Para Unio Partners, maior seletividade de investidores e momento macroeconômico explicam movimento
O número de captações direcionadas a startups no Brasil registrou forte queda nos primeiros seis meses do ano. No primeiro semestre de 2023, houve um recuo de 60,5% frente ao mesmo período do ano passado, segundo estudo realizado pela empresa de assessoria financeira Unio Partners.
Segundo João Albanese, sócio da Unio, as startups vinham cada vez mais recorrendo a captações por ser uma forma de acelerar o crescimento dessas empresas e pela facilidade em conseguir recursos no mercado. De 2020 para 2021, esse tipo de movimento cresceu 63%. Já o ano de 2022 encerrou com um recuo de 22%.
“Nos últimos anos houve uma bonança muito grande neste mercado. A facilidade em captar recursos era notável e os valuations altos. O movimento de queda pode ser explicado como um reajuste (em nível global), diante da redução da euforia de investidores e da intensificação das dificuldades macroeconômicas no cenário pós-pandemia. Além disso, a quebra do Silicon Valley Bank (SVB), o banco das startups, deixou o mercado em alerta. Especificamente no Brasil, as incertezas políticas e juros elevados corroboram com a situação”, analisa o executivo
Para Albanese, o segundo semestre deve ser melhor e a expectativa para 2024 é bastante positiva. De qualquer maneira, no curto e médio prazo o mercado dificilmente verá os volumes elevados registrados no período de boom de investimentos em startups, mesmo com as perspectivas de melhora no ambiente macroeconômico. Isso porque, na sua avaliação, os investidores estão também mais criteriosos na escolha e na avaliação das empresas. “Foi um período de grandes apostas, com valuations inflados e de muito aprendizado para os investidores. Agora, com o mercado mais seletivo, as startups precisarão se preparar para não perderem oportunidades, o que torna importante a busca por assessorias especializadas a fim de avaliar corretamente o negócio e entender o melhor momento para se expor a uma rodada de captação”, explica.
Fintechs e Healthtechs
As fintechs seguiram em queda. Nos primeiros seis meses de 2022 houve uma queda na quantidade de captações de aproximadamente 40% quando comparado ao mesmo período de 2021. Já de 2023 para 2022 despencou cerca de 80%. Por outro lado, uma tendência que permanece são os investimentos nas healthtechs, que mantiveram o ritmo de transações no primeiro semestre deste ano, porém estando 50% abaixo do primeiro semestre de 2021. “O segmento viveu um período de euforia com a pandemia, quando a digitalização do atendimento de saúde se impôs como necessidade básica. No caso do Brasil, as startups da área de saúde estão em sua fase inicial, o que abre grandes oportunidades de negócios”, completa.