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Minutos diários de mudanças constantes trazem impactos reais na felicidade, defende referência mundial em psicologia positiva

O idealizador do Congresso Internacional de Felicidade, Gustavo Arns, ao lado da esposa, a psicóloga Danielle Avila Cesar Arns de Oliveira, do historiador Leandro Karnal e da professora de neurociência e saúde mental, Aline Castro / Foto: Melito
O idealizador do Congresso Internacional de Felicidade, Gustavo Arns, ao lado da esposa, a psicóloga Danielle Avila Cesar Arns de Oliveira, do historiador Leandro Karnal e da professora de neurociência e saúde mental, Aline Castro / Foto: Melito

VIII Congresso Internacional de Felicidade reuniu cerca de 2,5 mil pessoas em Curitiba. Tal Ben-Shahar apresentou sua teoria de intervenções mínimas viáveis para aumentar os níveis de bem-estar.

O perdão, o propósito e as pequenas mudanças cotidianas são caminhos concretos para a felicidade, apontaram especialistas e cientistas da área durante o VIII Congresso Internacional de Felicidade, realizado em Curitiba, nos dias 8 e 9 de novembro. O evento reuniu cerca de 2,5 mil pessoas e 25 palestrantes nacionais e internacionais, entre psicólogos, líderes corporativos, pensadores e artistas, em uma programação que uniu ciência, espiritualidade, arte e práticas de bem-estar.

O psicólogo Rossandro Klinjey abriu o congresso destacando a importância de ressignificar experiências e exercitar o perdão como forma de libertação emocional. “Assim como a felicidade, o perdão é uma musculatura que precisa ser exercitada. Ele é intencional, libertador e curativo”, afirmou. A ideia de que a felicidade pode ser desenvolvida e fortalecida foi também reforçada por Gustavo Arns, idealizador do evento e mestre em Estudos da Felicidade. “A felicidade é uma habilidade que se pratica. São as nossas escolhas diárias que constroem essa experiência”, destacou.

O psicólogo Tal Ben-Shahar, referência mundial em psicologia positiva / Foto: Melito
O psicólogo Tal Ben-Shahar, referência mundial em psicologia positiva / Foto: Melito

Entre os nomes internacionais, o psicólogo Tal Ben-Shahar — referência mundial em psicologia positiva — apresentou sua teoria das “mínimas intervenções diárias” (MVIs), inspirada no conceito da administração dos MVPs (sigla em inglês para Mínimo Produto Viável). Ele defende que pequenas ações, repetidas de forma constante, acumulam resultados duradouros para o bem-estar. “Pequenas mudanças fazem uma grande diferença quando são aplicadas de maneira consistente, porque os impactos são acumulativos, seja na vida pessoal, no trabalho ou para a comunidade. Se você introduzir uma MVI hoje, terá um resultado pequeno. Mas se introduzir três hoje, mais três amanhã, e assim consistentemente, vai desfrutar de uma mudança real e duradoura”, diz o especialista.

O psicólogo explica que essas intervenções não precisam levar mais de um minuto, mas devem estar ligadas às cinco dimensões de bem-estar para felicidade: espiritual, física, intelectual, relacional e emocional. “Não podemos negligenciar nenhuma dessas áreas. Então, em um mundo ideal, nós poderíamos passar horas cultivando a felicidade em cada uma delas. Mas precisaríamos que o dia tivesse pelo menos 72 horas”, diz. “Então, precisamos baixar as expectativas e pensar no que é bom o suficiente dentro das limitações da realidade.”

Os exemplos, diz Ben-Shahar, são infinitos: prática da respiração consciente, pensamentos de gratidão e troca de gentilezas, minutos de leitura e movimentos do corpo. “Esteja ativo e consciente, mesmo que em pequenos momentos do dia, mas de forma recorrente”, propõe.

O dilema das galinhas felizes

O historiador Leandro Karnal abordou com sua costumeira irreverência o tema da felicidade durante o envelhecimento, frisando que ser feliz é sempre uma escolha, em todas as fases da vida. Ele lançou, ao lado de Gustavo Arns, o livro O dilema das galinhas felizes, provocando reflexões sobre a busca pela felicidade em um mundo de cobranças constantes. O título, que faz alusão às caixas de “ovos de galinhas felizes”, discute a ciência da felicidade e os paradoxos da busca por uma vida plena, questionando a expectativa social de que devemos ser felizes o tempo todo.

Para Karnal, felicidade não é um estado permanente: “Não somos felizes quando temos problemas. O que precisamos é colocar os problemas em perspectiva e pensar em como administrá-los”. Arns alerta para a “ditadura da felicidade” e reforça que todas as emoções fazem parte da vida e precisam ser acolhidas. Segundo ele, a ciência da felicidade ajuda a desconstruir ilusões por meio do conhecimento, autoconhecimento e reflexão.

Pesquisas, dados e muita emoção

O maestro João Carlos Martinsemocionou o público  contando sua história e tocando piano. “Música e felicidade andam de mãos dadas. Ser feliz é dar felicidade.” Martins falou sobre sua trajetória profissional, marcada por mais de 4 mil apresentações em cerca de 60 países, mas também pelas dificuldades impostas pela distonia focal, doença que afeta o controle muscular das suas mãos. “Eu já fiz 21 notas em um segundo no piano. Hoje, eu faço uma com a mesma felicidade. Para qualquer fato da vida, você tem que encontrar o lado positivo.”

O maestro lembrou que começou a sentir as primeiras contrações involuntárias nas mãos ainda aos 22 anos e chegou a ouvir de muitos médicos que nunca mais poderia tocar piano. “Minha carreira foi sempre enfrentando uma doença rara. Mas também sempre olhando o futuro com esperança. Você pode transformar uma adversidade em um atalho para o abismo ou em uma plataforma para voar mais alto.”

A escritora e monja zen budista Monja Coen também marcou presença no evento e falou sobre contentamento. “Não existe um estado de equilíbrio perene. É preciso entender que as dificuldades vão existir. Mas, mesmo assim, você não vai desistir de você e da capacidade humana de regeneração, de se reconstruir.”

A felicidade foi discutida sob a ótica do ambiente de trabalho. No painel “Felicidade no Trabalho”, líderes e especialistas apresentaram cases que mostraram como o bem-estar das equipes se traduz em engajamento e produtividade. Participaram Denize Savi(Chilli Beans), Karina Martines(Sicredi), Roberta Faria (MOL Impacto), Paula Harraca (Ânima Educação) e Renato Marcelino (Sistema OCB/MS). 

A programação ainda apresentou debates sobre propósito e motivação, conduzidos pela jornalista Helena Galante, criadora do podcast Jornada da Calma. Também participaram do evento a psicóloga clínica e hospitalar Inês Kalkmann; a diretora e roteirista Mara Mourão; a palestrante e gestora de conflitos Tânia Mujica; o marqueteiro João Branco; o neurocientista Dráulio Barros de Araújo;  a médica psiquiatria, fundadora do IBNES – Instituto Brasileiro de Neurodiversidade, Thaíssa Pandolfie;o filósofo, mestre em Psicologia e Espiritualidade, doutor em Educação, Jorge Trevisol; a cantora e compositora Dandara Manoela; a autora best-seller, apresentadora do primeiro programa de TV vegano do mundo, Alana Rox; a professora de neurociência e saúde mental Aline Castro; e os representantes dos Povos Originários Txihi Patax e Uenã Pataxó.

O ator Murilo Rosa encerrou o evento com uma reflexão sobre o poder do entusiasmo. “Entusiasmo é a palavra protagonista na minha vida. Diferente do otimista, que acredita que tudo vai dar certo, o entusiasta faz dar certo.”

IX Congresso Internacional de Felicidade 

A IX Congresso Internacional de Felicidade já tem data anunciada, será nos dias 14 e 15 de novembro 2026, em Curitiba. Mais informações e inscrições pelo site https://www.congressodefelicidade.com.br/

 

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