Além das questões previdenciárias, Molina também enfatizou o impacto da longevidade no mercado de trabalho
Durante o evento Inova Silver 2024, Nilton Molina, Presidente do Conselho de Administração da MAG Seguros e Presidente do Instituto de Longevidade, ofereceu uma reflexão profunda sobre os desafios que o Brasil enfrentará devido ao aumento da longevidade da população. Em sua apresentação, ele destacou questões relacionadas à saúde, previdência e trabalho, traçando um panorama do envelhecimento da sociedade brasileira.
Molina abriu sua fala abordando a “hipossuficiência digital” de boa parte da população, especialmente dos mais velhos. Ele afirmou que, embora as empresas tendam a tratar seus consumidores como se fossem todos totalmente digitais, a realidade é que uma parcela significativa dos brasileiros, incluindo os mais idosos, ainda lida com dificuldades para acessar informações digitais. “Eu gasto dinheiro, sou analógico, gosto de ler folheto. E, como consumidor, peço respeito”, disse Molina, evidenciando a importância de as empresas considerarem essa diversidade de perfis em suas estratégias de comunicação e atendimento.
Essa “insuficiência digital” foi uma das razões que levou à criação do Instituto de Longevidade MAG, instituição que desenvolve projetos voltados para o público 50+, incluindo o Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade, em parceria com a FGV, e indicadores como o IPCA dos aposentados e o CAGED 50+, voltados para o mercado de trabalho dessa faixa etária.
Mudanças demográficas e seus impactos
Molina também discutiu as transformações na estrutura demográfica do país. Em 1989, a expectativa de vida era de 62,6 anos; em 2023, esse número subiu para 76,4 anos, e a projeção para 2042 é de 80,07 anos. Ele destacou que essas mudanças estão diretamente ligadas ao futuro da previdência e ao envelhecimento da força de trabalho. A quebra do “pacto geracional” é uma preocupação crescente, pois estima-se que a população economicamente ativa (de 15 a 64 anos) diminuirá em 11,10%, enquanto a população acima de 65 anos aumentará em 192% nas próximas décadas.
“Isso gera enormes desafios previdenciários. Em cerca de 15 anos, a maioria das indenizações do INSS deve equivaler a um salário mínimo”, alertou Molina. Ele frisou que esse cenário pressiona o sistema previdenciário e traz à tona a questão de como financiar a longevidade em um contexto de expansão da sobrevida.
Desafios sociais e econômicos
Além das questões previdenciárias, Molina também enfatizou o impacto da longevidade no mercado de trabalho. “Hoje, a imagem de uma pessoa que já passou dos 60 anos não condiz com o que era no passado”, afirmou. Segundo ele, as pessoas longevas se veem como experientes, ativas e capazes, mas muitas vezes são percebidas pela sociedade como ultrapassadas e frágeis.
Molina ressaltou que o grande desafio que emerge desse cenário é o financiamento dos idosos que não conseguem gerar renda suficiente para o próprio sustento. Ele questionou: “De quem é essa responsabilidade? Do Estado, da família ou do próprio indivíduo?” E respondeu que, na verdade, a solução está na combinação desses três elementos, sendo o principal a poupança que cada indivíduo deve acumular ao longo de sua vida produtiva.
Ele finalizou sua apresentação destacando a importância de adaptar a sociedade a essa nova realidade, onde a longevidade, embora um desafio, também abre novas oportunidades de negócios.