Aloizio Mercadante é oficialmente o novo presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O ex-senador e ex-ministro do governo Dilma Rousseff tomou posse nesta segunda-feira (6), para um mandato que pode chegar a oito anos.
Na cerimônia, que contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, além de outros ministros e autoridades, Mercadante ressaltou a volta de investimentos do banco em países parceiros.
“Voltaremos a ser uma grande liderança ambiental e mundial e o país respeitado que fomos. O nosso desenvolvimento passa necessariamente pela integração da América Latina e pela parceria com países do Sul Global. O presidente Lula tem inteira razão quando diz que o BNDES tem que ser um banco parceiro do desenvolvimento e da integração regional. O Brasil é mais da metade do território, do PIB e da população da América do Sul. Estamos irrevogavelmente inseridos nesse contexto geográfico e histórico. Nosso destino está, portanto, indissoluvelmente ligado ao destino da nossa região. O Brasil é grande, mas será ainda maior quando atuar em conjunto com seus vizinhos”, afirmou o novo mandatário da estatal financeira.
Essa diretriz de investir em mercados externos, já anunciada pelo presidente Lula quando esteve na Argentina há duas semanas, divide especialistas em duas visões antagônicas. “De um lado, se fala de vantagens que o país teria em termos de ganho de mercado, de estímulo a empresas com potencial de forte crescimento, de internacionalização. E de outro lado, aqueles críticos que dizem que esse investimento representa uma possibilidade menos eficiente de se investir dinheiro público e os riscos que isso representa”, destaca o professor Mauro Rochlin, coordenador do MBA de Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da Fundação Getúlio Vargas.
Dívidas com BNDES
Além de Mercadante, Lula e Alckmin também fizeram uso da palavra na cerimônia. O vice-presidente exaltou o fortalecimento das instituições e também a necessidade de avançar com a reforma tributária após as eleições para as mesas diretoras no Congresso Nacional.
Já Lula defendeu a atuação que os governos petistas tiveram à frente do BNDES. Segundo o presidente da República, o banco foi alvo de inúmeras mentiras e garantiu que aqueles que possuem dívidas com a instituição vão pagar por elas. “Os países que não pagaram, seja Cuba, seja a Venezuela, é porque o presidente resolveu cortar relação internacional com esses países e, para não cobrar para poder ficar nos acusando, deixou de cobrar. E eu tenho certeza que, no nosso governo, esses países vão pagar porque são todos países amigos do Brasil e certamente pagarão a dívida que têm com o BNDES”, assegurou Lula.
Dos US$ 10,5 bilhões emprestados pelo BNDES para financiar obras de infraestrutura no exterior entre 1998 a 2017, o banco recebeu US$ 12,8 bilhões, de acordo com o último balanço de setembro do ano passado.
Estão inadimplentes com o BNDES Venezuela (US$ 681 milhões), Moçambique (US$ 122 milhões) e Cuba (US$ 238 milhões), em um valor total de US$ 1,04 bilhão acumulado até dezembro de 2022. Outros US$ 569 milhões estão por vencer desses países.
Nos primeiros nove meses de 2022, durante o governo Bolsonaro, o BNDES registrou lucro líquido de R$ 34,2 bilhões, 29,5% acima do volume do mesmo período em 2021.