Europ Assistance Brasil

Modelos climáticos: protegendo infraestruturas e comunidades no Brasil e América Latina

Modelos climáticos: protegendo infraestruturas e comunidades no Brasil e América Latina / Foto: Aon / Divulgação
Foto: Aon / Divulgação

Confira artigo de Clemens Freitag, Industry Leader, Construction & Infraestructure para a América Latina na Aon; e Mario Ordaz, Cofundador da ERN, empresa mexicana de modelagem catastrófica adquirida pela Aon em 2022 e Chief Scientific Advisor do Board da Impact Forecasting

A indústria da construção, um pilar fundamental da economia global, enfrenta um desafio sem precedentes: a intensificação dos eventos climáticos extremos. As perdas financeiras e sociais causadas por esses eventos têm crescido exponencialmente. Nos últimos anos, inundações, secas, incêndios florestais e ondas de calor na América Latina provocaram danos significativos na agricultura e em infraestruturas. Conforme o mais recente relatório da Aon sobre impactos climáticos, de janeiro a setembro de 2024, foram registrados prejuízos de mais de US$ 9 bilhões em razão das intempéries do clima na região. Esse cenário exige soluções inovadoras e resilientes da indústria de construção e governos, como o uso de modelos de catástrofes e climáticos.

No Brasil, a situação é igualmente desafiadora. No mesmo relatório da Aon citado anteriormente, o país sofreu prejuízos que somaram US$ 6,4 bilhões desde o primeiro trimestre de 2024, com destaque para perdas estimadas em US$ 5 bilhões provocadas pelas enchentes no estado do Rio Grande do Sul entre 28 de abril e 3 de maio, as queimadas que atingiram a vegetação brasileira entre janeiro e setembro, resultando em danos calculados em US$ 360 milhões, e pela seca histórica, que gerou perdas no valor de US$ 470 milhões.

Dados de 2023 da Confederação Nacional de Municípios indicam que 93% dos municípios foram afetados por desastres naturais nos últimos 10 anos, e 66% apresentam baixa capacidade de adaptação a eventos geo-hidrológicos. Todo este contexto reforça a necessidade de estratégias robustas que combinem avanços tecnológicos e planejamento integrado para proteger infraestruturas essenciais.

Os modelos de catástrofes utilizam dados históricos para simular milhares de eventos cientificamente prováveis e fornecer uma visão do potencial de perdas. Já os modelos climáticos procuram representar a atmosfera acoplada com outros sistemas da terra, para assim compreender e projetar as mudanças naturais e as provocadas pelo homem no clima. Gerar e executar um modelo climático é um processo complexo para o qual é necessário desenvolver equações matemáticas que simulam os processos naturais.

A integração de modelos avançados de catástrofes e modelos climáticos nos marcos de gestão de riscos facilita às empresas de construção a antecipação e abordagem de ameaças derivadas das mudanças climáticas. Ao simular o comportamento do clima em diferentes cenários, essas soluções permitem identificar as vulnerabilidades dos projetos e adotar medidas preventivas de mitigação de riscos, aumentando a resiliência das obras de infraestrutura.

Com a capacidade de prever riscos climáticos com décadas de antecedência, é possível impulsionar investimentos que diminuam os seus impactos e os prejuízos financeiros e sociais futuros. Por exemplo, iniciativas como o Fundo Clima, que destinará R$ 10,4 bilhões para projetos focados na economia circular e transição energética, ilustram como investimentos bem direcionados podem gerar infraestrutura mais resiliente.

Outra frente importante é o desenvolvimento de normas e políticas que integram soluções climáticas. No Brasil, a nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021) introduziu medidas como o aumento do seguro garantia de até 30% do valor das obras públicas, protegendo projetos contra a inadimplência e riscos climáticos. Essa medida, combinada com programas de financiamento específicos, como os previstos no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), contribui para maior segurança e eficiência em obras públicas. Esses exemplos permitem uma melhor gestão dos riscos e fornecem vantagem competitiva para empresas de construção.

Para o sucesso da utilização destes modelos, algumas estratégias podem ser implementadas, como a busca por serviços de consultoria especializados em modelagem climática para apoiar projetos desde o início, aplicando soluções que coincidam com cada fase do ciclo de vida do projeto, para garantir uma abordagem integral dos riscos e adotar modelos que ofereçam uma perspectiva ampla e integrada, facilitando a tomada de decisões seguras e informadas.

A gestão dos riscos climáticos na indústria da construção é uma tarefa complexa, mas que se torna essencial diante da intensidade crescente de eventos extremos. A aplicação de modelos climáticos avançados não apenas permite a mitigação de impactos adversos, mas contribui para um futuro mais resiliente e sustentável para as comunidades. Ao adotar essas soluções, a indústria não só protege suas infraestruturas, como também lidera um importante movimento de responsabilidade climática.

Total
0
Shares
Anterior
Alper Seguros inaugura sua primeira filial no Centro-Oeste
Alper Seguros inaugura sua primeira filial no Centro-Oeste / Foto: Divulgação

Alper Seguros inaugura sua primeira filial no Centro-Oeste

Nova unidade da Alper em Goiânia reflete estratégia de expansão e aposta no

Próximo
Anhumas Seguros se reposiciona com novo nome para ampliar crescimento no mercado corporativo brasileiro
Anhumas Seguros se reposiciona com novo nome para ampliar crescimento no mercado corporativo brasileiro / Divulgação

Anhumas Seguros se reposiciona com novo nome para ampliar crescimento no mercado corporativo brasileiro

Estratégia de marca busca equilibrar experiência da empresa com atendimento

Veja também