O início de 2025 está marcado pela influência de um La Niña de baixa intensidade, que traz chuvas acima da média. Esse cenário deve impactar a venda de setores do varejo que dependem da sazonalidade, como alimentação, bebidas e vestuário, em relação a produtos característicos da estação.
A análise é da Nottus, empresa de inteligência de dados e consultoria meteorológica para negócios, que destaca a relação direta entre o clima e o comportamento do consumidor. “Além da temperatura, fatores como frequência das chuvas e sensação térmica influenciam diretamente o consumo. A previsão indica a ocorrência de mais chuvas para este verão, o que pode reduzir a circulação de pessoas nas ruas e afetar a demanda por itens típicos da estação, como sorvetes e bebidas geladas”, diz Alexandre Nascimento, sócio-diretor e meteorologista da Nottus.
De acordo com o levantamento, na comparação entre a primavera-verão de 2023/24 e o mesmo período de 2024/25 (até janeiro), cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Goiânia registraram índices de chuva significativamente mais altos. “A previsão para o restante do verão mantém a mesma tendência: chuvas intensas no Sudeste, Centro-Oeste e Norte, em contraste com a seca registrada no mesmo período do ano passado”, avalia Nascimento.
Se o verão traz desafios, as estações com temperaturas mais amenas, como outono e inverno, devem representar oportunidades para o mercado de itens sazonais, por conta da “normalidade” climática. A tendência é que setores como moda, calçados e bebidas quentes sejam favorecidos por esse contexto, já que as primeiras ondas de frio devem ocorrer dentro do esperado entre maio e junho.
“Podemos esperar um inverno mais regular, com episódios de frio mais prolongados. Com um clima mais ameno, é possível que a demanda por roupas de inverno, calçados e bebidas como vinhos aumente”, avalia Nascimento. Segundo ele, o varejo precisa estar preparado para mudanças de comportamento do consumidor, evitar estoques desajustados, perda de oportunidades. “Diferentemente de 2024, quando as temperaturas ficaram acima da média e a venda de roupas mais pesadas foi prejudicada, 2025 deve ter um cenário mais favorável para esses produtos”, complementa.
A recomendação para os varejistas é estar atentos às alternâncias climáticas, ajustando estoques e estratégias de marketing conforme as novas condições. “Deve-se evitar criar ações de vendas com base em anos anteriores. O que aconteceu em um período pode ser completamente diferente no seguinte. O planejamento baseado em previsões meteorológicas pode ser um diferencial competitivo e possibilitar que as empresas aproveitem as oportunidades do clima e evitem prejuízos com estoques e ofertas de produtos inadequados”, conclui o meteorologista da Nottus.