o fósforo presente nos efluentes.

A remoção de fósforo do efluente das ETEs reduzirá os riscos de eutrofização, que ocorre principalmente pelo excesso desse elemento nas águas fluviais. A eutrofização dos leitos de águas provoca grandes danos ao ambiente, ao estimular o crescimento de algas e cianobactérias prejudiciais à saúde, redução de oxigênio disponível e consequentemente a morte de parte da fauna aquática. Além disso, a tecnologia possibilitará a remoção de fósforo de efluentes de outros processos industriais, como de mineradoras, indústrias de arroz, suinocultura, entre outros.

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Via: Brasil61

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