Especialista do IBCC Oncologia explica fatores de risco e a importância do rastreamento
O mês de novembro reforça a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata, tipo que mais acomete pessoas com próstata no Brasil depois do câncer de pele não melanoma. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados mais de 72 mil novos casos da doença por ano no país, número que evidencia a necessidade de ampliar a informação e tabus que ainda afastam muitos pacientes do consultório. Embora o risco aumente com a idade, fatores como histórico familiar, obesidade e sedentarismo também influenciam no desenvolvimento do tumor, bem como a ausência de acompanhamento médico regular.
Para o urologista do IBCC Oncologia, Dr. Álvaro Dias Bosco, a conversa sobre saúde precisa ser direta e sem estigmas. “Boa parte dos mitos que circulam sobre o câncer de próstata prejudica o diagnóstico precoce. O PSA (Antigénio Específico da Próstata) e o toque retal não competem entre si, eles se complementam. O tumor inicial costuma ser silencioso, por isso a avaliação preventiva é tão importante. Quando o paciente entende seu risco individual e segue o acompanhamento recomendado, temos mais chances de diagnosticar a doença cedo e evitar tratamentos desnecessários ou intervenções muito agressivas”, afirma.
Abaixo, nove mitos e verdades que ajudam a esclarecer dúvidas comuns no Novembro Azul:
O câncer de próstata é uma doença da terceira idade?
Parcialmente verdade. O risco aumenta com o passar dos anos e a maior parte dos diagnósticos ocorre após os 60 ou 65 anos, porém os mais jovens também podem desenvolver a doença, sobretudo quando há fatores de risco como histórico familiar e obesidade.
Ter parentes com a doença aumenta o risco?
Verdade. Parentes de primeiro grau acometidos — especialmente antes dos 60 anos — elevam significativamente a probabilidade ao longo da vida. Se o pai teve câncer de próstata, o risco aumenta cerca de 2,1 vezes; se o irmão teve, sobe para 3,3 vezes. Com pai e irmão diagnosticados, o risco pode chegar a cinco vezes.
PSA baixo significa ausência de câncer?
Mito. O PSA isolado não confirma nem descarta a doença. Ele é parte de uma avaliação que envolve PSA, toque retal e, quando necessário, ressonância magnética e biópsia.
O sedentarismo aumenta o risco da doença?
Verdade em grande parte. A falta de atividade física favorece sobrepeso e obesidade, condições associadas a piores desfechos oncológicos. Já o exercício regular melhora indicadores metabólicos e reduz mortalidade específica em pacientes já diagnosticados.
Todos os casos precisam de cirurgia?
Mito. O tratamento é individualizado e depende do risco, da idade e da expectativa de vida. Podem ser indicadas vigilância ativa, radioterapia, cirurgia ou terapias sistêmicas. A decisão compartilhada entre médico e paciente evita intervenções desnecessárias.
Posso esperar sintomas para procurar o médico?
Mito. O câncer de próstata inicial costuma ser assintomático. Atrasar a avaliação pode comprometer o diagnóstico. Quando avançado, pode causar dor óssea e alterações urinárias, mas nessa fase a abordagem já é mais complexa.
A atividade física ajuda na prevenção e no tratamento?
Verdade. Exercícios regulares auxiliam no controle de peso, aumentam capacidade funcional e contribuem para uma melhor qualidade de vida durante o tratamento, além de se associarem a menor mortalidade específica.
O toque retal é a única forma de diagnóstico?
Mito. A investigação combina PSA e toque retal. A biópsia, muitas vezes guiada por achados de ressonância magnética, confirma o diagnóstico. O toque permanece essencial porque cerca de 20% dos casos de câncer de próstata não causam aumento significativo do PSA.
