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O crescente pedido de recuperação judicial no Brasil

Foto: Tingey Injury Law Firm / Unsplash
Foto: Tingey Injury Law Firm / Unsplash

Nos últimos meses, tem se tornado cada vez mais frequente o pedido de recuperação judicial e falência de empresas brasileiras. De grandes nomes a empresas de médio porte, o cenário tem gerado preocupação e reflexões sobre os desafios econômicos enfrentados no país. Entre os casos mais emblemáticos estão o Grupo Mateus, o Grupo St Marche e a Itagres, que enfrentam dificuldades financeiras que refletem não só o cenário nacional, mas também um contexto global.

O Brasil vive um momento econômico delicado. Empresas de diversos setores estão sendo pressionadas pela alta carga tributária, aumento dos custos de produção, inflação elevada e, mais recentemente, pela instabilidade no mercado financeiro. Esses fatores contribuem para uma crise de liquidez, o que leva muitas organizações a recorrerem à recuperação judicial ou, em casos mais graves, à falência.

O Grupo St Marche, rede de supermercados premium em São Paulo, atravessa uma grave crise financeira. Em fevereiro de 2025, a empresa solicitou à Justiça a renegociação de dívidas que totalizam R$ 639 milhões. O pedido foi parcialmente aceito pelo juiz Jomar Juarez Amorim, que suspendeu as execuções contra a empresa por 60 dias. No entanto, ele alertou que esse prazo não poderá ser estendido.

A Itagres, tradicional fabricante de revestimentos cerâmicos, não conseguiu superar a crise financeira que enfrentava. Após um extenso processo de recuperação judicial, a empresa teve sua falência decretada em janeiro de 2025. O motivo foi o não cumprimento dos termos do acordo de reestruturação, que envolvia o pagamento de mais de R$ 350 milhões em dívidas com instituições financeiras, credores e ações trabalhistas.

Diante deste cenário desafiador, uma possível solução começa a ser debatida: o crédito internacional. Com as taxas de juros internas elevadas, a busca por linhas de crédito no exterior pode ser uma estratégia importante para a recuperação das empresas que buscam uma reestruturação financeira.

Luciano Bravo, CVO da Inteligência Comercial, destaca o papel fundamental do crédito internacional nesse processo. Ele explica : “Com a pressão sobre o crédito interno e a alta das taxas de juros no Brasil, muitas empresas estão olhando para fora, em busca de alternativas de financiamento que permitam não apenas reduzir custos, mas também ampliar sua competitividade. O crédito internacional pode ser uma válvula de escape crucial para muitas dessas empresas, oferecendo taxas mais favoráveis e prazos mais longos”.

O crédito internacional oferece condições de pagamento mais atrativas, o que pode permitir que as empresas reajam mais rapidamente aos desafios econômicos e se reestruturem sem sacrificar suas operações. Além disso, a possibilidade de financiar parte da operação com recursos externos também pode ajudar a fortalecer a posição das empresas no mercado brasileiro e até expandir para novos mercados.

Enquanto o crédito internacional surge como uma possível solução, a implementação de um plano eficaz de recuperação judicial não é simples. Isso envolve uma reestruturação não apenas das dívidas, mas também da gestão, da operação e da estratégia das empresas. O processo exige que os empresários e gestores estejam dispostos a reavaliar profundamente suas operações e buscar soluções criativas para superar o momento de crise.

O pedido de recuperação judicial e falência, embora seja um sinal de alerta para a economia brasileira, também traz consigo oportunidades de reinvenção. A crise pode funcionar como um ponto de inflexão para empresas que, com o suporte adequado, conseguem se adaptar e inovar.

Luciano Bravo enfatiza que a recuperação dessas empresas não é apenas uma questão de reestruturar as finanças. “A verdadeira reestruturação vem com a transformação dos modelos de negócios. As empresas precisam repensar suas estratégias de vendas, suas operações e, principalmente, sua relação com os consumidores. A recuperação judicial é apenas o primeiro passo. O restante depende da capacidade de inovação e adaptação”, conclui.

Enquanto o Brasil atravessa um período desafiador, o crédito internacional pode oferecer uma válvula de escape importante, mas o verdadeiro desafio para as empresas será se reinventar e aprender a prosperar em um ambiente econômico cada vez mais dinâmico e globalizado.

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