Mitos e verdades sobre a vacinação na vida adulta

Enfermeira especialista em vacinação da Clínica Vacinne, Elisa Lino Henrique Oliveira

Cobertura vacinal entre adultos no Brasil ainda é baixa; especialista explica por que os reforços são indispensáveis e esclarece informações

No Brasil, a cobertura vacinal na vida adulta está muito além das metas de saúde pública, segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que mostram que todas as vacinas indicadas para pessoas entre 20 e 59 anos, como dT/dTpa (difteria, tétano e coqueluche), tríplice viral, hepatite B e febre amarela, registram índices abaixo dos 95% recomendados pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). A situação é semelhante na campanha contra a gripe, que em 2024 alcançou apenas 41,28% do público-alvo adulto, segundo o Ministério da Saúde, bem distante da meta de 90%, o que reforça a proteção contra doenças potencialmente graves, ainda é, frequentemente, negligenciada na vida adulta.

“Na vida adulta, a imunidade conferida por várias vacinas diminui com o tempo, e, sem os reforços, o organismo volta a ficar vulnerável. A dT/dTpa, por exemplo, protege contra doenças que, décadas atrás, eram letais, como tétano e difteria, e que ainda podem causar complicações graves se não houver cobertura vacinal adequada. Já a vacina da gripe, além de prevenir a doença, ajuda a reduzir internações hospitalares, complicações respiratórias, problemas cardiovasculares e até risco de AVC em grupos mais vulneráveis. O impacto positivo da imunização vai além da proteção individual: ao se vacinar, o adulto contribui para reduzir a circulação do vírus na comunidade”, explica a enfermeira especialista em vacinação da Clínica Vacinne, Elisa Lino.

Elisa lembra que, além das vacinas mais conhecidas, o calendário vacinal adulto pode incluir doses de hepatite B para não vacinados, febre amarela, tríplice viral (SCR), HPV, pneumocócica e herpes-zóster, dependendo da idade, histórico vacinal e condições de saúde. “Manter a imunização em dia é um ato de responsabilidade tanto individual quanto coletiva. A vacinação protege não apenas a pessoa que recebe a dose, mas também evita que doenças consideradas controladas, como sarampo e difteria, voltem a circular. É um investimento em saúde preventiva que reduz risco de complicações, internações e até mortes prematuras”, ressalta.

 Mitos e verdades sobre vacinação na vida adulta:

“Adultos não precisam mais tomar vacina”

Mito – Diversas vacinas exigem reforço na vida adulta, como dT/dTpa (a cada 10 anos) e influenza (anual). Sem essas doses, a proteção diminui. “Vejo adultos que não tomam reforço há mais de 20 anos, o que significa estarem totalmente desprotegidos”, afirma Elisa.

“Vacina contra gripe pode causar gripe”

Mito – Vacinas contra influenza utilizam vírus inativados, incapazes de provocar a doença. Reações leves como dor no braço ou febre baixa são comuns e passageiras. “Quando alguém relata que ficou gripado após a vacina, normalmente foi coincidência com outra infecção viral, não efeito da imunização”, explica a especialista.

“Se tomei na infância, estou imunizado para sempre”

Mito – Algumas vacinas, como a contra sarampo, podem ter proteção duradoura, mas outras perdem eficácia com o tempo. “Tétano e coqueluche, por exemplo, exigem reforço, e mesmo quem já teve a doença deve se vacinar”, reforça Elisa.

“Vacinação não é só para grupos de risco”

Verdade – Todas as pessoas devem manter o calendário em dia. A prevenção evita surtos e protege também quem não pode ser vacinado. “Quanto mais pessoas vacinadas, menor a circulação do vírus ou bactéria”, afirma a especialista.

“Vacinas têm muitos efeitos colaterais graves”

Mito – Eventos adversos graves são extremamente raros e monitorados pelo Ministério da Saúde. A maioria das reações é leve e autolimitada. “O risco de complicações de doenças como pneumonia ou meningite é muito maior do que o risco de um efeito adverso grave”, afirma Elisa.

“Preciso tomar vacina mesmo se nunca fico doente”

Verdade – Saúde atual não garante imunidade futura. “A função da vacina é criar barreiras antes da doença, não depois. Quem espera adoecer para se proteger, já perdeu a chance de prevenção”, comenta a especialista.

“Se a doença está controlada no país, não preciso vacinar”

Mito – Doenças controladas podem voltar se a cobertura vacinal cair, como aconteceu com o sarampo nos últimos anos. “A ausência de casos é justamente resultado da vacinação. Interromper esse ciclo abre espaço para surtos”, finaliza a especialista.

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