O Estado de São Paulo registra 11 roubos ou furtos de cargas, por dia

Foto por: Gabriel Santos/ Unsplash Images
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Risco aumenta ainda mais com a chegada das festas de fim de ano, período em que o transporte de mercadorias cresce, prevê empresa de rastreamento

Entre janeiro e agosto deste ano, foram registrados 2.726 boletins de ocorrência envolvendo carga, no Estado de São Paulo, sendo 87% roubos, 11% furtos e 2% receptação, uma média de 11 crimes por dia. Os dados são do Boletim Tracker-Fecap, que acaba de ser finalizado com um amplo estudo econômico sobre a evolução do roubo e furto de cargas no Estado, entre janeiro de 2022 e agosto de 2025. Neste período, houve redução de 44% nas ocorrências. Ainda assim, São Paulo continua sendo o epicentro nacional desse tipo de delito.

Variação Percentual Acumulada (Base: 2022)

Período Variação Fator Explicativo
2022-2023 -4,2% Estabilização inicial
2023-2024 -22,3% Aceleração da queda
2024-2025 -24,7% Consolidação da tendência
Acumulado 2022-2025 -44,0% Mudança estrutural

Variação Mensal Comparativa (Jan-Ago)

Mês 2024 2025 Variação Absoluta Variação %
Janeiro 419 350 -69 -16,5%
Fevereiro 416 319 -97 -23,3%
Março 420 302 -118 -28,1%
Abril 419 334 -85 -20,3%
Maio 460 309 -151 -32,8%
Junho 374 243 -131 -35,0%
Julho 358 250 -108 -30,2%
Agosto 380 257 -123 -32,4%
TOTAL 3.246 2.364 -882 -27,2%

 

Na média mensal de eventos desde 2022, novembro e dezembro lideram. O que coloca o país em alerta. “O último trimestre do ano é o momento em que o país acelera. As estradas ganham mais caminhões, as entregas disparam, e o comércio vive a intensidade da Black Friday, do Natal e das grandes festas de fim de ano. É o período em que o transporte de cargas cresce, a logística trabalha no limite e neste momento os riscos também aumentam”, afirma o gerente de Comando e Monitoramento do Grupo Tracker, Vitor Corrêa.

Concentração geográfica

O estudo revela que mais de 45% dos roubos ocorrem na capital paulista, com destaque também para Guarulhos, Osasco, São Bernardo do Campo, Praia Grande e Campinas. “Esses polos urbanos e logísticos concentram grande fluxo rodoviário e operações de transporte, tornando-os alvos prioritários de ações criminosas”, explica o pesquisador da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) responsável pelo estudo, Erivaldo Vieira.

Top 10 Cidades do Estado de São Paulo

Município / Circunscrição Qtde Qtde (%)
S. Paulo 1257 46,11%
Guarulhos 198 7,26%
Osasco 76 2,79%
Cotia 66 2,42%
Itapecerica da Serra 62 2,27%
S. Bernardo do Campo 58 2,13%
Embu das Artes 52 1,91%
Juquitiba 51 1,87%
S. André 48 1,76%
Miracatu 47 1,72%
Praia Grande 42 1,54%
Carapicuíba 37 1,36%

 

Tipos de cargas mais visadas

As cargas de alimentos lideram o ranking das mercadorias mais visadas pelos criminosos, com 31,58% de todos os registros. Esse número indica que bens essenciais e de giro rápido — facilmente escoados no mercado informal — permanecem como o principal alvo das quadrilhas.

As cargas mistas (9,35%) ocupam a terceira posição, após ‘outros tipos’ – ou sem categoria específica. “Por envolverem mercadorias de diferentes naturezas no mesmo veículo, podem representar alvos mais ‘rentáveis’ para os criminosos, por agregarem produtos variados e de revenda fácil”, avalia Erivaldo Vieira.

Entre os produtos específicos, destacam-se os cigarros e fumo (7,74%) e as bebidas (5,36%), ambos tradicionalmente associados à alta demanda no comércio informal. Esses números reforçam a percepção de que criminosos priorizam mercadorias de consumo rápido, alta circulação e baixa rastreabilidade.

Itens mais especializados, como eletroeletrônicos (3,19%), autopeças (2,53%) e farmacêuticos (2,20%), aparecem em percentuais menores, mas não devem ser subestimados. Embora menos frequentes, esses produtos possuem maior valor agregado por unidade, podendo gerar prejuízos expressivos às empresas vítimas.

Já as áreas têxteis, de madeira/móveis e de produtos químicos (1,54%) apresentam ocorrência reduzida, possivelmente devido a características logísticas (menor transporte urbano, maior especialização) ou menor liquidez no mercado paralelo.

Cargas: Tipos de Bens Mais Roubados

Grupo Quantidade (QTDE) Percentual (QTDE %)
Alimentos 861 31,58%
Outros tipos 641 23,51%
Carga mista 255 9,35%
Cigarros/fumo 211 7,74%
Bebidas 146 5,36%
Eletroeletrônicos 87 3,19%
Metalúrgicos 76 2,79%
Autopeças 69 2,53%
Madeira/móveis 61 2,24%
Farmacêuticos 60 2,20%
Têxteis 57 2,09%
Químicos 42 1,54%
Total 2726 100,00%

 

Há uma maior incidência de eventos em cargas de menor valor unitário, embora com grande volume agregado. Aproximadamente 37,6% das ocorrências envolvem montantes de até R$ 20 mil. Por outro lado, também há registros relevantes de mercadorias com valores expressivos (entre R$ 200 mil e R$ 800 mil).

Dados sobre roubo de Carga no período de Janeiro a Agosto de 2025

Valor da Carga QTDE QTDE %
Sem Informação 488 17,90%
De R$ 10.001,00 a R$ 20 mil 455 16,69%
De R$ 5.001,00 a R$ 10 mil 321 11,78%
Até R$ 5.000,00 251 9,21%
De R$ 20.001,00 a R$ 30 mil 236 8,66%
De R$ 30.001,00 a R$ 40 mil 143 5,25%
De R$ 200.001,00 a R$ 400 mil 135 4,95%
De R$ 400.001,00 a R$ 50 mil 118 4,33%
De R$ 100.001,00 a R$ 150 mil 114 4,18%
De R$ 50.001,00 a R$ 60 mil 95 3,48%
De R$ 400.001,00 a R$ 800 mil 70 2,57%
De R$ 150.001,00 a R$ 200 mil 57 2,09%
Total 2.726 100,00%

 

Para o gerente do Grupo Tracker, os próximos meses “exigem uma postura proativa, tecnológica e estratégica. O foco passa a ser o reforço das ações preventivas, o monitoramento de alertas de risco com inteligência analítica e a resposta imediata a eventos suspeitos”, conclui Vitor Corrêa.

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