A Inteligência Artificial está transformando os processos de M&A, com maior eficiência, redução de riscos e novas oportunidades
O mercado de fusões e aquisições (M&A) movimenta cerca de US$ 3,4 trilhões por ano em todo o mundo, valor relativo a um volume 40 mil a 50 mil transações. Mesmo com os desafios e incertezas causados por questões políticas e econômicas, o potencial de crescimento segue em alta e agora ganha o reforço da Inteligência Artificial (IA).
Assim como em outros negócios em que o uso da IA vem impactando de forma transformadora, oferecendo benefícios como maior eficiência, melhores insights e novas oportunidades, o mesmo ocorre no mercado de M&A.
Segundo Alexandre Cracovsky, CFA, professor do M&A Advanced Program, da Trevisan Escola de Negócios e vice-presidente da Advisia Investimentos, a IA está mudando a forma de fazer M&A, em várias etapas do processo. Uma delas é a de due diligence, a análise aprofundada dos riscos, incluindo dados financeiros, passivos tributários, trabalhistas, entre outras questões necessárias para fundamentar uma transação.
“Com o uso da IA é possível varrer uma série de documentos e adiantar uma parte do trabalho ou complementar a identificação dos especialistas. Estudos de consultorias estratégicas apontam uma redução de tempo médio de 90 para 55 dias de uma due diligence, com o apoio da IA”, destaca o especialista.
Para Cracovsky, a IA também contribui para identificar alvos, ou seja, na busca por potenciais negociações. As ferramentas de IA podem analisar bancos de dados e redes de contatos, reconhecendo possíveis parceiros de negócios ou interessados em uma aquisição, por exemplo. “Ela consegue fornecer uma pré-lista, com base em dados e tendências do mercado e aprofundar análises.”
A valoração de empresas (Valuation) em um M&A é outro ponto que conta com a ajuda dos algoritmos de IA para estimar valores, com base em múltiplos fatores, incluindo dados financeiros, de mercado e da concorrência, tornando a avaliação mais rápida e precisa. Nesse quesito, o professor da Trevisan lembra que sempre vai existir a expertise do profissional para identificar as variáveis e definir premissas, mas a automatização é uma realidade.
A taxa de sucesso de um M&A, isto é, os resultados após o processo concluído, também tem sido impactada pela IA. De acordo com Cracovsky, alguns estudos já mostram aumento das taxas, pela maior assertividade da due diligence, da integração das empresas no pós-fusão, com o uso da ferramenta.
O especialista ressalta que a apuração do sucesso de uma operação talvez seja a maior dor de um M&A, pelo fato de lidar com as possíveis falhas, que podem estar ligadas ao valor pago elevado, resultado de uma due diligence malfeita, ou a um otimismo exagerado em cima dos resultados.
Portanto, taxas de sucesso altas indicam que as empresas estão conseguindo integrar bem as operações, alcançar os objetivos financeiros e estratégicos, enquanto as baixas demonstram dificuldades na integração, diferenças culturais, problemas financeiros ou outros obstáculos que impedem o sucesso da operação.
“Não há dúvidas que a IA veio para ficar nos processos de M&A. Tanto para identificar alvos, melhorar o timing, quanto aumentar as probabilidades de sucesso nas diferentes etapas”, finaliza o professor da Trevisan.