Confira artigo de Mayra Cardozo, sócia da Martins Cardozo Advogados e advogada especialista em Direitos Humanos e Penal; Ela também é mentora de Feminismo e Inclusão e líder de empoderamento
O caso envolvendo Larissa Manoela tem suscitado um amplo debate, lançando luz sobre temas como relacionamentos abusivos e violência patrimonial. A atriz brasileira, conhecida por seu trabalho na televisão e no cinema, compartilhou publicamente sua experiência em um relacionamento onde enfrentou situações de manipulação psicológica e violência patrimonial envolvendo seus próprios pais.
O caso Larissa Manoela destaca a realidade dos relacionamentos abusivos, que não se limitam ao âmbito romântico, mas podem ocorrer em diferentes esferas, incluindo família e amizades. O primeiro passo para romper um relacionamento abusivo é o reconhecimento da situação por parte da vítima, algo que a própria atriz demonstrou ao identificar a manipulação. O afastamento do agressor também é crucial para interromper os padrões de controle e manipulação presentes nesse tipo de relação.
Em situações de relacionamentos abusivos, é fundamental procurar auxílio especializado. A vítima pode recorrer a terapias como psicoterapia ou psicanálise, visando fortalecer a autoestima e recuperar o poder pessoal após a manipulação sofrida. Além disso, é aconselhável buscar apoio jurídico para estabelecer medidas protetivas, caso haja desrespeito aos espaços delimitados pela vítima. No Brasil, existem serviços públicos, como centros de referência e a Casa da Mulher Brasileira, que oferecem assistência completa a mulheres vítimas de violência, abrangendo suporte psicológico, orientação legal e atendimento médico.
A mãe da atriz ter chamado a família do namorado de “Macumbeira” também levanta a discussão sobre um outro possível crime contra a honra. Esse incidente pode ser enquadrado como injúria racial, uma vez que envolve o uso de termos pejorativos em um contexto religioso. No Brasil, a legislação recentemente passou a equiparar a penalidade da injúria racial à do crime de racismo, resultando em sanções mais severas, com pena de prisão de dois a cinco anos.
O caso de Larissa também pode ser encaixado na definição de violência patrimonial, conforme estabelecido na Lei Maria da Penha. Essa forma de violência acontece quando o agressor se apropria dos bens materiais da vítima, controlando recursos e restringindo o acesso a informações financeiras. Dentro desse contexto, a situação também pode ser caracterizada como violência psicológica, devido à natureza altamente abusiva e manipuladora do relacionamento. O caso evidencia tentativas de desempoderar a vítima, afetando sua autoestima e capacidade de gerir seus próprios negócios.
O episódio envolvendo a atriz ressalta a importância de discutir abertamente temas como relacionamentos abusivos e violência patrimonial. A conscientização sobre essas questões é essencial para empoderar as vítimas e incentivá-las a buscar ajuda especializada. A sociedade deve continuar a fornecer apoio público, por meio de instituições governamentais e organizações não governamentais, para oferecer às vítimas as ferramentas necessárias para sair de situações de violência e reconstruir suas vidas.