O Ministério da Saúde lançou o Programa Nacional de Redução de Filas do Sistema Único de Saúde (SUS). A cerimônia de lançamento aconteceu no Rio de Janeiro na última segunda-feira (6) e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra da Saúde Nísia Trindade.
De acordo com o Ministério de Saúde, serão destinados R$ 600 milhões para o programa, conforme já estava previsto na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição. Para ter acesso ao orçamento disponível, cada estado deverá apresentar um plano de ação, que deve fixar as prioridades conforme a realidade local da cidade.
O programa será dividido em duas dimensões: a primeira será emergencial, focada em cirurgias, principalmente as abdominais, ortopédicas e oftalmológicas, além de exames e consultas prioritárias. A segunda terá o foco na estrutura para melhorar a gestão das filas, fluxos de atendimento e a qualificação dos profissionais.
A iniciativa vai ajudar pacientes como o José Laurencio, que há cinco anos foi diagnosticado com glaucoma e está esperando a cirurgia de emergência na fila do SUS. “O programa vai ser muito importante para a população. Eu descobri que tinha glaucoma há cerca de cinco anos, estou na fila do SUS e até hoje não fui chamado e contemplado com a cirurgia. Estou no aguardo, quem sabe que dias melhores virão”, completou o paciente.
O especialista em Gestão de Saúde da Universidade de São Paulo (USP), Gonzalo Vecina, explica por que a fila do SUS está crescendo cada vez mais.
“A principal razão do crescimento da fila dos SUS é a desorganização. As filas são múltiplas, tem fila por municípios, filas por estado e às vezes filas por serviços de saúde, hospitais universitários, hospitais privados que prestam serviços ao SUS. Não existe uma fila estruturada como por exemplo a fila de transplante. A fila de transplante é única por estado, cada estado tem uma fila para cada tipo de órgão, além de ser uma fila muito rigorosa e fiscalizada”, afirma Vecina.
O Gestor de Saúde ainda informa que as filas do SUS cresceram mais em razão da pandemia, por isso, apenas uma estruturação poderia funcionar e diminuir os números de pessoas esperando.
“Nós não temos só que melhorar, precisamos criar filas. Estados e municípios precisam sentar e desenhar regiões que possuem um conjunto de serviços para estruturar as filas e a oferta ser mais adequada para a população”, destaca o gestor.
Super Centro Carioca
Na oficialização do programa, o presidente Lula aproveitou para inaugurar o Super Centro Carioca. A estrutura de 22 mil metros quadrados é considerada o mais moderno complexo de saúde pública da América Latina e conta com serviços de exames, incluindo endoscopia, colonoscopia e ressonância magnética, além de um centro para diagnósticos e tratamentos oftalmológicos.
Na ocasião, o presidente Lula explicou a importância de um centro de saúde de especialidades, especialmente para a população mais carente.
“Nós precisamos dar um jeito nas questões da especialidade, porque a vida do pobre, do povo mais humilde, ele até tem acesso a uma UPA, ele até tem acesso a um centro de saúde para fazer a sua primeira consulta, mas quando o médico pede para ele visitar um outro especialista que vai cuidar do seu olho, que vai cuidar de uma imagem, de qualquer outra especialidade, ele não tem. Aí ele espera oito meses, nove meses, um ano, às vezes ele morre sem ter o atendimento do chamado especialista”, afirmou o presidente.
O Super Centro Carioca fica localizado no bairro de Benfica, na Zona Norte da capital fluminense, com fácil acesso para ônibus e trens. Além disso, pacientes do complexo de saúde têm gratuidade para irem e voltarem de ônibus.